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sábado, 30 de março de 2019

Alimentação Natural Cozida Para Cães

Alimentação Natural Cozida Para Cães

Vantagens

Apela a paladares exigentes. Tem peludo que só aceita carnes, vísceras e legumes cozidos. É justificável. Comidinha cozida é mais saborosa e cheirosa!

Alguns pets não toleram bem ossos e carnes cruas. Cachorros com estômago ou intestino mais sensível tendem a se dar melhor com uma dieta sem ossos (não abrasiva) e cozida.

Algumas pessoas não se sentem confortáveis oferecendo carnes cruas. Se esse é o seu caso, não deixe esse detalhe te impedir de estender ao seu peludo os benefícios fantásticos dos alimentos naturais. Cozinhe tudo! Seu amigão receberá uma dieta anos-luz à frente da maioria das rações comerciais.

Não requer congelamento prévio em freezer. O cozimento destrói parasitos porventura presentes nas peças cruas, como cistos de tênias e o protozoário toxoplasma. É cozinhar e servir!


Desvantagens

Mais trabalhosa. Nesse modelo de dieta você cozinha tudo. Isso aumenta o trabalho que a dieta dá. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças, como você verá no material da dieta cozida. Questão de se organizar!

Carnes e vísceras cozidas rendem menos. O cozimento desidrata carnes, vísceras e peixes, rendendo porções menores. Como a pesagem dos alimentos é feita depois do cozimento, você precisará comprar uma quantidade maior de carnes, vísceras e peixes do que se fosse oferecer esses mesmos itens crus. Com isso a dieta acaba saindo um pouco mais cara.

Requer adição de cálcio. Não entram ossos nessa dieta; logo, você precisa suplementar cálcio. Há formas de fazer isso com sucesso, por exemplo, adicionando o suplemento vitamínico-mineral completo Food Dog às receitas.

Carnes muito cozidas são consideravelmente menos nutritivas. Carnes cruas ou mal passadas fornecem aminoácidos importantes como a carnitina e a taurina, benéficos ao coração. O cozimento excessivo destrói enzimas e grande parte da taurina, além de prejudicar outros elementos, como as vitaminas. Para seu peludo extrair o máximo de nutrientes da dieta cozida, cozinhe apenas levemente carnes, vísceras e peixes. Somente até a peça mudar de cor.

Posso variar entre os tipos de dieta ou devo escolher apenas uma?

É possível, sim. Eu mesma vario entre as três dependendo dos alimentos que tenho em casa. Meus cães são adeptos de Alimentação Natural crua com ossos desde 2008, mas num aperto preparo dieta cozida ou vou de AN crua sem ossos.

Eles aceitam numa boa essas mudanças bruscas, até curtem. Mas alguns cães de paladar muito exigente ou de estômago mais sensível podem não aceitar ou tolerar bem dietas com ossos ou com carnes cruas. E certos peludos bem habituados à AN crua com ossos podem começar a recusar a dieta se apresentados ao modelo cozido, que é mais saboroso.

Minha sugestão: levando em conta o jeitão do seu peludo e os prós e contras de cada dieta expostos acima comece pela AN que você acha que tem mais chances de sucesso. Há casos em que o cão nos obriga a mudar o modelo de dieta simplesmente porque deixa de aceitar a alimentação que vinha recebendo até então. Observei isso com alguns pacientes que pararam de querer a AN crua com ossos e o tutor não teve outra alternativa a não ser passar à dieta sem ossos ou à cozida.

Dieta Cozida para Cães

Indicada a cães saudáveis de todas as idades

Atenção

As informações publicadas neste livro são apresentadas com a melhor das intenções. Contudo, não podemos garantir resultados. São múltiplos os fatores que podem influenciar a saúde do seu cão ou gato e não temos controle sobre a qualidade dos ingredientes usados, como a dieta é preparada e o estado de saúde atual do seu pet.

Deste modo, não podemos nos responsabilizar por resultados diferentes dos desejados, incluindo (mas não limitado a) quaisquer prejuízos ou danos resultantes da tentativa de seguir informações contidas aqui.

O conteúdo deste site é apresentado unicamente para fins de informação e não substitui em absoluto a orientação de um médico-veterinário. Cada cão e gato é um indivíduo com histórico e particularidades únicas.

Antes de colocar em prática as sugestões deste site, consulte o médico-veterinário para verificar se seu pet se encontra apto a receber uma de nossas dietas. Uma dieta caseira balanceada é um pilar fundamental para a boa saúde. Mas não é o único. Tenha em mente que você sempre precisará contar com o acompanhamento do veterinário de sua confiança.

O que é Alimentação Natural cozida para cães

Alimentação Natural caseira para cães – também conhecida como AN cozida – é uma dieta caseira balanceada, cozida e sem ossos. Se elaborada corretamente, tal como informo aqui, atenderá plenamente os requerimentos nutricionais do seu amigão.

Trata-se de uma dieta com ótimos níveis de proteína animal de excelente qualidade, gorduras saudáveis na medida certa, carboidratos não inflamatórios de baixo a moderado índice glicêmico e enriquecida com legumes, verduras e hortaliças. AN cozida é hoje o modelo de dieta mais procurado pelos meus clientes, sendo recomendada por veterinários experientes em nutrição pet há décadas.

Alguns dos especialistas que recomendam AN cozida para cães estão citados abaixo. Vale a pena clicar nos links para conhecê-los. Muitos deles são autores de livros e/ou comandam sites excelentes. Baseei-me nas diretrizes postuladas por alguns desses profissionais para elaborar a AN cozida que você lê aqui (pois é, eu não inventei nada do que você encontra aqui).

Dra. Karen Becker
Dr. Richard Pitcairn
Dr. Ihor Basko
Dr. Lowell Ackermann

Dr. Martin Goldstein
Dr. Don Hamilton
Dr. Shawn Messonier
Ann Martin

Como o nome já diz, nesse modelo de AN os alimentos são cozidos. Também não entram ossos nessa AN, porque ossos só podem ser oferecidos com segurança se estiverem 100% crus. Contudo, a ausência de ossos na dieta não a torna menos balanceada ou deficiente. O cálcio, principal motivo da inclusão de ossos na AN crua com ossos, pode ser suprido de outras maneiras que você verá no segmento sobre suplementação.

A AN cozida é perfeita para cães de paladar exigente porque de todas as ANs do Cachorro Verde esta é a mais saborosa e cheirosa. Esse modelo de dieta também é excelente para tutores que não se sentem confortáveis com dietas contendo ossos e carnes cruas. Esse modelo de alimentação também pode ser mais adequado a peludos que têm o sistema gastrintestinal sensível, apresentando esporadicamente vômitos ou diarreias.


O que não é Alimentação Natural Cozida

Oferecer AN cozida definitivamente não é dar restos da nossa comida. E não é dar apenas frango, arroz branco e cenoura – esse tipo de “dieta” conduz a problemas de saúde por deficiências de nutrientes importantes, como vitaminas, minerais e ácidos graxos. Também não é preparar aquela “panelada-da-vovó” que tem tudo e mais um pouco, mas sem medida nem proporção.

E definitivamente não é modinha. Ora, desde os primórdios dividimos nossa alimentação com os cães. Ração, sim, é uma perspectiva muito mais recente!

Não é dieta caseira vegetariana, muito menos vegana. Embora seja possível alimentar cães sem carnes, acredito que esteja longe do ideal por motivos fisiológicos que detalho neste post, e por isso não recomendo nem trabalho com dietas vegetarianas ou veganas para cães. Cães evoluíram ao longo de milênios como predadores e continuaram consumindo carnes ao nosso lado desde sua domesticação, há pelo menos 15 mil anos. 

Eles simplesmente não possuem adaptações para assimilar bem uma dieta baseada em proteínas vegetais.
A AN cozida também não é uma dieta composta de metade ração e metade comida caseira. Embora essa prática até possa trazer sua cota de benefícios aos cães, é preciso saber muito bem que alimentos adicionar à ração e em que quantidade ou corre-se o risco de desequilibrar seriamente a fórmula da ração e acabar prejudicando o pet.

Ensinar você a apenas enriquecer a ração com alimentos naturais não é meu objetivo com o site Cachorro Verde. Você pode ir muito além disso. Pode substituir totalmente a ração industrialmente processada por uma dieta caseira saudável. Só assim, a meu ver, seu amigão colherá todos os frutos de uma dieta fresca e natural!

Por favor, adote a Alimentação Natural com responsabilidade ou nem comece.
Dietas caseiras ainda enfrentam preconceitos e resistência por parte de muitos veterinários pura e simplesmente porque algumas pessoas assumem a alimentação do pet sem critério algum. Sem estudar nada sobre o assunto. Por favor, não seja assim.

Não corra o risco de prejudicar seu peludo com uma dessas “dietas caseiras fantásticas, incrivelmente práticas e baratas” que circulam por aí. Falo muito sério.
Procure fazer tudo o que ensino aqui e do jeito como ensino aqui. É claro que, se preferir, você pode contar com o acompanhamento de um veterinário ou zootecnista experiente em elaboração de dietas caseiras para cães, ou ainda, se basear nas receitas de algum autor bem embasado.

Seja como for, obedeça às orientações propostas. Elas não existem por acaso. São elas que garantem uma nutrição balanceada, adequada e segura. Entre uma dieta caseira grosseiramente desbalanceada e uma ração, prefira sempre a ração. Por favor.


Benefícios

Por todas as questões que exponho com detalhes em meu artigo sobre fisiologia digestória de cães e gatos, nossos peludos se beneficiam tremendamente de receber uma dieta compatível com seu carnivorismo flexível. Veja abaixo de que maneiras seu amigão sairá ganhando ao trocar a ração por AN cozida.

Proteção ao sistema urinário e rins
Uma dieta caseira contém 7x mais água que a ração seca! Esse monte de água naturalmente embutida nos alimentos naturais poupa os rins e o sistema urinário porque mantém o animal hidratado. 

Ao passar a receber uma alimentação hidratada, muitos cães dão um susto na gente: reduzem drasticamente o consumo de água. Em alguns casos até param de beber completamente. Mas continuam produzindo xixis abundantes e muitas vezes mais clarinhos do que quando comiam ração e esvaziavam a tigela de água. Isso acontece porque a água presente na comida é muito melhor aproveitada pelo organismo, resultando inclusive em uma melhor digestão.

Fezes reduzidas, muito mais sequinhas e com odor discreto
Esse é uma das primeiras vantagens da AN a serem notadas. Por não apresentar o excesso de fibras grosseiras e carboidratos que compõem as rações convencionais, a AN apresenta um aproveitamento superior, gerando pouco resíduo para o corpo eliminar. Na prática isso significa um volume menor de cocô, menos fedido e mais sequinho. É a comprovação de que o seu peludo está recebendo o “combustível” certo.

Carga glicêmica menor

O lugar de carboidratos como milho, soja, trigo – ingredientes de baixo custo amplamente empregados por fabricantes de ração seca – definitivamente não é na vasilha do seu cachorro. A dieta natural do lobo é em grande parte carnívora, enriquecida com frutas, raízes, fezes de outros animais e gramíneas.

Ou seja: a dieta que a natureza preparou o cão para consumir é livre de carboidratos refinados e rica em proteína, tendo consequentemente uma baixa carga glicêmica.

Um cachorro alimentado com ração à base de grãos é mais predisposto a ficar gorducho porque esses alimentos têm uma carga glicêmica mais elevada. Ao ingerir uma dieta rica em carboidratos seu organismo secreta um monte de insulina, hormônio cujo excesso está relacionado a obesidade, diabetes, doenças inflamatórias e redução da expectativa de vida. 

Em contrapartida, uma dieta mais dentro dos moldes do que prescreve a natureza mantém a silhueta esbelta e musculosa muito mais facilmente e previne doenças. Esse é um dos segredos por trás do mundo de vantagens à saúde das ANs.

Minimização (e até resolução!) de transtornos causados por uma dieta inadequada
Sinceramente, como podemos esperar que um pet se mantenha saudável recebendo exclusivamente dieta seca, industrialmente processada e preparada com uma abundância de alimentos que ele jamais consumiria na natureza, como milho, trigo e soja? A verdade é que a maioria das rações são assim porque esses ingredientes têm custo baixo para os fabricantes. Não porque são saudáveis.

Acredito que muitas doenças que vemos nos pets hoje em dia são causadas ou agravadas pelo consumo prolongado de ração seca à base de grãos. Em meu artigo “Por que preferir dieta caseira à ração?” enumero diversos bons motivos para aposentar a ração. 

