Alimentação Natural Crua com Ossos Para Cães
⦁ É a mais natural das 3 ANs. Isso porque de todas as dietas abordadas no nosso site, é a que mais se assemelha à dieta que um cão ou felino selvagem teria na natureza.
⦁ Combate o tártaro. A presença de ossos carnudos crus estimula a mastigação, promovendo a remoção mecânica do tártaro.
⦁ Estímulo mental e fortalecimento muscular. A mastigação de ossos carnudos crus proporciona enriquecimento mental e fortalecimento dos músculos faciais.
⦁ Nutrientes dos ossos. A presença de ossos carnudos crus enriquece a dieta com colágeno, cartilagem, condroitina (que ajuda a proteger as articulações), tendões, ligamentos, além de proteína e um monte de minerais, dentre eles cálcio na medida certa.
⦁ Dispensa totalmente a adição de cálcio. A generosa proporção de ossos da dieta fornece todo o cálcio que o peludo precisa, exatamente da forma como ele receberia esse mineral se vivesse na natureza.
⦁ Mais econômica. A AN crua com ossos costuma ser um pouco mais barata que as demais dietas por conter uma boa proporção de ossos carnudos crus de frango, peças consideravelmente mais em conta que carne desossada.
⦁ Mais prática. Porque a dieta é 100% crua ou predominantemente crua. Basta montar as porções respeitando as proporções que ensinamos, congelar (para armazenar), descongelar e servir! Nada de cozinhar tudo, sujar panelas e depois ter que lavar um montão de louças.
⦁ Combate a coprofagia: para cães que comem suas próprias fezes, não há dieta mais indicada que a AN crua com ossos. O cocô produzido por essa dieta é o menos “atraente” dentre as três ANs, por ser extremamente sequinho e de odor super discreto.
Desvantagens:
⦁ Pode requerer moedor de ossos. Você precisará triturar os ossos se seu pet não puder mastigar ossos carnudos crus devido à problemas dentários ou dificuldade de deglutição. Para casos assim vale a pena consultar o açougueiro e ver se ele pode moer os ossos – muitos topam! Em caso negativo, a recomendação é fazer como os adeptos de AN crua com ossos nos Estados Unidos, Oceania e Canadá: investir em um potente moedor de carnes. Como esse ou esse que infelizmente não são fáceis de encontrar no Brasil.
⦁ Encontrar ossos carnudos crus. Você pode oferecer com frequência peças de frango, como pescoço, cabeça e dorso de frango, que são mais baratas e fáceis de encontrar. Mas mesmo essas peças podem não ser fáceis de achar dependendo da região onde você mora. A oferta de pescoço é infrequente no Sul do país, por exemplo. O frango pode ser substituído ou alternado com pato, coelho, codorna, rã, algumas partes do peru e de outras espécies que você verá em detalhes no guia sobre Alimentação Natural crua com ossos.
⦁ Requer freezer ou congelador. Carnes, vísceras, ossos e peixes crus precisam passar alguns dias congelados antes de serem servidos ao seu peludo – detalhes desse procedimento estão informados no material das dietas cruas. Congelar as peças inativa parasitos como cistos de tênias e protozoários (toxoplasma). Sem esse cuidado, não é seguro oferecer dieta crua ao seu cão ou gato.
Posso variar entre os tipos de dieta ou devo escolher apenas uma?
É possível, sim. Eu mesmo vario entre as três dependendo dos alimentos que tenho em casa. Meus cães são adeptos de Alimentação Natural crua com ossos desde 2008, mas num aperto preparo dieta cozida ou vou de AN crua sem ossos. Eles aceitam numa boa essas mudanças bruscas, até curtem.
Mas alguns cães de paladar muito exigente ou de estômago mais sensível podem não aceitar ou tolerar bem dietas com ossos ou com carnes cruas. E certos peludos bem habituados à AN crua com ossos podem começar a recusar a dieta se apresentados ao modelo cozido, que é mais saboroso.
Minha sugestão: levando em conta o jeitão do seu peludo e os prós e contras de cada dieta expostos acima comece pela AN que você acha que tem mais chances de sucesso. Há casos em que o cão nos obriga a mudar o modelo de dieta simplesmente porque deixa de aceitar a alimentação que vinha recebendo até então. Observei isso com alguns pacientes que pararam de querer a AN crua com ossos e o tutor não teve outra alternativa a não ser passar à dieta sem ossos ou à cozida.
Indicada a cães saudáveis de todas as idades
Atenção
As informações publicadas neste livro são apresentadas com a melhor das intenções. Contudo, não podemos garantir resultados. São múltiplos os fatores que podem influenciar a saúde do seu cão ou gato e não temos controle sobre a qualidade dos ingredientes usados, como a dieta é preparada e o estado de saúde atual do seu pet.
Deste modo, não podemos nos responsabilizar por resultados diferentes dos desejados, incluindo (mas não limitado a) quaisquer prejuízos ou danos resultantes da tentativa de seguir informações contidas aqui.
O conteúdo deste site é apresentado unicamente para fins de informação e não substitui em absoluto a orientação de um médico-veterinário. Cada cão e gato é um indivíduo com histórico e particularidades únicas.
Antes de colocar em prática as sugestões deste site, consulte o médico-veterinário para verificar se seu pet se encontra apto a receber uma de nossas dietas. Uma dieta caseira balanceada é um pilar fundamental para a boa saúde. Mas não é o único. Tenha em mente que você sempre precisará contar com o acompanhamento do veterinário de sua confiança.
O que é Alimentação Natural crua com ossos para cães
Alimentação Natural caseira crua com ossos para cães – também conhecida como AN crua com ossos – é uma dieta caseira biologicamente adequada à fisiologia predominantemente carnívora dos cães. Seguimos o consagrado sistema BARF desenvolvido pelo cirurgião veterinário australiano Dr. Ian Billinghurst no final da década de 1980.
Se elaborada corretamente, tal como informo aqui, a dieta atenderá plenamente os requerimentos nutricionais do seu cão.
O objetivo da AN crua com ossos é simular a composição de uma presa (lebre, ave, pequeno ruminante etc) no contexto urbano. Para isso entram na dieta ossos crus (o esqueleto da presa), carnes cruas (músculo), vísceras cruas (miúdos, órgãos) e alguns complementos que representam partes do corpo que não conseguimos oferecer.
Afinal, goste ou não, é disso que seu cão se alimentaria se coubesse a ele providenciar o almoço. Ele descende de predadores e por milhões de anos seus ancestrais garantiram a sobrevivência abatendo e devorando outros animais. Ração industrializada entrou na jogada há menos de 100 anos.
Pra quem não é familiarizado com dietas cruas à base de ossos, a ideia pode assustar. Afinal, a dieta se sustenta sobre dois enormes tabus: oferta diária de carnes cruas e ossos crus, inclusive de frango. Mas mantendo uma mente aberta, você aprenderá que há maneiras eficazes de aproveitar com segurança os incríveis benefícios dos ossos e carnes cruas.