Como se não bastasse a falta de umidade e o excesso de carboidratos, há outros motivos para questionar as bolinhas marrons: a presença de alimentos transgênicos, conservantes e aditivos controversos e o risco do milho apresentar toxinas fúngicas altamente nocivas, conhecidas como micotoxinas.

As consequências de uma alimentação assim ao longo de meses e anos podem ser aparentemente leves, como queda de pelos crônica e gases, ou mais graves, como desgaste precoce dos rins, diarreias recorrentes, vômitos sem causa aparente, coceiras infernais, formação de cálculos urinários, obesidade, pancreatite e diabetes.

Felizmente é frequente ver a saúde do canino restaurada em pouco tempo quando a ração é substituída por uma dieta caseira fresca. Pelos mais brilhantes e macios, com queda reduzida, e menos “cheiro de cachorro”. Cães cronicamente cansados recuperando a disposição e jovialidade para brincadeiras e passeios. E muito mais!

Chega de brigar para ele comer

Cães naturalmente se interessam por comida caseira, frutas, cenouras, frango. Uma parcela enorme deles só come ração para não morrer de fome, apesar dos esforços dedicados de seus tutores que fingem comer a ração, trocam de marca, adicionam palatabilizantes comerciais e até esquentam as bolinhas no micro-ondas. A dieta caseira costuma pôr fim a esse martírio diário. Os múltiplos sabores, cheiros e texturas da AN fazem o pet comer feliz, raspar o prato e ainda pedir mais!

Desvantagens

Não são exatamente desvantagens, mas etapas no seu entendimento da Alimentação Natural Cozida.

Exige organização e disciplina

Assumir o papel de chef do pet exige um pouco de organização e disciplina. Dá para preparar as porções rapidamente e congelar por até 30 dias ou mais, o que agiliza tudo. 

Mas é preciso se organizar para periodicamente comprar, preparar os alimentos e montar as refeições usando sempre a balança digital de cozinha (só assim você tem a certeza de estar oferecendo comida na medida correta).

Também é imprescindível se comprometer a seguir as orientações para a dieta. A maior roubada é começar fazendo tudo certinho e depois ir “descambando”, deixando de pesar as refeições, oferecendo alimentos inapropriados ou fora de hora etc.
Assimilado esse alerta, relaxe.

O primeiro mês de preparo de AN pode ser um pouco tenso e conturbado, afinal, você está aprendendo um monte de coisas novas e adaptando a sua rotina. Se dê tempo. Você vai dar conta. A coisa eventualmente engrena e flui, você vai ver! Depois desse período inicial, muitos adeptos comentam comigo que todo o trabalho é mais do que recompensado diante da alegria do peludo em se alimentar e das transformações visíveis na saúde dele.

“Ele parece viver com fome!”

Comida caseira, em comparação com ração seca, é infinitamente mais saborosa. Isso pode dar a impressão que a AN não sustenta e que seu pet virou um morto de fome. Mas apetite (disposição para comer mais e mais e sempre) não é o mesmo que fome (necessidade fisiológica de se alimentar por déficit de nutrientes).

Pense na sua reação a um bolo de chocolate delicioso. Você come uma fatia e facilmente traçaria uma segunda. Não necessariamente porque está com fome, mas porque está muito gostoso. Com os pets é assim também.

Como eles não conseguem refrear a si próprios diante de algo que gostam, pelo bem da saúde deles cabe a nós colocar esse limite. Não existe volume aceitável de comida capaz de saciar um cão guloso sem resultar em obesidade. Lembre-se sempre disso.

Pedir comida também pode ser uma forma de chamar a sua atenção. Se seu amigão pede comida e recebe a recompensa esperada, ele entende que o “método” funcionou e passa a repetir a estratégia sempre que tem a chance.

Aumente o volume de comida servido diariamente somente se seu cão estiver perdendo peso e isso não for desejável. E não compense as refeições oferecendo mais petiscos à parte, como extras. Entupir o peludo de lanchinhos deixa o paladar seletivo (a famosa “barriga cheia”) e vai desbalancear a fórmula da AN.

Se seu cão está saudável e no peso ideal, a melhor dica ainda é resistir, ignorar sumariamente os pedidos. Pelo bem do canino exercite o que chamam em inglês de “tough love” (algo como “amor duro”) e restrinja a oferta de comida aos horários pré-estabelecidos. É o que dá mais certo!

Alguns cães podem não aceitar mais a ração

Depois de provar AN, uma parcela dos cães pode não aceitar mais voltar à ração seca. Outros que antes desprezavam sumariamente qualquer ração passam a encará-la com novos olhos ao serem reapresentados às bolinhas marrons depois de um tempo comendo 

Alimentação Natural. A ração passa a ser uma novidade momentaneamente interessante. Seja como for, quase sempre é possível voltar à ração num aperto. É só misturar algo irresistível aos grãos, como ração úmida de boa qualidade, carne moída cozida ou frango desfiado ou besuntar com um pouco de iogurte natural.

Disponibilidade de espaço no freezer ou congelador

(Felizmente) a dieta caseira não conta com conservantes e aditivos sintéticos e por isso precisa ser armazenada no freezer (melhor) ou congelador para não estragar.

Em geral, metade da capacidade do freezer de uma geladeira duplex é espaço suficiente para armazenar uns 15 dias de porções diárias de alimento para um cãozinho de 5kg. Mas se você mora com vários peludos, precisará se organizar para realizar a compra e a montagem de porções mais frequentemente, a cada 10 dias, por exemplo.

Ter em casa um freezer só para o pet ajuda muito. Um freezer pode armazenar porções para mais de 45 dias sem comprometer significativamente o valor nutricional dos alimentos e economiza bastante tempo, principalmente para quem tem múltiplos pets. Parece um grande investimento ($$), mas costumo brincar que em toda família alguém tem um freezer encostado, que pode ser adquirido por uma barganha.

Falta de suporte veterinário

Esta, a meu ver, é de longe uma das maiores dificuldades que o adepto brasileiro enfrenta ao optar por dieta caseira balanceada para seu pet. Poucas coisas são mais frustrantes do que ligar contente para o veterinário e, ao contar da dieta e de como seu peludo está bem e feliz, receber um silêncio desaprovador seguido de um sermão com ladainhas ultrapassadas como “nenhuma dieta caseira fornece os nutrientes que seu animal necessita e blá blá blá” – gigantesco mito, por sinal.

Leia meu artigo “a AN fornece mesmo tudo o que meu pet precisa?” A gente é encarado como tudo: louco, irresponsável, humanizador de animais, desocupado, excêntrico e coisa até pior. Infelizmente, faz parte. 

Como tudo na vida, novidades (ainda que alimentar pets com comida caseira remonte literalmente à época das cavernas…) intimidam algumas pessoas.
A medicina opera dentro de um sistema conservador que tende a rejeitar o que foge à regra. Leia o artigo “Veterinários x Alimentação Natural” e descubra outros fatore$$ que motivam fortemente essa rejeição. No mesmo artigo há sugestão de materiais sobre 

Alimentação Natural caseira que você pode repassar ao seu veterinário para convidá-lo a aprender sobre o assunto. Se ele continuar irredutível, paciência. Sugestão: procure um profissional que respeite seu direito de optar pela AN para seu amiguinho.

De qualquer maneira, não se deixe abater pela desaprovação inicial. Saiba que:

Praticamente todas as modalidades consagradas de dietas caseiras foram desenvolvidas por médicos-veterinários.

Não existe unanimidade em nada no que diz respeito à ciência e medicina. É inclusive saudável haver pontos de vistas diferentes.

AN veio pra ficar! De 2008 para cá, quando criamos esse site, temos visto mais e mais veterinários brasileiros abertos às dietas naturais.

Tem mais de um cão? Alimente-os separadamente

Quem já assistiu no Animal Planet uma matilha de lobos em volta da presa, viu que rosnados e às vezes dentadas fazem parte da dinâmica. Pelos mesmos motivos oferecer comida a um grupo de cães sem separá-los individualmente não é boa ideia. Comida é a coisa mais importante na vida de um cão – depois de você, é claro rs.

Defina diferentes lugares da casa para servir a vasilha de cada animal ou alimente um por vez, separadamente. Mesmo porque há peludos que engolem a refeição com pressa para afanar a comida do colega que mastiga com calma. Previna esse bullying alimentar que pode resultar em brigas e desbalanços nutricionais, além de transtornos por ansiedade.

Quer mais um motivo pra separar a galera na hora da refeição? Futuramente você pode precisar adotar uma dieta diferente para um dos seus cachorros. Ficará muito mais fácil evitar que ele coma a comida dos outros e vice-versa se você acostumá-lo desde sempre a comer separado dos demais. Uma vez estabelecido o hábito, é só manter.

Indicações da AN Cozida para cães

AN cozida é uma dieta balanceada e completa, indicada, portanto, a cachorros de qualquer idade (desde que já tenham sido desmamados) e qualquer raça. O fato de não conter ossos facilita a oferta da dieta mesmo a nenéns de apenas 50 dias, recém-desmamados, e a senhorzinhos desdentados.

Qualquer peludo comprovadamente saudável pode receber AN cozida. Já os pets portadores de quadros crônicos podem requerer dieta especiais, com restrições e adições que auxiliam no controle da doença. Na dúvida, consulte sempre o veterinário do seu amigão.

Se depois de um check- up completo ele achar que seu peludo está apto a receber uma dieta adequada a cães saudáveis, vá em frente.
Mas se alguma alteração importante for diagnosticada, não desanime: é perfeitamente possível adotar uma dieta caseira terapêutica.

Para isso você poder contar com um veterinário ou zootecnista especialista ou experiente em elaboração de dietas especiais para doentes crônicos. Posso te ajudar com isso, se tiver interesse.

Contraindicações da AN cozida para cães

AN cozida da forma como ensino aqui no Cachorro Verde não é indicada para casos de:

Diabetes
Doença hepática (incluindo shunt portossistêmico)
Doença renal crônica ou aguda
Cálculos (“pedras”) urinários
Doença cardíaca
Gastrite (vômitos crônicos)
Enterite ou colite (inflamação intestinal que causa alteração frequente das fezes)
Pancreatite
Insuficiência pancreática exócrina

Também não recomendo iniciar uma mudança de alimentação se o cão estiver muito debilitado por qualquer motivo, a não ser que o veterinário dele concorde e que a transição seja gradativa. Aja sempre com bom senso.

Quanto servir de AN por dia

Cães adultos

Existem várias formas de descobrir quanta comida servir por dia a um cão. Esta, a meu ver, é a mais fácil delas. Faça o cálculo com base no peso corpóreo do seu pet. Seguindo esse método um cão adulto deve receber por dia de 3 a 10% do seu peso ideal em alimentos
diariamente. “Caramba, mas por que esse intervalo tão grande – de 3 a 10%? Como, afinal, vou saber quanto servir de comida para meu cachorro?” é o que você naturalmente deve estar pensando.

O intervalo é grande propositalmente, porque há vários fatores a se considerar. Fatores que influenciam diretamente a necessidade de servir mais ou menos comida para o peludo.
Acompanhe comigo.

Porte

Cães miudinhos – os de porte miniatura e pequeno – requerem mais
alimentos proporcionalmente ao seu peso que os maiores. Isso porque têm o metabolismo mais acelerado. Atendo pacientes Chihuahuas adultos que chegam a comer 8 a 10% de seu peso em AN por dia. Em contrapartida, meus pacientes gigantes costumam ficar bem comendo 3% de seu peso corpóreo saudável.

Veja como as porcentagens médias que sugiro para portes diferentes refletem essa diferença:

Porte miniatura até 3kg: 7-10% do peso corpóreo. Logo, um Chihuahua que pesa 2kg vai receber 160 gramas de AN por dia, o que equivale a 8% do peso dele.

Porte miniatura pesando entre 3 e 5kg: 5 a 6% do peso corpóreo. Logo, um Maltês que pesa 3,5kg vai receber 210g de AN por dia, o que equivale a 6% do peso dele.

Porte pequeno entre 5 e 10kg: 4 a 6% do peso corpóreo. Logo, um Dachshund (“salsicha”) que pesa 7kg vai receber 350 gramas de AN por dia, o que equivale a 5% do peso dele.

Porte médio, entre 10 a 25kg: 4 a 5% do peso corpóreo. Logo, um Cocker Spaniel Inglês que pesa 13kg vai receber 650 gramas de AN por dia, o que equivale a 5% do peso dele.

Porte grande entre 25 a 35kg: 4 a 5% do peso corpóreo. Logo, um Boxer que pesa 27kg vai receber 1kg de AN por dia, o que equivale a 4% do seu peso corpóreo.

Porte grande entre 35kg a 42kg: 3 a 4% do peso corpóreo. Logo, um Golden Retriever que pesa 36kg vai receber 1.4kg de AN por dia, o que equivale a 4% do seu peso corpóreo.

Porte gigante (de 42kg para cima): 3 a 4% do peso corpóreo. Logo, um Dogue Alemão que pesa 70kg vai receber 2.1kg de AN por dia, o que equivale a 3% do seu peso corpóreo.

Observação importante: o cálculo deve ser feito em cima do peso ideal do seu peludo. Não em cima do peso gordo ou magro demais dele. Por exemplo, se o seu Labrador está pesando 30kg mas deveria pesar 26kg, faça o cálculo sobre o peso que ele deveria ter (26kg) e não sobre o peso que ele tem (30kg). Vale o mesmo se seu amigão estiver mais magrinho do que o desejável.

Raça

Há raças com tendência a ganhar peso e existem raças com dificuldade para engordar. Dentre as raças propensas a ganhar uns quilinhos extras eu destacaria:
Spitz Alemão (o Lulu da Pomerânia)
Dachshund (ou Teckel)
Pug
Beagle
Basset Hound
Retriever do Labrador

Não é regra, claro, mas uma parcela enorme de cães das raças acima mantêm mais facilmente o peso quando recebem a porcentagem mínima indicada para seu porte. Atendo Pugs que não podem receber mais de 3% de seu peso em AN, taditos, ou ficam roliços.

E há os “magros de ruim” do mundo canino:

Boxer
 Border Collie
Boston Terrier
Buldogue Francês
Dobermann
Esses cães frequentemente requerem uma porcentagem elevada de seu peso em AN por dia. Peludos excepcionalmente ativos, como Borders, Boxers, Bostons e Dobermanns – ou muito musculosos, como os buldogues franceses – podem começar recebendo 5% do peso, com perspectiva de subir para 6%.


Idade

Abordarei com detalhes o cálculo para filhotes a seguir. Por enquanto, vamos falar sobre cães jovens adultos, adultos, de meia idade e idosos. Cachorros jovens adultos e adultos têm o metabolism mais ativo e em geral requerem uma porcentagem mais elevada do que os de meia idade.

Ao contrário do que muita gente pensa, cães idosos podem requerer mais alimentos que cães de meia idade. Isso porque nessa fase da vida cai um pouco a capacidade do organismo de aproveitar os nutrientes, o que aumenta o requerimento de certos elementos, como a proteína, para prevenir o desgaste muscular que acompanha o envelhecimento.

Assim sendo, um beagle de 12 meses (jovem adulto) pode receber 5% do seu peso corpóreo, depois passar a 4,5% aos 2 anos (adulto), descer para 3,5% com 5 anos (meia idade) e voltar a 4 ou 4,5% aos 12 anos (idoso).

Status reprodutivo

Não é regra, é claro, mas a castração pode predispor ao ganho de peso. A queda na circulação de hormônios sexuais aumenta o apetite em alguns indivíduos e torna o metabolismo de outros um pouco mais lento. 

Portanto, recomendo aumentar um pouco a porcentagem usada para calcular a dieta de cães intactos (não castrados) e reduzir um pouco a porcentagem no caso dos esterilizados. 

Em geral 0,5% a mais ou a menos já faz uma grande diferença.
Se seu peludo será submetido à castração, sugiro adotar uma porcentagem 0,5% menor para prevenir ganho de peso.

Grau de atividade física

Esse é um ponto dos mais importantes. Cachorros que não param quietos, atletas, nadadores, que correm ao lado do tutor, os que frequentam creche canina e participam de todas as atividades precisam de mais calorias. Não tenha receio de aumentar a % para esse grupo.

Conheço Borders agiliteiros que recebem 7% do seu peso corpóreo em AN. É bastante comida! Se o total de alimentos assustar, simplesmente divida em três ou quatro pequenas refeições dentro da sua disponibilidade de servi-las.

Clima

No auge do verão o corpo pede menos comida por bons motivos fiosiológicos que explico neste post. O oposto acontece nos meses frios, quando o organismo exige mais calorias para manter a temperatura corporal estável. Assim sendo, tudo bem reduzir um pouco a porcentagem calculada de alimentos no verão e aumentar um pouco durante o inverno.


Cães filhotes

Filhotes estão em fase de intenso desenvolvimento ósseo, muscular, visceral, neurológico. A duração desse período varia de raça para raça (ou de porte para porte no caso dos cães sem raça definida). Enquanto cães de porte pequeno concluem o desenvolvimento físico por volta dos 12 meses, os de porte grande e gigante ainda são filhotões nessa idade.

Seja como for, filhotes comem bastante em relação ao seu peso corpóreo, chegando a receber até 10% de seu peso em alimentos por dia. A porcentagem empregada para o cálculo vai reduzindo à medida que eles crescem. Por isso recomendo recalcular a
porcentagem mensalmente até o peludo completar seu desenvolvimento.

Veja abaixo minhas sugestões de porcentagens médias para filhotes de portes diferentes: Obs: o cálculo é feito sobre o peso atual do filhote. Ou seja, o peso que ele tem nesse momento. Não calcule sobre o peso que ele terá quando adulto.

Filhotes que quando adultos terão porte pequeno (5kg a 10kg):

2 a 4 meses de idade: por volta de 10%
4 a 6 meses de idade: por volta de 8%
6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
10 meses em diante: por volta de 4 a 6%

Filhotes que quando adultos terão porte grande (25 a 35kg):

2 a 4 meses de idade: por volta de 8%
4 a 6 meses de idade: por volta de 7%
⦁ 6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
10 a 18 meses de idade: por volta de 4 a 5%
18 meses em diante: por volta de 4 a 5%

Filhotes que quando adultos terão porte médio (10-25kg):

2 a 4 meses de idade: por volta de 10%
4 a 6 meses de idade: por volta de 8%
6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
10 a 18 meses: por volta de 4 a 6%
18 meses em diante: por volta de 4 a 5%

Filhotes que quando adultos terão porte gigante (acima de 35kg):

2 a 4 meses de idade: por volta de 8%
4 a 6 meses de idade: por volta de 7%
6 a 8 meses de idade: por volta de 6%
8 a 10 meses de idade: por volta de 5%
10 a 14 meses: por volta de 4 a 5%
18 a 24 meses: por volta de 4%
24 meses em diante: 3 a 4%

Importante: filhotes devem crescer esbeltos

Muita gente acha que filhotes gorduchinhos são ainda mais adoráveis. Mas o sobrepeso é muito prejudicial para um corpo em desenvolvimento. Estudos apontam que alimentar excessivamente um filhote aumenta o risco dele se tornar um adulto obeso, o que patrocina doenças mil, de diabetes a artrose.

O potencial para prejuízo é ainda maior em se tratando de filhotes de porte grande e gigante. Os grandões devem crescer num ritmo “devagar e sempre” ao longo de 18 a 24 meses, sem estirões.

A ingestão excessiva de calorias estimula o crescimento dos ossos, mas a musculatura, ligamentos e tendões não acompanham. Desse descompasso surgem deformidades osteoarticulares permanentes e agravo de doenças geralmente determinadas pela genética, como a displasia de quadril e de cotovelo.

Não se preocupe com a velocidade do crescimento, mas com a qualidade dele. Se estiver recebendo uma dieta balanceada e em quantidade adequada, seu filhote se desenvolverá plenamente no tempo dele. Talvez ele não seja o filhote da pracinha que mais cresceu desde a semana passada, mas não ligue pra isso. Para raças grandes e gigantes um crescimento lento e contínuo é o desejável para ter um adulto de esqueleto saudável lá na frente.

Por isso, olho vivo na silhueta do filhote! Verifique sinais de depósito de gordura, como o sumiço de uma cintura discernível (observe-o de cima) e dificuldade de sentir as costelas com uma leve pressão dos dedos ao percorrer as laterais do corpo dele. Filhote sem sinal de cintura e com costelinhas difíceis de palpar provavelmente está acima do peso.

Como fazer o cálculo usando calculadora
Faça os cálculos você mesmo. Qualquer calculadora serve, até as mais simplinhas, de celular.

A fórmula é:
Passo-a-passo:

Digite na calculadora o peso do cão (ex: 12kg)
Aperte a tecla de multiplicação (x)
Digite o número da porcentagem (ex: 4%)
Aperte a tecla igual (=)
Converta o resultado de decimal para número inteiro jogando o número antes da vírgula para o final
Na prática, 12x 4% = 0,48 ou 480 gramas

Logo, 480 gramas é o que devo oferecer de Alimentação Natural caseira por dia, fracionados, por exemplo, em duas refeições de 240 gramas cada.

Ajuste a quantidade oferecida de AN conforme a necessidade. Cada indivíduo tem um metabolismo único e por isso as orientações acima são apenas médias. Pode ser que seu peludo precise de mais ou menos comida do que o que indico.

Comece adotando a porcentagem sugerida para o perfil do seu cão e observe como ele fica no decorrer de duas a quatro semanas. Ele emagreceu e isso não era desejável? Aumente 0,5% e observe.

Passaram-se duas semanas e nada dele dar uma encorpada? Suba 1%. Faça o oposto se ele engordou e isso não era desejável.
Importante: apetite não é um bom termômetro – cães estão sempre dispostos a comer o que gostam.

Atente para a silhueta dele. Pets no peso saudável geralmente exibem uma cintura quando observados de cima e as costelas podem ser sentidas com uma leve pressão dos dedos, uma a uma. A perda dessas referências pode indicar que seu amigão está acima do peso. Guie-se pelas figuras abaixo.

Quantas refeições ao dia

Filhotes

Para filhotes entre 2 e 4 meses de idade sirva entre 3 e 4 refeições por dia. Dos 4 aos 6 meses sirva 3 refeições. Dos 6 meses em diante, tudo bem servir 2 refeições diárias.

Adultos

A maioria dos cães adultos se dá bem com duas porções de alimentos por dia. Com raras exceções, cães adultos saudáveis não entram em hipoglicemia se ficam sem comer por várias horas. Na natureza lobos, chacais e coiotes não se dão o luxo de comer todos os dias.

Caçar dá um trabalhão e esses animais frequentemente passam dias sem comer nada. Alguns estudiosos de Alimentação Natural até recomendam instituir um dia por semana de jejum de sólidos a cães adultos e saudáveis. Eles afirmam que o jejum desintoxica e fortalece o organismo.

Alguns cães adultos, entretanto, se dão melhor com o total de alimentos fracionado em três ou quatro pequenas refeições ao longo do dia. É o caso dos cães de estômago sensível que vomitam espuminha ou bile (líquido de coloração amarelo-esverdeada) pela manhã ou de madrugada. Observo com alguma frequência esse tipo de sintoma – chamado vomito bilioso – nas raças Westie, Lhasa, Maltês e Shih Tzu.

Muitas vezes é possível controlar esses vômitos apenas com a introdução de uma terceira refeição cedinho, ou antes do pet dormir. O trato digestório desses cães não aguenta passar muitas horas sem digerir nada.

Uma só refeição ao dia?

Não costuma ser recomendável oferecer uma única porção de alimentos no dia para o cão. Imagine-se diante de um prato contendo seu café-da-manhã, seu almoço e seu jantar, tudo junto. É muita comida! A digestão certamente será trabalhosa, te deixando sonolento e “empachado”.

Entretanto, lobos comem o quanto aguentam de uma vez e parecem não passar mal. E nem precisamos ir tão longe. Muitos criadores alimentam seus cães adultos uma única vez e os bichos parecem plenamente adaptados a isso.

A ingestão de um monte de ração seca aumenta o risco de torção gástrica, uma condição perigosa em que o estômago distendido por gases gira sobre o próprio eixo, torcendo vasos sanguíneos. Felizmente com Alimentação Natural essa ameaça é consideravelmente menor, uma vez que a comida caseira é menos fermentável e tem uma digestão mais fácil e rápida.