O tempo se encarregou de pôr à prova as dietas cruas com ossos. Elas estão aí há pelo menos três décadas, com resultados formidáveis, inúmeros livros publicados e milhares de praticantesdo movimento rawfeeding espalhados pelo globo. (Fora do Brasil, há anos existe até comida crua comercial para pets lançada com aval de autoridades em petfood, como a AAFCO. Alguns exemplos notáveis incluem a Primal e a Nature’s Variety).
Você encontra abaixo alguns dos médicos-veterinários e pesquisadores que há anos – em muitos casos, décadas – recomendam AN crua com ossos para cães. Vale a pena clicar nos links para conhecê-los. Muitos são autores de livros e/ou comandam sites excelentes.
Baseei- me em diretrizes postuladas por esses profissionais para elaborar a AN que você encontra aqui (pois é, eu não inventei nada do que você encontra aqui).
⦁ Dr. Ian Billinghurst
⦁ Dr. Tom Lonsdale
⦁ Dr. Nick Thompson
⦁ Dr. Peter Dobias
⦁ Dra. Karen Becker
⦁ Dra. Barbara Royal
⦁ Dr. Conor Brady
⦁ Dr. Martin Goldstein
⦁ Steve Brown
⦁ Lew Olson
⦁ Carina Beth MacDonald
⦁ Kymythy Schultze
O que NÃO é Alimentação Natural Crua com ossos
Oferecer AN crua com ossos definitivamente não é dar restos da nossa comida. Não é dar só ossos, ou dar só carne, ou dar só fígado – esse tipo de “dieta” conduz rapidamente a problemas de saúde gravíssimos por deficiência e até por excesso de alguns nutrientes.
Definitivamente não é dieta caseira vegetariana, muito menos vegana. Embora até seja possível alimentar cães sem carnes, acredito que esteja longe do ideal por motivos fisiológicos que detalho nestepost. Cães evoluíram ao longo de milênios como predadores e continuaram consumindo carne ao nosso lado desde sua domesticação, há 30 mil anos.
Eles simplesmente não possuem adaptações para assimilarem bem uma dieta baseada em proteínas vegetais.
Por fim, AN crua com ossos não é modinha – provavelmente a primeira grande expoente a promover dieta caseira crua para pets foi a herbalista britânica Juliette de Baïracli Levy, autora de diversos livros e nascida no início do século passado!
AN crua com ossos também não é uma dieta composta de metade ração e metade comida caseira. Embora essa prática até possa trazer sua cota de benefícios aos cães, é preciso saber muito bem que alimentos adicionar à ração e em que quantidade ou corre-se o risco de desequilibrar seriamente a fórmula da ração e acabar prejudicando o pet.
Ensinar você a apenas enriquecer a ração com alimentos naturais não é meu objetivo com o site Cachorro Verde. Você pode ir muito além disso. Pode substituir totalmente a ração industrialmente processada por uma dieta caseira saudável. Só assim, a meu ver, seu amigão colherá todos os frutos de uma dieta fresca e natural!
Por favor, adote a Alimentação Natural com responsabilidade ou nem comece.
Dietas caseiras ainda enfrentam preconceito e resistência por parte de veterinários pura e simplesmente porque algumas pessoas assumem a alimentação do pet sem critério e acabam prejudicando a saúde dele. Por favor, não seja assim.
Procure fazer tudo o que ensino aqui do jeito como ensino aqui. É claro que, se preferir, você pode contar com o acompanhamento de um veterinário ou zootecnista experiente em elaboração de dietas caseiras para gatos, ou ainda, se basear nas receitas de algum outro autor bem embasado.
Seja como for, procure obedecer às orientações propostas. Elas não estão aí por acaso. São elas que garantem uma nutrição balanceada, adequada e segura. Entre uma dieta caseira grosseiramente desbalanceada e a ração, prefira sempre a ração. Por favor.
Benefícios
Por todas as questões que exponho com detalhes em meu artigo sobre fisiologia digestória de cães e gatos, nossos peludos se beneficiam tremendamente em receber uma dieta compatível com seu carnivorismo flexível. Veja abaixo de que maneiras seu amigão sairá ganhando ao trocar a ração por AN crua com ossos.
Proteção ao sistema urinário e rins
Uma dieta caseira contém 7x mais água que a ração seca! Esse monte de água naturalmente embutida nos alimentos naturais preserva os rins e o sistema urinário porque mantém o animal bem hidratado. Ao passarem a receber uma alimentação hidratada, muitos cães dão um susto na gente: reduzem drasticamente o consumo de água. Em alguns casos até param de beber completamente.
Mas continuam produzindo xixis abundantes e muitas vezes mais clarinhos do que quando comiam ração e esvaziavam a tigela de água. Isso acontece porque a água presente na comida é muito melhor aproveitada pelo organismo, resultando inclusive em uma melhor digestão.
Fezes reduzidas, muito mais sequinhas e com odor discreto
Esse é uma das primeiras vantagens da AN a serem notadas. Por não apresentar o excesso de fibras grosseiras e carboidratos presentes nas rações convencionais, a AN apresenta uma proveitamento superior, gerando pouco resíduo para o corpo eliminar.
Na prática isso significa um volume menor de cocô, menos fedido e muito mais sequinho. É a comprovação de que o seu peludo está recebendo o “combustível” certo. E, dentre todas as ANs abordadas aqui, a AN crua com ossos é a que produz o melhor cocô – quase sem cheiro! Por resultar em fezes incrivelmente sequinhas e sem atrativos, a AN crua com ossos tem sido recomendada como solução para cães que consomem as próprias fezes.
Carga glicêmica menor
O lugar de carboidratos como milho, soja, trigo – ingredientes de baixo custo amplamente empregados por fabricantes de ração seca – definitivamente não é na vasilha do seu cachorro. A dieta natural do lobo é predominantemente carnívora, enriquecida com frutas, raízes, gramíneas e até fezes de outros animais. Carboidratos compreendem apenas 14% do que os lobos ingerem.
Ou seja: a dieta que a natureza preparou o cão para consumir é pobre em carboidratos e rica em proteína, tendo consequentemente uma baixa carga glicêmica.
Um cachorro alimentado com ração à base de grãos é mais predisposto a ficar gorducho porque esses alimentos têm uma carga glicêmica mais elevada. A ingestão de muito carboidrato faz o pâncreas secretar um monte de insulina, aumentando o risco de obesidade, diabetes e doenças inflamatórias.
Em contrapartida, uma dieta mais dentro dos moldes do que prescreve a natureza mantém a silhueta esbelta e musculosa muito mais facilmente e previne doenças. Esse é um dos segredos por trás do mundo de vantagens à saúde da AN crua com ossos.
Minimização (e até resolução!) de transtornos causados por dieta inadequada.
Sinceramente, como podemos esperar que um pet se mantenha saudável recebendo exclusivamente uma dieta seca, industrialmente processada e preparada com uma abundância de subprodutos alergênicos que ele jamais consumiria na natureza, como milho, trigo e soja? A verdade é que a maioria das rações é assim porque esses ingredientes têm custo baixo para os fabricantes. Não porque são alimentos saudáveis.