Pessoalmente, ainda acho mais seguro fracionar o total diário em duas refeições. Mas se você alimenta seu cão uma única vez ao dia e ele parece bem adaptado, provavelmente não há problema manter essa conduta…

Formulação da AN Cozida para Cães

Complementos obrigatórios

Um suplemento polivitamínico-mineral completo

Óleo vegetal de boa qualidade (azeite de oliva extra virgem, óleo de linhaça ou óleo de côco)
Complementos opcionais

Óleo de peixe (ômegas-3) em cápsulas de 500mg ou de 1g
Uma pitada de sal integral
Iogurte natural integral, coalhada natural integral ou kefir
Alho fresco picadinho

A formulação e composição da dieta é a mesma para filhotes, adultos e idosos?
Vamos pensar sobre o modelo da natureza. Independentemente da idade, todos os lobos desmamados comem o mesmo alimento: presas. Não existem presas especiais para filhotes e para lobos idosos.

Podemos concluir, então, que uma dieta equilibrada é indicada a qualquer faixa etária. Cães de todas as idades se beneficiam com teores adequados de proteína de ótima biodisponibilidade, gorduras saudáveis, fibras etc.

Se estivermos falando de filhotes saudáveis, adultos saudáveis e idosos saudáveis, o que muda é basicamente a quantidade oferecida por dia, o número de refeições servidas e os níveis de cálcio da dieta.

Idade avançada não é sinônimo de doença. Conheço cães de 15 anos com rins mais saudáveis que alguns peludos de apenas 2 anos com rins doentes de nascença. Restringir proteína ou gordura da dieta de um pet saudável não prevenirá danos ao rim e fígado e, o que é pior: poderá conduzir a outros problemas, principalmente porque com a idade o organismo não aproveita tão bem elementos como proteína e gordura.

Todo pet deve ser examinado pelo veterinário regularmente. Para os idosos, check-ups periódicos, por exemplo, semestrais, têm um peso ainda maior. Se o seu amigão velhinho está comprovadamente bem, ótimo. Ele continua apto a receber uma dieta biologicamente adequada a um cachorro saudável. 

Em contrapartida, se um problema de saúde for identificado, poderão ser necessários ajustes na dieta para torná-la coerente com essa nova fase da vida dele. Nesse caso, procure a orientação de um veterinário ou zootecnista com experiência em formulação de dietas caseiras terapêuticas para cães. (Posso te ajudar com isso, se quiser.)

Até 2013, o site indicava uma formulação diferente, com mais proteína e menos carboidratos. Por que mudou?

Portanto, 5 categorias de alimentos compõem a dieta: carnes desossadas (onde entram também ovos e peixes), vísceras, vegetais, carboidratos e complementos. Vamos entender a seguir a importância de cada uma dessas categorias na dieta e as opções de alimentos que você pode usar dentro de cada uma.

Importante:

Carnes desossadas

Carnes fornecem predominantemente proteína, mas também vitaminas, ácidos graxos e minerais. Ovos e peixes entram nessa categoria, contribuindo com uma infinidade de outros elementos valiosos.

Pode não parecer, mas seu peludo é um carnívoro oportunista – ou um onívoro com tendências carnívoras. O cão descende do lobo e compartilha com essa espécie 99,9% do seu DNA mitocondrial, sendo inclusive capaz de acasalar com um lobo e gerar descendentes férteis.

E lobos, embora também devorem frutas, raízes e gramíneas, se alimentam predominantemente de presas.

Ao contrário de nós, que somos onívoros clássicos, os cães não conseguem aproveitar tão bem proteínas de origem vegetal. A proteína do ovo é 91% assimilada pelo organismo deles, enquanto a carne de músculo animal chega a 71% de aproveitamento. As proteínas de soja e a do glúten de trigo, por sua vez, são 56% e 37% aproveitadas*, respectivamente. 

O coeficiente de proteína que não é assimilado pelo corpo é eliminado, sobrecarregando os rins. Então, simplesmente não é verdade que uma dieta baseada em proteínas vegetais previne doença renal em cães. Muito pelo contrário.

Não há como enfatizar o bastante a importância de fontes de proteína animal de alto valor biológico – ovos, carnes, peixes – para a saúde dos cães.
Na Alimentação Natural cozida, algumas vísceras são oferecidas como se fossem carnes. 

São elas: moela, língua, coração e bucho. Essas peças são musculosas, se assemelhando mais a carnes que a miúdos como o fígado ou rim. E ainda têm a vantagem de serem mais em conta que carnes como músculo, peito de frango etc.
Carnes desossadas representam 30% do total de alimentos da Alimentação Natural cozida para cães.

Fontes de proteína animal adequadas

 Qualquer carne que não seja muito gordurosa é aceitável.

Frango: peito, coxa desossada, moela, coraçãozinho sem a gordura e sobrecoxa desossada

Porco: lombo suíno, filé mignon suíno e coração sem gordura
Boi: músculo, lagarto, patinho, coxão mole, bucho, coxão duro e coração sem gordura
Ovos: de galinha, pata, codorna, perua (gema e clara)
Cabrito: qualquer corte magro
Carne de rã (é magrinha)
Carne de codorna
Carne de coelho (é magrinho)
Filé de peixe (detalharei opções a seguir)

Como preparar?

Não é recomendável lavar as carnes, salvo em caso de sujeira aparente. Lavar a carne leva partículas da superfície para dentro dela. Não cozinhe até ficarem bem passadas. Cozinhe as carnes apenas moderadamente (ao ponto), deixando o miolo rosado; ou, melhor ainda, deixe-as mal passadas. Carnes bem passadas são difíceis de digerir, menos nutritivas e podem formar compostos cancerígenos.

As carnes podem ser cozidas no vapor, podem ser assadas, grelhadas ou cozidas em panela com pouca água. Mas não as frite usando óleo. Também não recomendo cozinhar os alimentos usando forno de micro-ondas nem panela de pressão. Ambos cozinham violentamente e acarretam importante perda de nutrientes.

Se usar uma panela com água só para cozinhar a carne, aproveite a água para cozinhar depois os legumes nessa mesma água. É uma forma de incorporar os minerais, vitaminas e o cheiro e o gostinho da carne (que os cães adoram!) nos vegetais.

Deixar ou não a pele nos cortes de frango?

A pele de peças como peito, coxa desossada e sobrecoxa desossada de frango concentra ácidos graxos valiosos, como o araquidônico, uma gordura saudável. Minha sugestão: tudo bem deixar a pele se seu peludo for jovem, ativo, não estiver gordo e não sofrer de vômitos frequentes (gastrite), doenças no fígado ou no pâncreas (pancreatite).

Carnes muito gordurosas

Carne de cordeiro, de pato, salmão, pernil suíno, carne de costela, língua bovina e cupim são bastante gordurosas. Omita da dieta de cães que apresentam gastrite (vômitos), problemas no fígado, pâncreas ou que estão acima do peso.
Há outras carnes, como acém, coxa e sobrecoxa desossada, que também são gordurosas e devem ser oferecidas com moderação a cães com as sensibilidades descritas acima.

Coração, uma carne que não pode faltar na dieta

Se vivesse na natureza, seu cão beberia o sangue de suas presas. Soa macabro, eu sei, mas é verdade. Sangue é rico em aminoácidos e minerais, como ferro e sódio.
Nós não temos condições de oferecer sangue aos pets. Primeiro, porque seria nojento, mas, principalmente, porque o sangue é drenado no momento do abate dos animais de produção e destinado a outros propósitos.

(Ao contrário do que muitos pensam, aquela aguinha avermelhada que a carne solta ao descongelar não é sangue. É apenas água e elementos como hemoglobina liberados de células rompidas pelo processo de congelar-descongelar a carne.)

É aí que entra o coração. Essa câmara musculosa onde o sangue é bombeado fornece proteína, ferro, vitaminas e elementos valiosíssimos para a saúde dos olhos e do próprio coração do cão, como a coenzima Q10 e os aminoácidos L-taurina e L-carnitina. Incluir coração na AN cozida algumas vezes por semana é uma forma de repor os nutrientes que o sangue ofertaria.

Costuma ter ótimo preço e pode ser de qualquer espécie: frango, boi, porco, cordeiro, cabrito, peru, pato etc. Mas descarte a gordura, deixando só o “músculo” da peça.

Peixes

Pescados são super densos em nutrientes. Sua proteína costuma ter excelente aproveitamento pelo organismo, da ordem de 83%. Peixes como a sardinha e a cavalinha costumam ser enfaticamente recomendados por experts em AN como inclusões na dieta pelo menos uma vez por semana. Consultando o teor de nutrientes desses peixes, não é difícil entender o porquê de tantos elogios.

Em apenas 30g de sardinha encontramos os seguintes nutrientes:

Quase 7g de proteína, mais que no peito de frango e carne vermelha.

30UI de vitamina A, importante para a pele, imunidade e saúde dos olhos.

2.5mcg de vitamina B12, 4x mais que o acém.

111mg de potássio, mineral amigo da saúde cardiovascular.

414mg de ácidos graxos ômegas-3 EPA e DHA, que estão na moda por seus atributos anti- inflamatórios e antialérgicos.

0.8mg de ferro, 6x mais que o peito de frango.

Quase 15mcg de selênio, um mineral que ajuda a desintoxicar o fígado, fortalece a imunidade e que é fundamental para a glândula tiroide.

Quase 11mg de magnésio, o dobro do encontrado no fígado, mineral importante para a saúde do coração e para regular o humor.
Vamos combinar que não dá pra deixar os peixes de fora da dieta do seu peludo, né?

Quais peixes podem ser oferecidos?

Se estivermos falando de oferta do peixe inteiro, com escamas, vísceras e espinha, prefira sempre peixes pequenos, de até um palmo ou menores. Caso das sardinhas pequenas, cavalinhas menores, manjubas, lambaris, trilha. Sendo menores, esses peixes têm espinhas molinhas e curtas, seguras para deglutição.

Costumo servir para meus cães peixes completos inteiros ou cortados em pedaços – eles adoram! Tenho cães de porte médio e grande, mas mesmo minha Teckel de apenas 4,5kg, a Maya, come peixes com espinha, escamas, cabeça e nadadeiras e nunca engasgou (clique aqui para assistir a um vídeo curtinho dela devorando uma refeição de sardinha.)

Sempre que o pet aceita, indico oferecer peixes completinhos (vísceras, cabeça etc), por serem raras as oportunidades de fornecermos a eles presas inteiras, em sua harmonia natural de tecidos e nutrientes.

Se você tem receio do seu cachorro não curtir peixe com tudo ou se engasgar com as espinhas, é melhor comprar somente o filé (ou posta), limpinho, sem as espinhas.

Ao optar por servir somente o filé, qualquer espécie de peixe é adequada. Algumas espécies mais populares incluem: anchovas (a natural, não a de lata), sardinhas, cavalinhas, trilha, bacalhau (não aquele branco, salgado), pescada, merluza (também conhecida como polaca do Alasca), truta, salmão, saint peter (ou tilápia), peixe porquinho, manjuba, tambaqui, linguado, abadejo, namorado e corvina. “Algumas” porque você certamente encontrará dezenas de espécies de peixes em peixarias, feiras-livres e mercados.

Como preparar?

Cozinhe os filés ou peixes inteiros moderadamente – já será o suficiente para destruir parasitos
– em panela com pouca água, em assadeira, em grelha, em frigideira (não frite, apenas “grelhe” na própria água do peixe ou em um pouquinho de manteiga ou óleo de coco). Não use margarina (é fonte de gorduras trans) nem óleos como soja, milho, canola ou girassol – são gorduras inflamatórias, prejudiciais à saúde.

Se optar por cozinhar o peixe em panela a vapor, eis uma dica para reduzir o cheiro de peixe na sua cozinha: compre um limão, corte-o ao meio e deixe uma metade junto com o peixe (na cestinha destacável da panela) e coloque a outra metade na água, no fundo da panela. Isso neutralizará o odor em 70 a 80%!
Não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de microondas nem panela de pressão.

Quais são os peixes que fornecem ômegas-3?

Ômegas-3 DHA e EPA são ácidos graxos (gorduras) super do bem, que modulam quadros inflamatórios, combatem alergias, protegem a pele, a saúde do cérebro e do coração, dentre uma infinidade (mesmo!) de benefícios. Muitos alimentos fornecem outro ômega, o da série 6. Mas são relativamente poucos os alimentos que concentram ômegas da série 3.

O camarãozinho microscópico krill e os peixes marinhos oriundos de águas geladas e profundas são boas fontes desse lipídeo – caso do arenque, da anchova, da sardinha, da cavalinha, do atum e do salmão.