Acredito que muitas doenças que vemos nos pets hoje em dia são causadas ou agravadas pelo consumo prolongado de ração seca à base de grãos. Como se não bastasse a falta de umidade e o excesso de carboidratos, há outros motivos para questionar as bolinhas marrons: o emprego de alimentos transgênicos, conservantes e aditivos controversos, e o risco de contaminantes cancerígenos, como toxinas fúngicas conhecidas como micotoxinas e subprodutos do processamento violento, como as acrilamidas e as aminas aromáticas heterocíclicas .
As consequências de uma alimentação assim ao longo de meses e anos podem ser aparentemente leves, como queda de pelos crônica e gases, ou mais graves, como desgaste precoce dos rins, diarreias recorrentes, vômitos sem causa aparente, coceiras infernais, formação de cálculos urinários, obesidade, pancreatite, diabetes e câncer.
Felizmente é frequente ver a saúde do canino restaurada em pouco tempo quando a ração é substituída por uma dieta caseira biologicamente adequada. Pelos mais brilhantes e macios, com queda reduzida e menos “cheiro de cachorro”. Cães antes cronicamente cansados recuperando a disposição e jovialidade para brincadeiras e passeios. E muito mais!
Chega de brigar para ele comer
Cães naturalmente se interessam por comida caseira, frutas, cenoura, frango. Uma parcela deles come ração só para não morrer de fome, apesar dos esforços dedicados de seus tutores que fingem comer a ração, trocam de marca, adicionam palatabilizantes comerciais e até esquentam as bolinhas no micro-ondas. A dieta caseira costuma pôr fim a esse martírio diário. Os múltiplos sabores, cheiros e texturas da AN fazem o pet comer feliz, raspar o prato e ainda pedir mais!
Contribui para a saúde periodontal
A Alimentação Natural crua com ossos ajuda a prevenir e até a combater a doença periodontal. A mastigação dos ossos carnudos crus desorganiza a placa bacteriana e raspa o tártaro já formado. A dieta também contém pouco carboidrato, um elemento que adere fortemente aos dentes, onde fermenta e patrocina a gengivite e o tártaro.
Para certos cães propensos a engasgos, banguelinhas ou simplesmente preguiçosos para mastigar recomendamos oferecer os ossos da dieta moídos. Nesse caso, haverá pouco benefício para os dentes. Se o tártaro e o mau hálito começarem a dar as caras, institua uma rotina de escovação de dentes. Não é impossível como parece. Assista aqui a um vídeo que ensina o passo-a-passo bem didaticamente. Uma escovação a cada 2 dias já é suficiente para manter a placa bacteriana sob controle!
Desvantagens
Não são exatamente desvantagens, mas etapas no seu entendimento da Alimentação Natural crua com ossos.
Exige organização e disciplina
Assumir o papel de chef do pet exige um pouco de organização e disciplina. Dá para preparar as porções rapidamente e congelar por até 30 dias ou mais, o que agiliza tudo.
Mas é preciso se organizar para periodicamente comprar, preparar os alimentos e montar as refeições usando sempre a balança digital de cozinha (só assim você tem a certeza de estar oferecendo comida na medida correta). Também é imprescindível se comprometer a seguir as orientações para a dieta. A maior roubada é começar fazendo tudo certinho e depois ir “descambando”, deixando de pesar as refeições, oferecendo alimentos inapropriados ou fora de hora etc.
Assimilado esse alerta, relaxe.
O primeiro mês de preparo de AN pode ser um pouco tenso e conturbado, afinal, você está aprendendo um monte de coisas novas e adaptando a sua rotina. Dê tempo a si mesmo.
Você vai dar conta. A coisa eventualmente engrena e flui, você vai ver! Depois desse período inicial, muitos adeptos comentam comigo que todo o trabalho é mais do que recompensado diante da alegria do peludo em se alimentar e das transformações visíveis na saúde dele.
“Ele parece morto de fome!”
Comida caseira, em comparação com ração seca, é infinitamente mais saborosa. Isso pode dar a impressão que a AN não sustenta e que seu pet está sempre faminto. Mas apetite (disposição para comer mais e mais e sempre) não é o mesmo que fome (necessidade fisiológica de se alimentar por déficit de nutrientes).
Pense na sua reação a um bolo de chocolate delicioso. Você come uma fatia e facilmente traçaria uma segunda. Não necessariamente porque está com fome, mas porque está muito gostoso. Com os pets é assim também. Como eles não conseguem refrear a si próprios diante de algo que gostam, pelo bem da saúde deles cabe a nós colocar esse limite. Não existe volume aceitável de comida capaz de saciar um cão guloso sem resultar em obesidade. Lembre-se sempre disso.
Pedir comida também pode ser uma forma de chamar a sua atenção. Se seu amigão pede comida e recebe a recompensa esperada, ele entende que o “método” funcionou e passa a repetir a estratégia sempre que tem a chance. Aumente o volume de comida servido diariamente somente se seu cão estiver perdendo peso e isso não for desejável. E não compense as refeições oferecendo mais petiscos à parte, como extras. Entupir o peludo de lanchinhos deixa o paladar seletivo (a famosa “barriga cheia”) e desequilibra o balanceamento da AN.
Se seu cão está saudável e no peso ideal, a melhor dica ainda é resistir, ignorar sumariamente os pedidos. Pelo bem do canino exercite o que chamam em inglês de “tough love” (algo como “duro amor”) e restrinja a oferta de comida aos horários pré-estabelecidos. É o que dá mais certo!
Alguns cães podem não aceitar mais a ração
Depois de provar AN, uma parcela dos cães pode não aceitar voltar à ração seca. Outros que antes desprezavam sumariamente qualquer ração passam a curtir as bolinhas marrons depois de um tempo comendo Alimentação Natural. Pra esses cães, a ração passa a ser uma novidade momentaneamente interessante. Seja como for, quase sempre é possível voltar à ração num aperto. É só misturar algo irresistível aos grãos, como ração úmida de boa qualidade, carne moída cozida, frango desfiado ou besuntar com um pouco de iogurte natural.
Disponibilidade de espaço no freezer ou congelador
(Felizmente) a dieta caseira não conta com conservantes e aditivos sintéticos e por isso precisa ser armazenada no freezer (melhor) ou congelador para não estragar.
Em geral, metade da capacidade do freezer de uma geladeira duplex é espaço suficiente para armazenar uns 15 dias de porções diárias de alimento para um cãozinho de 5kg. Mas se você mora com vários peludos, precisará se organizar para realizar a compra e a montagem de porções mais frequentemente, a cada 10 dias, por exemplo.
Ter em casa um freezer só para o pet ajuda muito. Um freezer pode armazenar porções para 30 dias ou mais sem comprometer significativamente o valor nutricional dos alimentos e economiza bastante tempo, principalmente para quem tem múltiplos pets. Parece um grande investimento ($$), mas costumo brincar que em toda família alguém tem um freezer encostado, que pode ser adquirido por uma barganha.
Falta de suporte veterinário
Esta, a meu ver, é de longe uma das maiores dificuldades que o brasileiro enfrenta ao optar por dieta caseira balanceada para seu cachorro. Poucas coisas são mais frustrantes do que ligar contente para o veterinário e, ao contar da dieta e de como seu peludo está bem e feliz, receber um silêncio desaprovador seguido de um sermão com ladainhas ultrapassadas como “só a ração fornece os nutrientes que seu animal necessita e blá blá blá” – gigantesco mito, por sinal. Leia meu artigo “a AN fornece mesmo tudo o que meu pet precisa?”
A gente é encarado como tudo: louco, irresponsável, humanizador de animais, desocupado, excêntrico e coisa até pior. Infelizmente, faz parte. Como tudo na vida, novidades (ainda que alimentar pets com comida remonte literalmente à época das cavernas…) intimidam algumas pessoas.
A medicina opera dentro de um sistema conservador que tende a rejeitar inicialmente o que foge à regra. Leia o artigo “Veterinários x Alimentação Natural” e descubra outros fatore$$ que motivam fortemente essa rejeição. No mesmo artigo há sugestão de materiais sobre Alimentação Natural caseira que você pode repassar ao seu veterinário para convidá-lo a
aprender sobre o assunto. Se ele continuar irredutível, paciência. Sugestão: procure um profissional que respeite seu direito de optar pela AN para seu cão.
E não se deixe abater pela desaprovação inicial. Saiba que:
⦁ Praticamente todas as modalidades consagradas de dietas caseiras foram desenvolvidas por médicos-veterinários.
⦁ Não existe unanimidade em nada no que diz respeito à ciência e medicina. É inclusive saudável haver debates e pontos de vistas diferentes.
⦁ AN veio pra ficar! De 2008 para cá, quando criamos esse site, temos visto mais e mais veterinários brasileiros abertos às dietas naturais.
Procure sua turma! Cerque-se de praticantes de AN. Nas comunidades específicas em fóruns e redes sociais, como a página do Cachorro Verde e a comunidade Alimentação Natural para Pets – Brasil, ambas no Facebook, você certamente encontrará muitos amigos!
Tem mais de um cão? Alimente-os separadamente
Quem já assistiu no Animal Planet uma matilha de lobos em volta da presa, viu que rosnados e até dentadas fazem parte da dinâmica. Pelos mesmos motivos oferecer comida a um grupo de cães sem separá-los individualmente não é boa ideia. Comida é a coisa mais importante na vida de um cão – depois de você, é claro.
Defina diferentes lugares da casa para servir a vasilha de cada animal ou alimente um por vez, separadamente. Mesmo porque há peludos que engolem a refeição com pressa para afanar a comida do colega que mastiga com calma. Previna esse bullying alimentar que pode resultar em brigas e desbalanços nutricionais, além de transtornos por ansiedade.
Quer mais um motivo pra separar a galera na hora da refeição? Futuramente você pode precisar adotar uma dieta diferente para um dos seus cachorros. Ficará muito mais fácil evitar que ele coma a comida dos outros e vice-versa se você acostumá-lo desde sempre a comer separado dos demais. Uma vez estabelecido o hábito, é só manter.
Indicações da AN crua com ossos para cães
AN crua com ossos é uma dieta indicada somente a cães comprovadamente saudáveis de todas as idades e raças, desde que já tenham sido desmamados.
Os ossos crus da dieta podem ser oferecidos inteiros ou cortados, mas, para isso, é imprescindível que o cão tenha uma boa digestão e seja capaz de mastigar e engolir ossos sem dificuldades.
Se seu peludo tem dentes sensíveis, é de uma raça sem focinho – Shih Tzu, Pequinês, Pug, Buldogue Inglês ou Francês – ou se engasga com facilidade, indico moer os ossos ou picá-los bem. (Dicas sobre como fazer isso você encontrará nos segmentos sobre preparo, mais à frente.)
Contraindicações da AN crua com ossos para cães
AN crua com ossos é uma dieta fantástica, com imenso potencial promotor de saúde. Mas, por ser crua e conter ossos, ela exige que o animal tenha uma boa imunidade e capacidade normal de mastigar e engolir os alimentos.
É especialmente contraindicado oferecer AN crua com ossos a pets portadores dos seguintes quadros:
⦁ Gastrite (vômitos crônicos)
⦁ Enterite ou colite (inflamação intestinal que causa alteração frequente das fezes)
⦁ Doença hepática (incluindo shunt portossistêmico)
⦁ Doença renal crônica ou aguda
⦁ Cálculos (“pedras”) urinários
⦁ Doença cardíaca de grau moderado a avançado
⦁ Pancreatite
⦁ Insuficiência pancreática exócrina
Também não recomendo dar início à AN crua com ossos se seu cão estiver debilitado por qualquer motivo. Para esses cães, a Alimentação Natural cozida é uma opção muito mais adequada. Depois que seu pet estiver “zerinho”, tudo bem realizar uma cuidadosa transição para a AN crua com ossos, se você quiser.
Observação: pets portadores de quadros crônicos podem requerer dietas especiais, com restrições e adições que auxiliam no controle do problema. Na dúvida, consulte sempre o veterinário do seu amigão. Se depois de um check-up completo o veterinário achar que seu peludo está apto a receber uma dieta adequada a cães saudáveis, vá em frente.
Mas se alguma alteração importante for diagnosticada, não desanime: é perfeitamente possível adotar uma dieta caseira terapêutica. Para isso você pode contar com um veterinário ou zootecnista especialista ou experiente em elaboração de dietas especiais para doentes crônicos. Posso te ajudar com isso, se tiver interesse.
AN crua com ossos para cães de focinho achatado
A AN crua com ossos é adequada a todo e qualquer cão saudável. Mas você verá, nos segmentos sobre ossos carnudos crus, que nem todo cão é capaz de mastigar e deglutir com segurança todos os ossos. Várias peças que exigem mastigação são contraindicadas a braquicefálicos, a turma canina do nariz achatado.
Raças como Shih Tzu, Buldogues Inglês e Francês, Pug e Pequinês são propensas a engasgos por apresentarem dificuldades na mastigação, deglutição e até respiração. Infelizmente, conheço casos de buldogues que engasgaram feio com brinquedos, água (!), grãos de ração e, sim, até com ossos naturais.
Uma solução definitiva para o risco de engasgo com os ossos é moê- los em casa ou comprá-los já moídos. É o que tenho recomendado a quem tem cães das raças acima ou que já engasgaram por besteira. Ossos carnudos moídos não ajudam a limpar os dentes, mas para isso existem alternativas, como a escovação frequente dos dentes ou
roer ossos naturais recreativos. A trituração garante a segurança da AN crua com ossos e não altera o valor nutricional das peças – que é o que realmente importa!
Quanto servir de AN por dia
Cães adultos
Existem diversas formas de determinar quanta comida servir por dia a um cão. Esta, a meu ver, é a mais fácil delas. Faça o cálculo com base no peso corpóreo do seu pet. Seguindo
esse método um cão adulto deve receber por dia de 3 a 10% do seu peso ideal em alimentos diariamente. “Caramba, mas por que esse intervalo tão grande – de 3 a 10%?