Mas é importante ressaltar que somente o salmão selvagem, aquele pescado no oceano, tem ômegas-3. Infelizmente o “salmão” que encontramos à venda no Brasil pode ser oriundo de cativeiro.

No seu habitat natural, o salmão se alimenta de camarõezinhos, o que lhe rende o pigmento rosado da sua carne e os preciosos ômegas-3. Em contrapartida, o salmão de cativeiro come ração de milho e soja – que não se convertem em ômegas-3 e tampouco no tom róseo da carne. Nosso salmão é tratado com corantes pra ficar rosado.
É importante ressaltar que o ômega-3 de fontes vegetais, como sementes de chia, linhaça e castanhas, não é tão bem assimilado pelo organismo do cão.

Peixes a evitar

Nem todo peixe pode ser oferecido regularmente aos pets. Peixes predadores de grande porte, que vivem vidas longas e são pescados mais velhos apresentam maior contaminação por metais pesados, como chumbo, arsênico e mercúrio, além de outros poluentes.

Essas toxinas se acumulam facilmente num corpo menor como o do cão e causam sérios prejuízos à imunidade, sistema neurológico e endocrinológico, além de aumentarem o risco de câncer.

Por isso evite peixões marinhos como o cação, o espada e o atum. Se
fizer muita questão de oferecer atum ao seu cão, procure restringir a oferta a uma vez no mês.

Frescos x congelados x enlatados

O bom senso já nos diz, né? Peixe fresco é melhor que congelado. Mas caso você more em uma região onde não é fácil encontrar peixe fresco, vá de congelado mesmo.

E peixe enlatado? Bem, provavelmente não vai fazer mal oferecer ocasionalmente um pouco de atum ou de sardinha em lata. Eu costumo manter em casa como quebra-galho para quando acaba a carne e não dá pra sair pra comprar.

Prefira sardinha conservada em azeite de oliva, porque óleos de soja e milho podem causar alergias nos pets. Em relação ao atum, prefira o tipo conservado em água. Mas descarte o líquido, é lotado de sal.

Ovos

Seu amigão pode receber na dieta ovos de galinha, codorna, pata, perua etc. A proteína do ovo é a mais bem aproveitada que existe. Ponto final. É em relação a ela que todas as outras proteínas são comparadas. Sua digestibilidade chega a 99%, gerando virtualmente zero resíduo para o rim eliminar.

O ovo ainda é repleto de vitaminas, dentre elas a colina, fundamental para o bom funcionamento do cérebro, coração e membranas celulares. A fosfatidilcolina presente na gema previne acúmulo de colesterol e gorduras no fígado, além de barrar elementos tóxicos.

Também é excelente para os olhos: contém luteína e zeaxantina, antioxidantes que previnem a degeneração macular. Ovo é fonte do mineral selênio (que protege o fígado, ativa a tiroide e fortalece a imunidade) e fornece vitaminas do complexo B. Contém ainda enxofre, que favorece unhas e pelos mais bonitos e fortes – e de crescimento mais rápido!

E o colesterol?

Não despreze a gema, ofereça o ovo completo (gema e clara). Não se preocupe com colesterol. Níveis elevados de colesterol em pets são incomuns e quando aparecem, geralmente são consequência de algum problema de saúde, não da dieta.

Cães e gatos são sortudos, eles não sofrem de acúmulo de placas nas artérias. Isso porque metabolizam gordura diferentemente de nós. Você nunca ouviu falar de um cão ou gato que tenha passado por uma cirurgia para colocação de ponte de safena, não é verdade?

Como preparar ovos?

Cozinhe o ovo em panela com água até que a clara esteja dura (de 5 minutos). Mas, se possível, deixe a gema mais mole – assim é mais nutritiva. Não haverá risco de transmissão de salmonela, essa bactéria fica na clara e é destruída pelo cozimento.
Guarde a casca para fazer farinha de casca de ovos, uma fonte de cálcio que pode ser usada na dieta caseira do seu pet (mais informações no segmento sobre fontes de cálcio).

Convencionais ou orgânicos?

Se puder comprar ovos orgânicos ou de galinhas criadas soltas (ovos caipiras), melhor. Eles são mais nutritivos e contêm menos toxinas.
Se ovos orgânicos ou de galinhas criadas soltas estiverem fora do seu orçamento, compre ovos convencionais. O que não vale é deixá-los faltar na dieta.

Como incluir ovos na dieta?

O ovo de galinha pesa em média 50 gramas, e o de codorna, 11 gramas. Uma a duas vezes por semana, simplesmente substitua 50g da porção de carnes do total diário seu peludo por 1 ovo de galinha cozido. Se a porção diária de carnes dele não chega a 50g, use ovo de codorna.

Exemplos:

Se seu cão recebe 100g de carne na refeição, simplesmente substitua 50g de carne por 1 ovo de galinha cozido. Essa refeição vai ficar assim: 50g de carne + 1 ovo cozido. Faça isso uma ou duas vezes por semana.

Se você tem um cãozinho que recebe 25g de carne em cada uma das refeições, troque a porção de carne de cada refeição por meio ovo cozido, uma a duas vezes por semana. O ovo pode substituir parcialmente ou totalmente a porção de carnes da dieta.

Se seu cão recebe 20g de carne ou menos em cada refeição, use ovos de codorna para fazer a substituição. Cada ovinho cozido desses pesa em média 11g.

Se você tem um cão de porte grande ou gigante, tudo bem usar até dois ovos de galinha por refeição. Em geral, não há problema incluir ovos com maior frequência na dieta, por exemplo, três vezes por semana.

Vísceras

Também conhecidas como miúdos ou órgãos, essas peças são uma indispensável reserva de vitaminas e minerais para carnívoros como o seu cão. A presença diária de um pouco de vísceras na dieta previne e corrige deficiências nutricionais e faz as vezes dos órgãos da presa que o seu predador de estimação abateria na natureza.

Eu sei que a maioria de nós considera vísceras nada apetitosas. Mas não deixe de oferecê-las só porque você não as comeria ou por achar que as carnes já fornecem esses nutrientes. Não é verdade, carnes são infinitamente mais pobres que as vísceras.

Uma pequena quantidade de vísceras diariamente na dieta é fundamental para garantir o sucesso da AN. Lembre-se: o corpo não produz minerais, eles precisam obrigatoriamente vir da alimentação.

Como vimos anteriormente no item “carnes”, algumas peças, como língua, moela, coração e bucho não são consideradas vísceras, mas carnes, por serem musculosas.

As vísceras representam 5% do total de alimentos. Mas acredite: esses 5% de miúdos na dieta costumam ser o bastante. Abusar de vísceras pode acarretar diarreia e até problemas de saúde por excesso de vitaminas.

Consideramos como sendo vísceras os seguintes órgãos, de qualquer animal:

Fígado de qualquer animal (os mais fáceis de encontrar são o de frango e o de boi, mas há quem ache de porco)

Rim
Baço (conhecido vulgarmente como “passarinha”)
Pulmão (ou “bofe”)
Cérebro (o “miolo”)
Pâncreas (infelizmente é super difícil de encontrar)

Fígado

Costumo chamar o fígado de “rei das vísceras”, porque ele é o item mais importante dessa categoria. Se você não comprar outras vísceras por falta de disponibilidade (ou por nojo) e tiver que escolher apenas uma víscera, escolha o fígado e pelo menos varie entre o bovino e o de frango.

Fígado é simplesmente a fonte mais concentrada que existe de vitamina A (a saúde dos olhos, pele e a imunidade agradecem!), mas também fornece vitaminas C, D, E, K, os minerais selênio, manganês, zinco e ferro, além de conter todas as vitaminas do complexo B, em especial B2, B3, B5, biotina, ácido fólico, B12, colina e inositol. Quer mais? Fígado é uma proteína de excelente qualidade e ainda apresenta um pouco de ácidos graxos ômegas-3 e 6.

Não se deixe levar por alegações de que fígado é obrigatoriamente um alimento contaminado, cheio de toxinas. Sinceramente? Ao riscar o fígado do cardápio, quem sai perdendo é o seu peludo. Há muito mais excelentes razões para inclui-lo na dieta que para omiti-lo.

Não há motivos para desconfiar de fígado de boa procedência, comprado em um estabelecimento onde você compraria alimentos para você e para a sua família. Antes do abate, os animais de produção são submetidos a um rigoroso jejum de sólidos e durante esse período é proibido administrar a eles qualquer medicamento. Essa conduta favorece a desintoxicação de resíduos, purificando também o fígado do animal.

E veja que interessante: comer fígado ajuda no combate a toxinas. Isso porque fígado contêm doses generosas de vitaminas do complexo B e selênio, elementos que participam da desintoxicação do organismo.

Desde 2008 ofereço regularmente fígado de boa procedência aos meus pets, com resultados fantásticos. Monitoro a saúde deles com exames semestrais e até hoje nenhum deles exibiu nenhum sinal de intoxicação ou de dano hepático ou renal.

Mas não fico só no fígado como víscera; na vasilha dos meus pets também entra baço, pulmão, cérebro e rim.
Se ainda assim você tem receio de oferecer esse miúdo, saiba que pode comprar fígado de frango criado em sistema livre de antibióticos ou orgânico (um exemplo seria o da marca Korin).

Outras vísceras

Nutricionalmente, o rim é bastante similar ao fígado, com bons níveis de ácidos graxos, vitaminas como a A, D, E e K, além de zinco, ferro, todas as vitaminas do complexo B e, claro, proteína. Uma vantagem sobre o fígado é o preço, muito mais baixo. Isso faz do rim uma víscera interessante a quem tem muitos pets ou cães de porte grande.

Pulmão (ou bofe) é super baratinho, mas dentre todas as vísceras, é a mais pobre em nutrientes. Mesmo assim, costumo inclui-lo em pequena quantidade na dieta dos meus pets porque ele é rico em vitamina C e contém uma substância chamada surfactante, benéfica ao sistema respiratório.

Pouca gente sabe disso, mas o baço apresenta nove vezes mais ferro que o fígado! Isso porque ele na verdade é uma polpa de glóbulos vermelhos. Também costuma ter um preço ótimo. Conhecido vulgarmente como “passarinha”, esse órgão fornece ainda potássio, selênio e magnésio, além de proteína, em quantidades apreciáveis.

Cérebro, ou “miolo”, é uma excelente fonte de glicose, vitamina C, vitamina B12, niacina, selênio e é riquíssimo em ômegas-3 DHA e EPA, gorduras do bem que protegem justamente o cérebro.
Pâncreas e intestino (conhecido em inglês como green tripe) infelizmente são difíceis de encontrar.

O pâncreas reúne um universo de enzimas que ajudam a digerir melhor os alimentos, otimizando o aproveitamento dos nutrientes e prevenindo gastrite, diarreia e até alergias (sim, existe uma importante relação entre má digestão e reações alérgicas).
Intestino, a víscera mais nojenta de todas, é o segundo miúdo mais nutritivo depois do fígado. O duro é encontrá-lo. Fora do Brasil, o green tripe pode ser comprado até pela Internet.

E é importante que esteja integral, “sujinho”, com um pouco de fezes da vaca. Porque aí é certeza que contém fibras (pasto digerido), enzimas e trilhões de bactérias saudáveis, tornando o intestino um importante probiótico.

(Re)lembrando que peças como língua, bucho, coração e moela não contam como vísceras, mas como carnes (ver o parágrafo sobre carnes). Eu tenho uma regrinha para memorizar e distinguir uma categoria da outra. É melequento, viscoso? Então é víscera. Rim, miolo, pulmão e fígado são assim. Parece carne? Conta como carne. Moela, língua e coração têm aparência de bife.

Como preparar?

Lembre-se: as vísceras devem ser cozidas separadamente das carnes. São categorias diferentes de alimentos da dieta e serão pesados separadamente depois de cozidos.
Não devem ser bem passadas.

Cozinhe-as moderadamente (ao ponto), deixando o miolo rosado; ou melhor ainda, deixe-as mal passadas. Vísceras bem passadas são mais difíceis de digerir, menos nutritivas e podem até formar compostos cancerígenos.

Vísceras podem ser cozidas no vapor, podem ser assadas, grelhadas ou cozidas em panela com pouca água. Se usar panela com água para cozinhar as vísceras, aproveite a água para cozinhar depois os legumes nessa mesma água e reincorporar elementos valiosos perdidos na água. Não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de microondas nem panela de pressão.