Como, afinal, vou saber quanto servir de comida para meu cachorro?” é o que você naturalmente deve estar pensando.
O intervalo é grande propositalmente, porque há vários fatores a se considerar. Fatores que influenciam diretamente a necessidade de servir mais ou menos comida para o peludo.
Acompanhe comigo.
Porte
Cães miudinhos – os de porte miniatura e pequeno – requerem mais alimentos proporcionalmente ao seu peso que os maiores. Isso porque têm o metabolismo mais acelerado. Atendo pacientes Chihuahuas adultos que chegam a comer 8 a 10% de seu peso em AN por dia. Em contrapartida, meus pacientes gigantes costumam ficar bem comendo 3% de seu peso corpóreo saudável.
Veja como as porcentagens médias que sugiro para portes diferentes refletem essa diferença:
⦁ Porte miniatura até 3kg: 7-10% do peso corpóreo. Logo, um Chihuahua que pesa 2kg vai receber 160 gramas de AN por dia, o que equivale a 8% do peso dele.
⦁ Porte miniatura pesando entre 3 e 5kg: 5 a 6% do peso corpóreo. Logo, um Maltês que pesa 3,5kg vai receber 210g de AN por dia, o que equivale a 6% do peso dele.
⦁ Porte pequeno entre 5 e 10kg: 4 a 6% do peso corpóreo. Logo, um Dachshund (“salsicha”) que pesa 7kg vai receber 350 gramas de AN por dia, o que equivale a 5% do peso dele.
⦁ Porte médio, entre 10 a 25kg: 4 a 5% do peso corpóreo. Logo, um Cocker Spaniel Inglês que pesa 13kg vai receber 650 gramas de AN por dia, o que equivale a 5% do peso dele.
⦁ Porte grande entre 25 a 35kg: 4 a 5% do peso corpóreo. Logo, um Boxer que pesa 27kg vai receber 1kg de AN por dia, o que equivale a 4% do seu peso corpóreo.
⦁ Porte grande entre 35kg a 42kg: 3 a 4% do peso corpóreo. Logo, um Golden Retriever que pesa 36kg vai receber 1.4kg de AN por dia, o que equivale a 4% do seu peso corpóreo.
⦁ Porte gigante (de 42kg para cima): 3 a 4% do peso corpóreo. Logo, um Dogue Alemão que pesa 70kg vai receber 2.1kg de AN por dia, o que equivale a 3% do seu peso corpóreo.
Observação importante: o cálculo deve ser feito em cima do peso ideal do seu peludo. Não em cima do peso gordo ou magro demais dele. Por exemplo, se o seu Labrador está pesando 30kg mas deveria pesar 26kg, faça o cálculo sobre o peso que ele deveria ter (26kg) e não sobre o peso que ele tem (30kg). Vale o mesmo se seu amigão estiver mais magrinho do que o desejável.
Raça
Há raças com tendência a ganhar peso e existem raças com dificuldade para engordar. Dentre as raças propensas a ganhar uns quilinhos extras eu destacaria:
⦁ Spitz Alemão (o Lulu da Pomerânia)
⦁ Dachshund (ou Teckel)
⦁ Pug
⦁ Beagle
⦁ Basset Hound
⦁ Retriever do Labrador
Não é regra, claro, mas uma parcela enorme de cães das raças acima mantém mais facilmente o peso quando recebe a porcentagem mínima indicada para seu porte. Atendo Pugs que não podem receber mais de 3% de seu peso em AN, taditos, ou ficam roliços.
E há os “magros de ruim” do mundo canino:
⦁ Boxer
⦁ Border Collie
⦁ Boston Terrier
⦁ Buldogue Francês
⦁ Dobermann
Esses cães frequentemente requerem uma porcentagem elevada de seu peso em AN por dia. Peludos excepcionalmente ativos, como Borders, Boxers, Bostons e Dobermanns – ou muito musculosos, como os buldogues franceses – podem começar recebendo 5% do peso, com perspectiva de subir para 6%.
Idade
Abordarei com detalhes o cálculo para filhotes a seguir. Por enquanto, vamos falar sobre cães jovens adultos, adultos, de meia idade e idosos. Cachorros jovens adultos e adultos têm o metabolismo mais ativo e em geral requerem uma porcentagem mais elevada do que os de meia idade.
Ao contrário do que muita gente pensa, cães idosos podem requerer mais alimentos que cães de meia idade. Isso porque nessa fase da vida cai um pouco a capacidade do organismo de aproveitar os nutrientes, o que aumenta o requerimento de certos elementos, como a proteína, para prevenir o desgaste muscular que acompanha o envelhecimento.
Assim sendo, um beagle de 12 meses (jovem adulto) pode receber 5% do seu peso corpóreo, depois passar a 4,5% aos 2 anos (adulto), descer para 3,5% com 5 anos (meia idade) e voltar a 4 ou 4,5% aos 12 anos (idoso).
Status reprodutivo
Não é regra, é claro, mas a castração pode predispor ao ganho de peso. A queda na circulação de hormônios sexuais aumenta o apetite de alguns indivíduos e pode tornar o metabolismo um pouco mais lento. Portanto, recomendo aumentar um pouco a porcentagem usada para calcular a dieta de cães intactos (não castrados) e reduzir um pouco a porcentagem no caso dos esterilizados. Em geral 0,5% a mais ou a menos já faz uma grande diferença.
Se seu peludo será submetido à castração, sugiro adotar uma porcentagem 0,5% menor para prevenir ganho de peso.
Grau de atividade física
Esse é um ponto dos mais importantes. Cachorros que não param quietos, atletas, nadadores, que correm ao lado do tutor, que frequentam creche canina e participam de todas as atividades precisam de mais calorias. Não tenha receio de aumentar a % para esse grupo. Conheço Borders agiliteiros que recebem 8% do seu peso corpóreo em AN. É bastante comida! Se o total de alimentos assustar, simplesmente divida em três ou quatro pequenas refeições dentro da sua disponibilidade de servi-las.
Clima
No auge do verão o corpo pede menos comida por bons motivos fisiológicos que explico neste post. O oposto acontece nos meses frios, quando o organismo exige mais calorias para manter a temperatura corporal estável. Assim sendo, tudo bem reduzir um pouco a porcentagem calculada de alimentos no verão e aumentar um pouco durante o inverno.
Cães filhotes
Filhotes estão em fase de intenso desenvolvimento ósseo, muscular, visceral, neurológico. A duração desse período varia de raça para raça (ou de porte para porte no caso dos cães sem raça definida). Enquanto cães de porte pequeno concluem o desenvolvimento físico por volta dos 12 meses, os de porte grande e gigante ainda são filhotões nessa idade.
Seja como for, filhotes comem bastante em relação ao seu peso corpóreo, chegando a receber até 10% de seu peso em alimentos por dia. A porcentagem empregada para o cálculo vai reduzindo à medida que eles crescem. Por isso recomendo recalcular a
porcentagem mensalmente até o peludo completar seu desenvolvimento.