Vegetais

Na natureza lobos comem frutas, raízes, uma parte dos vegetais em processo de digestão no estômago e intestino das presas e mordiscam graminhas – hábito que nossos cães mantêm até hoje.

O consumo de matéria vegetal fornece fibras solúveis e insolúveis que auxiliam no trânsito 
intestinal, prevenindo constipação. Além disso, legumes, hortaliças, frutas e verduras contribuem com vitaminas, minerais e fitonutrientes – é o caso de antioxidantes como os carotenóides e flavonóides que combatem doenças degenerativas, como o câncer, e previnem o envelhecimento. Vegetais na AN cozida para cães representam 30% da dieta.

Você pode incluir uma ampla variedade de vegetais na dieta do seu peludo. Contudo, há algumas regrinhas a seguir para algumas famílias de vegetais.

 Vegetais sem restrição

Itens que podem ser oferecidos até diariamente:

Folhas: agrião, catalonia, salsão, alface, acelga, rúcula, folhas de beterraba, folhas de cenoura, salsinha, salsa e manjericão.

Quiabo

Pimentões (prefira os vermelhos e amarelos, são mais nutritivos e fáceis de digerir que os verdes. Não precisa retirar a pele, mas remova as sementinhas)

Chuchu (não precisa descascar)
⦁ Alcachofra
Pepino
Aspargos
Palmito pupunha ou palmito açaí
Ervilha-torta (também conhecida como “orelha de padre”)
Vagem macarrão
Tomate (não precisa retirar as sementinhas ou a pele)
Talos de salsão
Cenoura
⦁ Abóbora de qualquer tipo (também conhecida como jerimum)
Beterraba
Berinjela
Jiló
Brotos germinados de alfafa, trevo, feijão ou brócolis
Algas (nori, akame, kombu etc)

Quer uma dica? Capriche nas folhas. Elas são incrivelmente densas em nutrientes. Associe regularmente folhas picadinhas (cruas ou cozidas, mas sempre bem picadinhas) aos legumes do seu amigão.

Eles costumam gostar e as folhas ainda ajudam a manter o intestino em ordem. Se preferir, pode refogá-las em um pouquinho de manteiga sem sal e alho picadinho (não use cebola, é tóxica para os cães). Meus cães são fãs de couve, salsão, rúcula e comem bem até mesmo agrião e espinafre.

Espinafre

Que esse verdinho é uma superpotência em termos de nutrientes, todo mundo que cresceu assistindo Popeye sabe. O que pouca gente sabe é que ele concentra quantidades enormes de um elemento chamado ácido oxálico, que pode favorecer a formação de cristais e cálculos (“pedras”) de ácido oxálico em indivíduos geneticamente predispostos a isso e que consomem espinafre com muita regularidade.

Minha dica é oferecê-lo uma vez por semana, cortado fininho (picado ou triturado) e cozido em água com panela descoberta. Depois descarte a água do cozimento do espinafre. Esses cuidados reduzem a concentração de ácido oxálico.

Vegetais a evitar

Cebola: é tóxica para cães, causando uma grave anemia.

Soja: não é uma fonte de proteína adequada a carnívoros e está associada a desbalanços hormonais e alergias em cães e gatos.

Milho: está associado a alergias em cães e gatos.

Evite também combinar na mesma receita vegetais que fermentam, como brócolis, couve-flor e repolho. Ou seu pobre peludo poderá virar um saco-de-puns e sofrer com dor abdominal.

Cão com dor nas articulações? Maneire nas solanáceas!

Existe uma família de legumes conhecida como solanáceas. Fazem parte dela o jiló, os pimentões, a berinjela, o nabo, o tomate, o pepino e a batata branca. Alguns estudiosos têm contraindicado os vegetais dessa família a indivíduos (humanos e animais) que sofrem de doenças inflamatórias, principalmente ortopédicas, como artrite ou artrose. Eles alegam que esses legumes concentram alcaloides que podem agravar as dores do quadro. Mas tudo bem mantê-los no cardápio de caninos saudáveis.

Vegetais frescos x congelados x enlatados

O bom senso já diz, né? Frescos são sempre mais nutritivos. Mas é útil ter em casa alguns pacotes de legumes cortadinhos congelados, tipo seleta, e deixar no freezer para imprevistos. Eles resistem por meses. Legumes enlatados, em contrapartida, não são uma boa alternativa: costumam ser lotados de sódio e podem conter aditivos controversos, como conservantes e reguladores de acidez.

Como preparar?

De maneira geral, legumes e verduras podem ser oferecidos com ou sem casca. Lave bem os legumes e verduras se for prepará-los com a casca.

Corte legumes e verduras em cubinhos ou rodelas e cozinhe em panela a vapor, assados em assadeira ou em panela com água. Cozinhe até ficarem tenros; nem muito moles, nem duros. O cozimento excessivo acarreta perda de nutrientes.

Folhas também podem ser cozidas no vapor, em pouca água ou assadas.
Não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de microondas nem panela de pressão.

Carboidratos

Carboidratos representam 35% da Alimentação Natural cozida para cães e fornecem energia (amido), fibras, minerais, vitaminas e fitoquímicos interessantes. Os carboidratos presentes na nossa AN não são como os empregados pela maioria das rações secas – subprodutos baratos e inflamatórios de milho transgênico, soja e trigo. 

Nada disso. Na AN cozida do Cachorro Verde entram tubérculos bacanas e/ou grãos, cereais e leguminosas variados e nobres, com muito a contribuir.
Vejamos abaixo todas as opções que podem integrar o cardápio do seu pet.

Tubérculos (raízes)

Mandioquinha – também conhecida como batata-baroa ou batata- salsa, concentra vitaminas B e C e é fácil de digerir.
Inhame – é um ótimo depurador do sangue, mandando embora toxinas.
Cará – estimula a fertilidade e depura o organismo
Batata-doce roxa e branca – reforça a imunidade e é fonte de vitamina A
Batata yacón – contém inulina, fibra funcional que reduz as taxas de açúcar no sangue. É adocicada (lembra uma fruta) e pode ser consumida crua ou cozida.
Mandioca (macaxeira ou aipim) – boa fonte de potássio, cálcio e vitaminas do complexo B.

Grãos, cereais e leguminosas

⦁ Arroz integral ou parboilizado
Aveia em flocos (sempre cozida)
Quinoa
Painço
Cevadinha
Lentilha
Feijões de qualquer variedade
Ervilha
Grão-de-bico

Tubérculos ou grãos – qual é o melhor grupo de carboidratos?

Pessoalmente, prefiro usar e abusar dos tubérculos. As raízes não contêm glúten, são fáceis de digerir e são familiares aos cães, dado que lobos as consomem em situações de escassez de alimentos. Preferir carboidratos de tubérculos no lugar dos grãos torna a dieta mais biologicamente adequada à fisiologia canina.

Grãos, cereais e leguminosas também fornecem uma vasta riqueza de vitaminas, minerais e fitonutrientes, além de fibras. Mas exigem mais do trato digestório de nossos carnívoros de estimação, que não evoluíram para consumir esse tipo de alimentos.

Alguns deles, caso da aveia, centeio e cavada, contêm glúten, uma proteína que pode desencadear alergias ou problemas intestinais em pets predispostos.
Os grãos e cereais de digestão mais tranquila costumam ser o arroz parboilizado ou integral e a quinoa. As leguminosas – ervilha, grão-de- bico, lentilha e feijões – podem causar transtornos como cólicas por gases e fezes amolecidas se não forem preparados da forma correta (dicas a seguir).

Faça o teste e veja o que funciona melhor para o seu amigão. Alguns cães parecem digerir grãos, cereais e leguminosas sem dificuldades. Outros só ficam bem com arroz e quinoa. Não há problema combinar tubérculos e grãos na mesma receita ou refeição (exemplo: metade inhame e metade arroz parboilizado, ou metade mandioquinha e metade arroz com quinoa).

Carboidratos a oferecer com moderação:

Arroz branco – por ser refinado, é pobre em nutrientes como fibras e vitaminas do complexo B e tem um índice glicêmico mais elevado. Em outras palavras, faz as taxas de açúcar no sangue subirem e é mais engordativo. Mas é uma boa opção para convalescentes, debilitados e para remediar quadros agudos de diarreia e vômitos porque não fermenta e tem alta digestibilidade.

Batata inglesa (comum) – é como o arroz. Mais pobre em nutrientes em relação aos outros tubérculos, mas pode ser oferecida ocasionalmente. Possui alta digestibilidade, sendo outra ótima opção para pets doentes e com transtornos gastrintestinais.

Arroz negro e arroz sete grãos – são ótimos alimentos, densos em nutrientes, mas não bem digeridos pelos cães. Mesmo quando deixados de molho e cozidos até ficarem molinhos, costumam sair inteiros nas fezes.

Carboidratos não recomendados:

Milho e seus derivados (polenta, maisena) – é alergênico para muitos cães e quase sempre é transgênico.

Soja e seus derivados – alergênica para muitos cães, sua ingestão frequente pode interferir com a regulação hormonal.

Trigo e triguilho – alergênicos para muitos cães.

Macarrão – trigo é alergênico para cães. Mas se a massa for de quinoa, grão de bico ou arroz, tudo bem oferecer.

Pão – em geral contém muito açúcar, sódio e é feito com farinhas refinadas de trigo, patrocinando obesidade, aumento da glicose no sangue e da pressão arterial – além de aderir aos dentes.


E o tal do glúten?

Discussões sobre o glúten estão em alta e também são válidas para nossos pets. Essa proteína encontrada em grande quantidade no trigo (tanto integral quanto refinado), centeio, triguilho, cevada, cevadinha e até aveia pode desencadear sintomas óbvios de intolerância – diarreia, vômito – ou mais vagos, como dores nas articulações, queda de pelos, coceira e gases. Se seu peludo tem histórico de alergia e problemas gastrintestinais, ou mesmo qualquer outra doença inflamatória, convém evitar toda essa turma.

Como preparar

Com os tubérculos não tem muito segredo. Costumo deixar até mesmo a casca do inhame e do cará para meus cães, porque cascas concentram nutrientes. Mas, se preferir, descarte as cascas. Lave as raízes bem, corte em quadradinhos e cozinhe em panela a vapor, panela com pouca água ou asse no forno.

Se for oferecer batata inglesa (comum) com a casca, prefira cozinhar em panela com água e descarte a água. É que a casca da batata concentra um alcalóide chamado solanina, que pode fazer mal à saúde, e que é destruído quando é fervido em água.

Grãos, cereais e leguminosas são melhor digeridos pelos cães e geram menos gases se forem deixados de molho antes de serem cozidos. Similar ao que se recomenda fazer com feijões. O objetivo dessa prática é reduzir os teores de antinutrientes – elementos que atrapalham a digestão – como o ácido fítico. Leia mais sobre os benefícios da pré-fermentação de grãos nesse ótimo artigo escrito pela culinarista funcional Pat Feldman.

Funciona assim: coloque os grãos em uma cuba de vidro e cubra-os com água morna. Adicione algumas gotas de soro de iogurte ou de limão para dar um empurrãozinho ao processo de fermentação. Mantenha arroz, aveia em flocos, painço, cevadinha e quinoa de molho por doze horas. Depois é só descartar essa água e cozinhar como de costume. Você verá que o cozimento ocorrerá super rapidamente e os grãos ficarão mais molinhos e inchados, o que é ótimo.

Em relação às leguminosas – feijões, lentilhas, grão-de-bico e ervilhas – aumente o tempo de molho para 18 ou 24h, descartando a água e adicionando água morna nova a cada 10-12h, com mais gotinhas de limão ou soro de iogurte. É normal e esperado juntar um monte de espuma sobre os grãos – é a fermentação acontecendo.

Depois descarte a água, cozinhe normalmente e, 30 minutos depois, troque a água da panela por outra. Esses cuidados reduzem enormemente a fermentação que gera gases e desconforto durante a digestão desses alimentos.

Se não puder deixar os grãos de molho antes de prepará-los, tudo bem. Cozinhe-os bem, até ficarem molinhos e sirva. Mas podendo pré-fermentá-los antes do cozimento, será muito melhor. O único grão que dispensa o molho é o arroz branco, que não é fermentativo. 

Esse você pode sempre cozinhar direto.
Mais uma vez, não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de microondas nem panela de pressão.

Ervas e especiarias

Temperinhos como alecrim e salsinha fazem muito mais que apenas saborizar e perfumar as refeições. Eles contribuem com antioxidantes importantes e com fitonutrientes capazes de desintoxicar o fígado, estimular a imunidade, afinar a bile, abrir o apetite, proteger contra fungos e estabilizar as taxas de açúcar no sangue. Mais opções seguem abaixo:

Salsinha
Alecrim
  Estragão
Tomilho
Orégano
Dill / Endro
Manjericão
Sálvia
Hortelã
Canela
Açafrão-da-terra (cúrcuma)
Gengibre fresco ralado

Frescos e picadinhos – ou ralados – na hora são mais nutritivos, mas você pode usar a versão desidratada à venda em supermercados, principalmente se a intenção for adicionar aroma e sabor às refeições. Acrescente uma pitada durante o cozimento dos vegetais ou na hora de servir a uma das refeições.

Não recomendo usar o mesmo temperinho diariamente por um período prolongado. As ervas têm propriedades medicinais e podem interagir com compostos da dieta e medicações. O ideal é variar os verdinhos!
E se seu cachorro não curtir, esqueça. São completamente opcionais.

Frutas

Elas são deliciosas e nutritivas! São inúmeras as opções de frutas para complementar a porção de vegetais da dieta ou serem oferecidas à parte, como lanche ou petisco: blueberries (mirtilo), maçã sem sementes (as sementes contêm ácido cianídrico, uma substância tóxica), pêra sem sementes, pêssego (sem caroço), polpa de abacate (a polpa não é tóxica, mas a casca é), ameixa, banana, melancia, melão, goiaba, morango, mamão, kiwi, laranja, mexerica, abacaxi, romã, acerola, pitanga, caqui, jabuticaba, romã, figo, damasco, framboesa, manga (sem caroço), etc.

Somente duas frutas devem ser riscadas do cardápio do seu pet: as uvas (incluindo passas) e a carambola. Ambas podem prejudicar os rins dos cães e gatos.

Mesmo as cítricas podem ser oferecidas, desde que com moderação. O pH do suco gástrico do cão é extremamente ácido, por volta de 1.0. O que é acidez para um estômago já mega ácido? De qualquer maneira, use o bom senso. Se seu peludo passou mal logo após ingerir um pedaço de fruta cítrica ou depois de comer uma refeição preparada com fruta cítrica, não ofereça mais.

Se quiser, você pode incluir um pouco de frutas na porção de legumes e verduras da dieta. Só não substitua totalmente os legumes por frutas. Elas contêm açúcar, que, combinado com a proteína das carnes e um pH estomacal super ácido, pode emperrar a digestão.

Frutas podem ser oferecidas com casca ou pele ou não – como seu amigão preferir. Minha Golden Retriever, a Corah, adora casca de banana. As cascas que restrinjo são a do maracujá, a do abacate (que contém uma toxina) e do melão e melancia.

Se optar por oferecer frutas como lanche, não as deixe ultrapassar a quantidade máxima recomendada de petiscos, que é de 10 a 15% a mais do total de alimentos oferecidos no dia. Por exemplo, se seu cão recebe 500g de AN por dia, você pode oferecer a ele 50g a 75g à parte de frutas como petisco. Mais que isso interfere no balanceamento da
dieta e fornece açúcar (frutose) em excesso. Mesmo que o seu canino seja tarado por frutas, não abuse da quantidade.

Atenção

Complementos

Toda e qualquer dieta requer adição de alguns complementos. Até mesmo as mais bem preparadas, com ingredientes selecionados de excelente qualidade. Complementos são indispensáveis por vários motivos:

Eles devolvem à dieta nutrientes mais difíceis de encontrar em alta concentração nos alimentos, como magnésio, vitamina D, vitamina E e iodo, ou que são perdidos durante o cozimento (vitaminas C e do complexo B), congelamento e descongelamento dos alimentos.

Por melhor que seja uma dieta caseira, ela é sempre inferior à alimentação que seu cão teria na natureza. No ambiente natural, presas e predadores vivem em condições ideais e o cão selvagem consome todos os tecidos da presa, incluindo partes nutritivas que não servimos como ossos, sangue, intestinos e glândulas.

Assim como você, seu cachorro está exposto aos danos oxidativos do estresse e dos insultos ambientais – poluição, ácaros, toxinas, pesticidas, agrotóxicos, contaminantes na água, resíduos de medicamentos, vacinas etc. A ingestão regular de alimentos funcionais capazes de modular quadros inflamatórios e estimular as defesas naturais do organismo o ajudam a se defender de tudo isso.

Por todos esses motivos, não deixe de incluir os complementos na dieta do seu cão. Eles são uma categoria indispensável da AN e garantem que seu peludo esteja recebendo tudo o que precisa para viver com saúde.
Na AN cozida para cães há complementos obrigatórios e opcionais. Veja-os abaixo:

Complementos obrigatórios

Suplemento vitamínico-mineral completo
Óleo vegetal de boa qualidade (azeite de oliva extravirgem, óleo de linhaça ou óleo de côco)

Complementos opcionais

Óleo de peixe (ômegas-3) em cápsulas de 500mg ou de 1g
Iogurte natural integral, coalhada natural integral ou kefir
Sal integral
Alho fresco picadinho

A quantidade de cada complemento a servir diariamente será informada nos próximos parágrafos. Agora vamos entender em detalhes por que cada um desses complementos merece espaço na dieta do seu peludo.

Suplemento vitamínico-mineral completo

Até 2016 eu não conhecia um suplemento brasileiro para cães que fosse completo quanto a vitaminas e minerais e que não contivesse ingredientes transgênicos e/ou conservantes controversos, como BHT e BHA. Por esse motivo, indicávamos a associação entre uma fonte de cálcio (farinha de cascas de ovos ou cálcio manipulado em farmácia) e uma fonte de minerais e vitaminas do complexo B (levedo de cerveja).

Óleo vegetal

 As opções dentro desta categoria são o azeite de oliva extra virgem, o óleo de côco e o óleo de linhaça. Tudo bem escolher somente um, embora variar dois ou os três óleos seja sempre a opção que me agrada mais.

O azeite de oliva é um clássico da gastronomia mediterrânea, notória por promover a longevidade, e contribui com ômegas 9, vitaminas E e K, polifenóis (que combatem os temidos radicais livres), além de ser intensamente anti-inflamatório e prevenir constipação. Prefira sempre a versão extra virgem em garrafa de vidro escurecida.

Óleo de côco também mantém o intestino funcionando bem, além de combater fungos e turbinar a imunidade graças ao seu ácido láurico, e conferir brilho e maciez incríveis à pelagem.

Por fim, o óleo de linhaça em garrafa escura de vidro fornece um pouco de ômegas 3 e 6 vegetais, contribui para pelos e unhas mais fortes e mantém os olhos bem lubrificados.
Se possível, alterne os três óleos – um por dia, por exemplo.

A dosagem de óleo vegetal de boa qualidade na dieta é a seguinte para cães de:

até 5kg de peso: 1 colherinha de café em 1 das refeições diárias.
5 a 15kg de peso: 1 colher de chá em 1 das refeições diárias
15 a 25kg: 1 colher de sobremesa em 1 das refeições diárias
25 a 35kg: 1 colher de sopa em 1 das refeições diárias
35kg ou mais: 1 ½ colher de sopa em 1 das refeições ou 2 colheres de sopa

Óleo de peixe em cápsulas – opcional

É uma das principais fontes de ômegas-3 DHA e EPA, gorduras que combatem alergias e inflamações, reduzem o colesterol e o triglicérides, e protegem a pele, coração e os vasos sanguíneos. É especialmente benéfica a filhotes e idosos por turbinar o sistema imunológico e o desempenho cognitivo. Além de ajudar na prevenção de doenças, incluir cápsulas de óleo de peixe na alimentação equilibra os ácidos graxos (ômegas-3 e ômegas-6) da dieta.

(Atenção: óleo de peixe não é a mesma coisa que óleo de fígado de bacalhau. O óleo de fígado de bacalhau fornece doses elevadas de vitaminas A e D e é indicado para prevenção ou combate do raquitismo.)

A dosagem de manutenção que sugiro para cães saudáveis de até 15kg de peso é uma cápsula de 500mg três vezes por semana, juntamente com uma das refeições diárias. E para cães com mais de 15kg, sugiro uma cápsula de 1g três vezes por semana. Compre ômegas-3 de óleo de krill (um camarãozinho microscópico) ou de peixe (mais fácil de encontrar) em farmácias humanas, pet shops (há cápsulas específicas para pets) e em lojas de produtos naturais. Para melhores resultados, mantenha o frasco na geladeira.

A maioria dos cães topa comer a cápsula gelatinosa se você enterrá-la na refeição dele. Mas, se seu peludo for esperto e desprezar a cápsula, corte a pontinha dela com uma tesoura, despeje o conteúdo em uma das refeições, misture e imediatamente sirva – pra não dar tempo do óleo oxidar.

Omita o óleo de peixe da dieta caso seu pet seja alérgico a peixe. Suspenda também em caso de anemia, antes e logo depois de cirurgias e se o pet estiver fazendo uso de medicações que interferem na coagulação (como ciclosporinas e aspirinas), porque o óleo de peixe tem propriedades que afinam o sangue.

Obs: peixes como sardinhas e cavalinhas in natura ou mesmo enlatadas são fontes fantásticas de ômegas-3 em seu estado natural. Se puder oferecê-las duas vezes por semana, regularmente, você pode até desconsiderar minha sugestão para suplementação com óleo de peixe em cápsulas.

Sal integral – opcional

Por incrível que pareça, o sódio é fundamental para o equilíbrio da pressão arterial, dos sais minerais no organismo e para a saúde dos rins. Dietas caseiras já costumam conter sódio em quantidade adequada naturalmente, mesmo que você não adicione sal ao alimento. Isso, porque o sódio está naturalmente presente em carnes e vísceras. Por esse motivo, dizemos que o acréscimo de sal à dieta para fornecimento de sódio é opcional.

Mas, se quiser adicionar uma pitadinha de algum sal integral ao cozimento dos alimentos ou a uma das refeições na hora de servir não só não fará mal como adicionará diminutas quantidades de minerais-traço interessantes à dieta, como molibdênio, boro e vanádio.

Os melhores sais são o Sal Cinza de Guérande, o Sal Marinho e a Flor do Sal. O Rosa do Himalaia também pode ser usado. São sais não refinados (ou seja, integrais) que naturalmente contêm dezenas de minerais difíceis de achar em outros alimentos, além de sódio. Você encontra esses sais especiais em supermercados, lojas de produtos naturais e lojas na Internet.

Valem o investimento, porque duram muuuuuuito tempo. Se não quiser/puder usar esses sais, não precisa usar sal comum de cozinha, a não ser que o seu objetivo seja tornar a dieta mais palatável para cães de paladar muito exigente.
A dosagem é uma pitadinha em uma das refeições diárias ou uma pitada “normal” no preparo dos alimentos.

Iogurte natural integral, coalhada ou kefir – opcional

 Alimentos lacto-fermentados fornecem boas bactérias, como as do gênero bifidobacterium, os famosos lactobacilos. Essas bactérias saudáveis colonizam o intestino e lá melhoram a digestão, sintetizam vitaminas, modulam quadros inflamatórios e defendem o hospedeiro de infecção por bactérias patogênicas, as “do mal”. 

Essas bactérias boazinhas recebem o nome de probiótico e o imenso bem que elas fazem à saúde é um dos tópicos de pesquisa mais quentes da atualidade.
Kefir são grânulos compostos por bactérias e leveduras usados na
produção de uma versão mais “power” do iogurte comum.

Leia mais sobre esse super complemento probiótico nesse ótimo blog. Kefir não se vende (embora possa ser adquirido em sites como o Mercado Livre), se doa. Há fóruns específicos na internet para localização de doadores de grânulos.

Coalhada natural ou iogurte integral são outras opções interessantes de alimentos com efeitos probióticos. Podem ser preparados em casa ou comprados em supermercados. 

Escolha produtos com a composição mais simples possível, esses são os melhores. Idealmente, iogurte e coalhada são compostos somente por leite e cultura láctea (as bactérias que transformam leite em iogurte ou coalhada). Fuja de produtos coloridos ou com adição de amido, açúcar, geleias, conservantes etc. Prefira integrais a desnatados, esses últimos em geral contêm mais sódio e açúcares.

Você sabia que é possível preparar iogurte em casa? Confira essa receita da culinarista Pat Feldman ou, ainda, compre sachês de cultura láctea, como o Bio Rich e prepare um super iogurte. Uma vez abertos, iogurte e coalhada podem ser mantidos em geladeira por até uma semana, desde que acondicionados em uma embalagem tampada.