Veja abaixo minhas sugestões de porcentagens médias para filhotes de portes diferentes: Obs: o cálculo é feito sobre o peso atual do filhote. Ou seja, o peso que ele tem nesse momento. Não calcule sobre o peso que ele terá quando adulto.
Filhotes que quando adultos terão porte pequeno (5kg a 10kg):
⦁ 2 a 4 meses de idade: por volta de 10%
⦁ 4 a 6 meses de idade: por volta de 8%
⦁ 6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
⦁ 8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
⦁ 10 meses em diante: por volta de 4 a 6%
Filhotes que quando adultos terão porte grande (25 a 35kg):
⦁ 2 a 4 meses de idade: por volta de 8%
⦁ 4 a 6 meses de idade: por volta de 7%
⦁ 6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
⦁ 8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
⦁ 10 a 18 meses de idade: por volta de 4 a 5%
⦁ 18 meses em diante: por volta de 4 a 5%
Filhotes que quando adultos terão porte médio (10-25kg):
⦁ 2 a 4 meses de idade: por volta de 10%
⦁ 4 a 6 meses de idade: por volta de 8%
⦁ 6 a 8 meses de idade: por volta de 6 a 7%
⦁ 8 a 10 meses de idade: por volta de 5 a 6%
⦁ 10 a 18 meses: por volta de 4 a 6%
⦁ 18 meses em diante: por volta de 4 a 5%
Filhotes que quando adultos terão porte gigante (acima de 35kg):
⦁ 2 a 4 meses de idade: por volta de 8%
⦁ 4 a 6 meses de idade: por volta de 7%
⦁ 6 a 8 meses de idade: por volta de 6%
⦁ 8 a 10 meses de idade: por volta de 5%
⦁ 10 a 14 meses: por volta de 4 a 5%
⦁ 18 a 24 meses: por volta de 4%
⦁ 24 meses em diante: 3 a 4%
Importante: filhotes devem crescer esbeltos
Muita gente acha que filhotes gorduchinhos são ainda mais adoráveis. Mas o sobrepeso é muito prejudicial para um corpo em desenvolvimento. Estudos apontam que alimentar excessivamente um filhote aumenta o risco dele se tornar um adulto obeso, o que patrocina doenças mil, de diabetes a artrose.
O potencial para prejuízo é ainda maior em se tratando de filhotes de porte grande e gigante. Os grandões devem crescer num ritmo “devagar e sempre” ao longo de 18 a 24 meses, sem estirões. A ingestão excessiva de calorias estimula o crescimento dos ossos, mas a musculatura, ligamentos e tendões não acompanham. Desse descompasso surgem deformidades osteoarticulares permanentes e agravo de doenças geralmente determinadas pela genética, como a displasia de quadril e de cotovelo.
Não se preocupe com a velocidade do crescimento, mas com a qualidade dele. Se estiver recebendo uma dieta balanceada e em quantidade adequada, seu filhote se desenvolverá plenamente no tempo dele. Talvez ele não seja o filhote da pracinha que mais cresceu desde a semana passada, mas não ligue pra isso. Para raças grandes e gigantes um crescimento lento e contínuo é o desejável para ter um adulto de esqueleto saudável lá na frente.
Por isso, olho vivo na silhueta do filhote! Verifique sinais de depósito de gordura, como o sumiço de uma cintura discernível (observe-o de cima) e dificuldade de sentir as costelas com uma leve pressão dos dedos ao percorrer as laterais do corpo dele. Filhote sem sinal de cintura e com costelinhas difíceis de palpar provavelmente está acima do peso.
Como fazer o cálculo usando calculadora
Mais abaixo neste guia você encontra tabelas Excel que fazem todo o trabalho pra você. Mas, se quiser, faça os cálculos você mesmo. Qualquer calculadora serve, até as mais simplinhas, de celular.
A fórmula é:
Passo-a-passo:
⦁ Digite na calculadora o peso do cão (ex: 12kg)
⦁ Aperte a tecla de multiplicação (x)
⦁ Digite o número da porcentagem (ex: 4%)
⦁ Aperte a tecla igual (=)
⦁ Converta o resultado de decimal para número inteiro jogando o número antes da vírgula para o final
Na prática, 12x 4% = 0,48 ou 480 gramas
Logo, 480 gramas é o que devo oferecer de Alimentação Natural caseira por dia, fracionados, por exemplo, em duas refeições de 240 gramas cada.
Ajuste a quantidade oferecida de AN conforme a necessidade. Cada indivíduo tem um metabolismo único e por isso as orientações acima são apenas médias. Pode ser que seu peludo precise de mais ou menos comida do que o que indico. Comece adotando a porcentagem sugerida para o perfil do seu cão e observe como ele fica no decorrer de duas a quatro semanas. Ele emagreceu e isso não era desejável? Aumente 0,5% e observe.
Passaram-se duas semanas e nada dele dar uma encorpada? Suba 1%. Faça o oposto se ele engordou e isso não era desejável.
Importante: apetite não é um bom termômetro – cães estão sempre dispostos a comer o que gostam. Atente para a silhueta dele. Pets no peso saudável geralmente exibem uma cintura quando observados de cima e as costelas podem ser sentidas com uma leve pressão dos dedos, uma a uma. A perda dessas referências pode indicar que seu amigão está acima do peso. Guie-se pelas figuras abaixo.
Quantas refeições ao dia
Filhotes
Para filhotes entre 2 e 4 meses de idade sirva entre 3 e 4 refeições por dia. Dos 4 aos 6 meses sirva 3 refeições. Dos 6 meses em diante, tudo bem servir 2 refeições diárias.
Adultos
A maioria dos cães adultos se dá bem com duas porções de alimentos por dia. Com raras exceções, cães adultos saudáveis não entram em hipoglicemia se ficarem sem comer por várias horas. Na natureza lobos, chacais e coiotes não se dão o luxo de comer todos os dias.
Caçar dá um trabalhão e esses animais frequentemente passam dias sem comer nada. Alguns estudiosos de Alimentação Natural até recomendam instituir um dia por semana de jejum de sólidos a cães adultos e saudáveis. Eles afirmam que o jejum desintoxica e fortalece o organismo.
Alguns cães adultos, entretanto, se dão melhor com o total de alimentos fracionado em três ou quatro pequenas refeições ao longo do dia. É o caso dos cães de estômago sensível que vomitam espuminha ou bile (líquido de coloração amarelo-esverdeada) pela manhã ou de madrugada. Observo com alguma frequência esse tipo de sintoma – chamado vômito bilioso – nas raças Westie, Lhasa, Maltês e Shih Tzu.
Muitas vezes é possível controlar esses vômitos apenas com a introdução de uma terceira refeição cedinho, ou antes do pet dormir. O trato digestório desses cães não aguenta passar muitas horas sem digerir nada.
Uma só refeição ao dia?