A dosagem diária de iogurte, kefir ou coalhada na dieta é a seguinte para cães de:

até 5kg: 1 colher de chá
5kg -10kg:1 colher de sobremesa
10-20kg: 1 ½ colher de sobremesa
20-35kg: 1 colher de sopa a 1 ½ colher de sopa
35kg+: 2 colheres de sopa

Ofereça em uma das refeições ou à parte, como lanche, diariamente. Não é necessário (e na verdade nem indicado) adoçar.

Alho – opcional

Sim, é verdade que o alho consumido em excesso pode causar gases e causar anemia nos cães. Mas é só cuidar da dose que essa planta bulbosa traz um mundo de benefícios com muita segurança: combate e previne o câncer e vermes intestinais, regula as taxas de açúcar, triglicérides e colesterol no sangue, aumenta a resistência natural a pulgas e carrapatos, reduz o risco de derrames, desintoxica o fígado e alivia quadros inflamatórios.

Muitos veterinários holísticos, como os norte-americanos autores de
livros Dr. Richard Pitcairn Ph.D e a Dra. Karen Becker recomendam há muitos anos a inclusão de um pouquinho de alho na dieta dos cães.

A longa tradição de oferta segura também é reconhecida pelo formal órgão norte-americano de pesquisa em nutrição de cães e gatos National Research Council (NRC), que também estabelece diretrizes para formulação de alimentos para pets.

De acordo com esse trabalho científico a dose tóxica de alho para um cão de 32kg seria algo como 75 dentes ou 5 cabeças de alho, e para um cão de 5kg, meia cabeça de alho ou 5 a 8 dentes. Ou seja, um cão precisa ingerir uma quantidade ridícula de alho para haver prejuízos à suas hemácias.

Em nossas dietas para pets saudáveis sugerimos a inclusão de algumas lâminas de alho fresco picadinho a uma das refeições diariamente ou a cada 2 ou 3 dias, dose muito mais baixa que a recomendada pelos veterinários citados acima.

Desde 2008 monitoramos os hemogramas de nossos cães e de pacientes que recebem um tiquinho de alho fresco na dieta e até hoje não verificamos um único caso de anemia causada por intoxicação por alho – um tipo de anemia facilmente reconhecível pela identificação de alterações nas hemácias conhecidas como corpúsculos de Heinz.

Quantidade de alho que indico para cães de:
até 5kg: 1 lâmina de 0,5cm picadinha
5-10kg: 1 lâmina de 1cm picadinha
10-25kg: ¼ de um dente médio picadinho
25kg ou +: ½ dente picadinho
Adicione diariamente ou algumas vezes por semana a uma das refeições diárias.

Como oferecer alho

Para conferir todos os seus benefícios, o alho precisa estar cru e fresco. Alho pode ser usado no cozimento, mas perde parte de suas propriedades. Ele precisa também ser picadinho ou triturado.

Uma lâmina ou pedaço inteiro não será assimilado no intestino e sairá nas fezes. Por mais tentador que seja, não compre potes de alho já triturado, a maior parte dos compostos benéficos já foram perdidos há tempos, pois reagem com o oxigênio assim que o alho é triturado (como a vitamina C do suco de laranja).

Para melhores resultados, pique bem fininho e, se possível, aguarde 5 minutos antes de adicioná-lo à refeição do pet. É o tempo que leva para formar um composto chamado alicina, que tem ação contra câncer.

Guarde o restante do dente na geladeira, envolto em plástico filme ou papel alumínio ou ainda coberto por azeite dentro de um potinho. Seu pet não curtiu o alho cru na refeição? Acontece. Use alho picadinho no cozimento dos alimentos, veja se ele prefere assim. Se não rolar, tudo bem. É um opcional da dieta.

Nas doses indicadas acima, o alho costuma ser muito bem tolerado, mas em caso de reações indesejáveis – gases, arrotos, alergia – interrompa a oferta. Também é importante suspender a inclusão de alho em caso de anemia, antes e logo depois de cirurgias e quando o pet fizer uso de medicações que interferem na coagulação (como ciclosporina), porque o alho tem propriedades que afinam o sangue.

Como usar os complementos

Os complementos obrigatórios (Food Dog e óleo vegetal) devem estar presentes diariamente. Já os opcionais (óleo de peixe, iogurte, sal e alho) podem entrar algumas vezes por semana ou diariamente. Como preferir. Para meus cães, costumo usar kefir (ou iogurte) e alho diariamente e óleo de peixe três vezes por semana.

Com exceção do óleo de coco, do sal e do Food Dog, os demais complementos não resistem ao congelamento. Por esse motivo é melhor deixar para adicioná-los na hora de servir. Você pode distribui-los nas duas refeições do dia ou concentrá-los todos em uma única refeição, se preferir. Minha turma canina costuma receber todos os complementos na primeira refeição do dia.

Outros complementos

Folheie livros ou visite outros sites sobre Alimentação Natural caseira para pets e você certamente encontrará recomendação de outros alimentos funcionais e nutracêuticos, como a alga fucus (também conhecida como kelp), alfafa em pó, spirulina, clorella, sementes de chia, farinha de linhaça e outros. Alguns desses nutracêuticos são bastante interessantes – caso do fucus e da alfafa em pó – mas infelizmente são difíceis de encontrar no Brasil.

Quais complementos não usar

Fuja de óleos como o de girassol, milho e soja. Esses óleos são extraídos com aplicação de calor e solventes petroquímicos, e são acondicionados em embalagens plásticas transparentes – tudo isso oxida os ácidos graxos, tornando-os inflamatórios.

Também tome cuidado com modismos. Nutracêuticos que nos fazem bem podem ser prejudiciais aos nossos peludos. Um exemplo é o chá verde, notório por seus efeitos anticâncer. Ele concentra doses generosas de ácido oxálico, elemento que fomenta cálculos urinários em indivíduos predispostos. Na dúvida, prefira sempre usar elementos sabidamente seguros para pets.

Sugestões de combinação

As “receitas” que seguem abaixo ilustram algumas sugestões de combinações. As opções de combinações são infinitas. Sinta-se à vontade para variar os ingredientes de acordo com as opções listadas acima de vegetais, carboidratos, carnes e vísceras e montar suas próprias receitas de acordo com as preferências do seu peludo e com os alimentos que você tem disponível em casa.

Mas siga a proporção de cada categoria de alimentos proposta para a AN cozida (30% carnes, 30% vegetais, 5% vísceras e 35% carboidratos + os complementos obrigatórios). Incentivo a rotação periódica dos ingredientes da dieta para cães como uma maneira de ampliar a gama de nutrientes e evitar que o pet enjoe da comida.

Veja a seguir um modelo de cardápio levando em conta nossa cadelinha Polly, sem raça definida, que pesa 8kg, é castrada, nasceu em 2008 e possui grau de atividade física leve a moderado.

Quantidade de AN a servir diariamente: 4% do peso ideal dela. Logo, 4% de 8kg = 320 gramas, que vou dividir em duas refeições de 160g cada.

Opção 1

(30%) 96g de músculo bovino
(5%) 16g de fígado bovino
(35%) 112g de mandioquinha (batata-baroa ou batata-salsa)
(30%) 46g de vagem macarrão + 50g de cenoura Total: 320g de AN cozida

+ os complementos obrigatórios:

3g de Food Dog
1 colher de chá de azeite de oliva extravirgem

+ os complementos opcionais:

1 colher de chá de iogurte natural ou kefir
1 pitadinha de sal integral (ex: sal marinho)
1 lâmina de 1cm de alho fresco picadinho
1 cápsula de 500mg de óleo de peixe (ômegas-3)

Opção 2

(30%) 96g de filé de sardinha (ou outro peixe)
(5%) 16g de fígado de frango
(35%) 60g de inhame + 52g de batata-doce
(30%) 46g de abóbora+ 50g de chuchú Total: 320g de AN cozida

+ os complementos obrigatórios:

3g de Food Dog
1 colher de chá de óleo de linhaça
1 pitadinha de sal (usado no preparo dos alimentos)

 + os complementos opcionais:

1 colher de chá de iogurte natural ou kefir
1 pitadnha de sal integral (ex: sal marinho)
1 lâmina de 1cm de alho fresco picadinho
1 cápsula de 500mg de óleo de peixe (ômegas-3)

Opção 3

(30%) 96g de peito de frango
(5%) 16g de rim bovino
(35%) 62g de arroz integral + 50g de quinoa
(30%) 46g de berinjela + 50g de abobrinha Total: 320g de AN cozida

+ os complementos obrigatórios:

3g de Food Dog
1 colher de chá de óleo de coco

 + os complementos opcionais:

1 colher de chá de iogurte natural ou kefir
1 pitadinha de sal integral (ex: sal marinho)
1 lâmina de 1cm de alho fresco picadinho
1 cápsula de 500mg de óleo de peixe (ômegas-3)

Opção 4

(30%) 1 ovo de galinha cozido + 46g de lombo suíno
(5%) 16g de baço de boi
(35%) 60g de arroz parboilizado + 52g de inhame
(30%) 46g de pimentão vermelho+ 50g de quiabo
Total: 320g de AN cozida + os complementos obrigatórios:
3g de Food Dog
1 colher de chá de azeite de oliva extravirgem

 + os complementos opcionais:

1 colher de chá de iogurte natural ou kefir
1 pitadinha de sal integral (ex: sal marinho)
1 lâmina de 1cm de alho fresco picadinho
1 cápsula de 500mg de óleo de peixe (ômegas-3)

Eu poderia adotar uma combinação diferente por semana, ou a cada três dias ou mesmo diariamente. O importante é não passar muito tempo (mais de uma semana) em uma única opção.

O que você vai precisar para dar início à AN?

Anote aí o que você precisa providenciar antes de começar:

Facas grandes e afiadas (pelo menos uma para carnes e uma para cortar legumes).

⦁ Panela a vapor, também conhecida como cuscuzeira ou vaporeira, de preferência de inox. Você pode cozinhar de outras formas, que abordarei no parágrafo sobre preparo, mas o vapor é um tratamento gentil que acarreta menor perda de nutrientes.

Tábuas de cortar (uma para carnes e uma para vegetais).
Saquinhos para freezer, de preferência com fecho ziploc, ou potinhos tipo tupperware
Balança de cozinha, preferencialmente digital para pesar com precisão os ingredientes das receitas. Dica: no site Mercado

Livre você encontra balanças digitais pelos melhores preços.

Espaço no freezer ou congelador.

Check-up geral de saúde

Seu peludo pode parecer estar perfeitamente saudável e na verdade estar apresentando algum problema de saúde que ainda não manifestou sintomas. A verdade é que sem um check-up geral periódico não há como saber a quantas anda a saúde do nosso pet. Por isso acho importante solicitar alguns exames antes de trocar a dieta do peludo.

Para filhotes que aparentam estar saudáveis (vermifugados e vacinados, sem diarreia ou vômitos, bem nutridos, fortinhos, com pelagem bonita) é possível pular essa etapa. Para cães adultos recomendo uma visita ao veterinário clínico-geral para um exame físico – peça inclusive para ele abrir a boca do peludo e examinar dentes e gengivas – e análises complementares:

Hemograma: verifica sinais de anemia e infecção
Dosagem de ureia e creatinina: avalia a função renal
Enzimas hepáticas: avaliam a função do fígado
Urinálise (Urina tipo I): verifica pH, densidade da urina e presença de cristais.

Coproparasitológico: é o exame de fezes que investiga a presença de vermes. Para ter resultados mais confiáveis leve três amostras, cada uma colhida em um dia (por exemplo: um cocô de segunda-feira, um cocô da quarta-feira e um da próxima segunda-feira.)
Para cães de meia idade e idosos, sugiro solicitar os exames acima e mais alguns:

Ultrassonografia abdominal: mostra o aspecto de órgãos como rins, fígado, pâncreas, bexiga, glândulas adrenais, estômago e intestino, além de ser capaz de verificar a presença de nódulos e cálculos.

Glicemia em jejum: para detectar diabetes
Aferição de pressão arterial: há muitos hipertensos assintomáticos por aí
Triglicérides: alterações aqui podem indicar doenças endócrinas
Colesterol total e frações: idem acima

Ecodopplercardiograma: para detecção precoce de alterações no coração Periodicamente, a cada seis meses ou pelo menos uma vez por ano, leve seu amigão ao veterinário para uma avaliação completa.

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