Não costuma ser recomendável oferecer uma única porção de alimentos no dia para o cão. Imagine-se diante de um prato contendo seu café-da-manhã, seu almoço e seu jantar, tudo junto. É muita comida! A digestão certamente será trabalhosa, te deixando sonolento e “empachado”.
Entretanto, lobos comem o quanto aguentam de uma vez e parecem não passar mal. E nem precisamos ir tão longe. Muitos criadores alimentam seus cães adultos uma única vez e os bichos parecem plenamente adaptados a isso. A ingestão de um monte de ração seca aumenta o risco de torção gástrica, uma condição perigosa em que o estômago distendido por gases gira sobre o próprio eixo, torcendo vasos sanguíneos.
Felizmente com Alimentação Natural essa ameaça é consideravelmente menor, uma vez que a comida caseira é menos fermentável e tem uma digestão mais fácil e rápida.
Pessoalmente, ainda acho mais seguro fracionar o total diário em duas refeições. Mas se você alimenta seu cão uma única vez ao dia e ele parece bem adaptado, provavelmente não há problema manter essa conduta.
Formulação da AN crua com ossos para cães
Cães Adultos e Filhotes:
Complementos:
Obrigatórios:
Óleo vegetal de boa qualidade (azeite de oliva extra virgem, óleo de linhaça e óleo de côco) Obs: na AN crua com ossos, os ossos fornecem cálcio. Por isso não é necessário e nem recomendável suplementar esse mineral.
Em que espécies animais encontro ossos carnudos crus?
Frango
Barato e fácil de encontrar, o frango é de longe a opção mais popular de ossos carnudos crus. No frango estão peças muito seguras, como pescoço, cabeça e o dorso (também conhecido como costela ou carcaça), perfeitos para cães iniciantes na AN de todas as idades.
Coxas e asas inteiras requerem mandíbulas possantes e uma boa capacidade de mastigação e deglutição e não são indicadas a todos os pets. E o pé ou pata de frango?
Brinco que o pé de frango é um “osso ossudo” e não um osso carnudo, porque nem tem carne. É osso puro. Por conta disso, é duro, exige boa capacidade de mastigação e deglutição e pode causar constipação se oferecido em excesso.
A sobrecoxa de frango é o oposto do pé: tem carne demais e pouco osso. Ao oferecê-la, remova um pouco (sugestão: ¼) da carne)para melhorar o equilíbrio de carne e osso dessa peça.
Atenção: consulte a tabela linkada acima para verificar quais ossos carnudos crus são indicados ao porte e raça do seu cão e se você pode oferecê-los inteiros, cortados ou somente moídos.
Como oferecer: remova toda a pele do pescoço e do dorso de frango; essas peças são excessivamente pelancudas. Não há problema manter a pele das asas e coxas. Descarte também o rabinho da ave no dorso de frango, costuma conter fezes (eca!). Remova unhas dos pés e o bico das cabeças – essas estruturas não são digeridas.
Peru
Dessa ave só aproveitamos o pescoço, que contém vértebras bem carnudas de diferentes tamanhos. Asas, coxas e pés de peru são enormes e seus ossos são rígidos e formam lascas incrivelmente pontiagudas quando se partem. Por isso não indico oferecê-los.
Atenção: consulte a tabela linkada acima para verificar se pescoço de peru cru é indicado ao porte e tipo de seu pet e como pode ser oferecido.
Pato e marreco
Pato é mais caro que frango e um pouco mais difícil de encontrar, mas oferece bons ossos carnudos crus: pescoço com cabeça (remova o bico), dorso (também chamado de carcaça ou costela), coxas e asas. Pés devem ser oferecidos com moderação para não ressecar as fezes, pois são muito ossudos.
Como acontece com o frango, a sobrecoxa de pato tem carne demais e pouco osso. Ao oferecê-la, remova um pouco (sugestão: ¼) da carne para melhorar o equilíbrio de carne e osso dessa peça.
Atenção: consulte a tabela linkada acima para verificar quais ossos carnudos crus de pato são indicados ao porte e raça do seu cão e se recomendamos oferecê-los inteiros, cortados ou somente moídos.
Como oferecer: remova toda a pele do pescoço e do dorso de frango; essas peças são excessivamente pelancudas. Não há problema manter a pele das asas e coxas, se preferir. Descarte também o rabinho da ave no dorso de pato, costuma conter fezes (eca!). Remova unhas dos pés e o bico das cabeças – essas estruturas não são digeridas.
Codorna
De ossos molinhos, a carcaça completa da codorna pode ser oferecida aos cães. Procure apenas remover bico e unhas.
Atenção: consulte a tabela linkada acima para verificar se codorna crua é indicada ao porte e raça do seu cão e se você pode oferecê-la inteira, ao meio, cortada ou somente moída.
Coelho e preá (“cobaia”)
Mais caros que frango e um pouco mais difíceis de encontrar, coelho e preá podem ser oferecidos inteiros (sem pelo, obviamente), ao meio, ou em partes. Pode deixar a pele, se preferir, são carnes magras.
Atenção: consulte a tabela linkada acima para verificar se partes de coelho são indicadas ao porte e raça do seu cão e se você pode oferecê-las inteiras, cortadas ou somente moídas.
Peixes
Peixes de até um palmo e de espinhas flexíveis – como sardinhas pequenas, cavalinhas e manjubinhas – podem ser oferecidos completinhos, com espinha, escamas, vísceras, cabeça e nadadeiras. Se oferecidos com a espinha dorsal fornecem cálcio e podem entrar como ossos carnudos, 1 ou 2 vezes por semana.
Temos cães de vários portes e todos comem peixes completos (com espinha) há seis anos, sem problemas de engasgos. Assista aqui a um vídeo curtinho da nossa Maya, Teckel de 4,5kg, devorando peixe inteiro de coque (para não sujar as orelhas peludas). Ofereço peixes inteiros crus ou moderadamente cozidos em panela de vapor. (Nossa Golden, a Corah, não curte peixe cru.) As espinhas dos peixes cozidos não se tornam perigosas para oferta.
Casos de engasgos com espinha de peixe são raros e geralmente são passageiros e tranquilos. Nada que a oferta de um pouquinho de banana ou até pedaço de pão não remedie. Contudo, se seu peludo engasga com frequência ou já engasgou com espinhas, simplesmente não dê peixes completos. Compre filés (sem espinha) e sirva-os como carne desossada.
Não recomendo a oferta de peixes de espinhas longas e ossudas. Esses, sim, impõem, risco de engasgo.
Leitão, cabrito ou cordeiro
Animais maiores apresentam ossos rígidos demais para serem consumidos na íntegra com rapidez e facilidade. Cães de porte grande (acima de 30kg) e gigante podem consumir pescoço de leitão, cabrito ou cordeiro, mas não é tão fácil encontrar esses itens.
Não recomendo costelas, são ossos que se partem em lascas afiadas. Também contraindico suã (“suan”), que é a vértebra da coluna desses animais. Os poucos casos de que fiquei sabendo sobre cães que engasgaram com ossos envolviam suã de porco.
Ossos carnudos crus não adequados
Boi, búfalo e outros animais de porte grande não fornecem ossos carnudos crus, mas rendem bons ossos recreativos. Costelas de boi, porco, cabrito e cordeiro não são seguras (nem como ossos carnudos crus e nem como ossos recreativos). Rabada inteira de boi também não é um osso carnudo cru adequado.
Não recomendo servir asas, dorso e coxas de peru, salvo moídos, por serem excessivamente rígidos e/ou porque se partem em lascas pontiagudas quando mastigados.
Cuidados na oferta dos ossos carnudos crus
Previna verminoses congelando carnes cruas
Antes de serem servidos, carnes, vísceras e ossos crus devem passar por congelamento profilático em freezer por 7 dias (no caso de porco ou peixe) ou 3 dias (todos os outros animais) para inativação de parasitos (tênia, toxoplasma etc). Esse nosso
artigo discute os parasitos que podem estar presentes em carnes cruas e o tempo de congelamento indicado para destruí-los.
Congelar os alimentos é uma medida incrivelmente eficaz contra os vermes. Desde 2008, ano de criação do site Cachorro Verde, não soubemos de um único caso de verminose causada por consumo de AN crua.
Ossos sempre crus
Nunca é demais repetir: ossos carnudos crus devem sempre ser oferecidos crus. Cozidos se tornam difíceis de digerir, podendo causar obstrução, e se partem em pontas pontiagudas que podem perfurar o sistema digestivo do pet.
Escolha ossos compatíveis com o porte e o tipo do seu cão
Ossos carnudos crus não trazem risco de perfuração, mas podem causar engasgos em pets que se engasgam com facilidade, muito afobados com comida ou que não mastigam bem. Por isso, consulte sempre nossa lista para saber quais ossos carnudos crus são compatíveis com os diversos portes e tipos de cães e de que forma as peças podem ser servidas. Isso é muito importante.
Supervisione as refeições
Recomendo sempre supervisionar enquanto seu cão come ossos carnudos. Pode acontecer de um pedacinho de osso ficar preso atrás de um dente, por exemplo, e você estará lá pra dar aquela cutucada e desalojar a peça. Também é uma oportunidade para perceber se seu peludo apresenta dificuldades de qualquer tipo e rever a forma de servir os ossos, se necessário.
Alguns tutores concentram toda a porção do dia de ossos carnudos crus em uma única refeição e servem na outra refeição todos os demais componentes da dieta (carnes desossadas, vísceras e vegetais). A vantagem de fazer assim é que você não precisa supervisionar de pertinho o peludo comendo as duas refeições.
Ensine seu peludo a mastigar os ossos
Seu cachorro é super afobado e engole os ossos sem mastigar? Alguns experts recomendam servir ossos carnudos inteiros em peças grandes para ensiná-lo a mastigar. O raciocínio é o seguinte: enquanto ossos cortados ou moídos são facilmente engolidos sem mastigação, uma peça grandona obriga o peludo a quebrá-la em alguns pedaços pra poder mandá-la goela abaixo. Experimente!
Moa os ossos se o cão engasgar
Passe a moer ou compre ossos carnudos crus moídos se presenciar engasgo ou tiver receio da afobação do peludo com a refeição. Ossos carnudos moídos também são excelentes para cães com preguiça de mastigar ossos e para cães “banguelas” ou com dentes sensíveis.
Definitivamente é a forma mais universalmente segura de oferecer esse tipo de dieta. Alguns fornecedores vendem bandejinhas de ossos carnudos crus moídos, é questão de combinar. Moedores de carne costumam dar conta de triturar codornas, pescoços de frango e até dorsos de frangos cortados. Você pode investir em um aparelho e fazer o serviço em casa.
Não fique apenas no frango
Tá certo que ossos de frango são fáceis de encontrar, têm bom preço e os cães adoram. Mas há motivos de sobra para oferecer ossos carnudos de outras espécies de animais.
Servir todos os dias ossos de frango durante meses a fio aumenta as chances do pet desenvolver alergia (coceiras, feridas na pele, otites de repetição) ou intolerância (vômito,
diarreia) a carne de frango – quadros que estão cada vez mais comuns. Simplesmente não é fisiológico (normal para o organismo) comer o mesmo alimento todo santo dia. Variação é importante!
Institua um “descanso de frango” pelo menos dois dias por semana e nesses dias não sirva nada que contenha carne, vísceras ou ossos de frango – tudo bem usar ovo, a proteína dele é encarada de outra forma pelo corpo.
Com nossos cães fazemos a seguinte rotação semanal: ossos carnudos crus variados de frango três dias por semana, dois dias de peixe completo, com espinha (sardinha, manjubinha ou cavalinha) e dois dias de pescoço de peru. Passamos a fazer assim há alguns anos depois que a Maya, nossa Teckel, começou a se coçar por comer frango por dias a fio. Funcionou!
Essa dica também tem funcionado para inúmeros pacientes. Quando encontro pato, coelho ou codorna a preços convidativos, instituo um terceiro dia de “descanso de frango”, mas o mais frequente é rotacionarmos entre frango, peixe e peru.
Comentei acima que procuro servir cortes variados de frango. Nossa turma come pescoço com cabeça, asas, dorso e nossa Golden Retriever, a Corah, que é a maior cachorra da casa, ganha também coxas e alguns pés. Mantenho essa variedade porque ossos carnudos crus diferentes variam em teor de nutrientes, em especial, cálcio, condroitina e colágeno.
Dorso de frango fornece um pouco mais de cálcio que pescoço de frango, por exemplo, mas menos colágeno. Nessa página sobre doença renal crônica em cães você encontra uma tabela com valores de cálcio, fósforo, proteína e calorias presentes em 100 gramas de diversas opções de ossos carnudos crus (em inglês).
Carnes desossadas
Carnes fornecem predominantemente proteína, mas também vitaminas, ácidos graxos e minerais. Ovos e peixes entram nessa categoria, contribuindo com uma infinidade de outros elementos valiosos.
Pode não parecer, mas seu peludo é um carnívoro oportunista. O cão descende do lobo e compartilha com essa espécie 99,9% do seu DNA mitocondrial, sendo inclusive capaz de acasalar com um lobo e gerar descendentes férteis. E lobos, embora também devorem frutas, raízes e gramíneas, se alimentam predominantemente de presas.
Ao contrário de nós, que somos onívoros clássicos, os cães não conseguem aproveitar tão bem proteínas de origem vegetal. A carne de músculo animal chega a 71% de aproveitamento. A proteína do ovo vai além: bate em 91% de assimilação. As proteínas de soja e a do glúten de trigo, por sua vez, são apenas 56% e 37% aproveitadas*, respectivamente.
O coeficiente de proteína que não é assimilado pelo corpo é eliminado, sobrecarregando os rins. Simplesmente não é verdade que uma dieta baseada em proteínas vegetais previne doença renal em cães. Muito pelo contrário.
Não há como enfatizar o bastante a importância de fontes de proteína animal de alto valor biológico – ovos, carnes, peixes – para a saúde dos cães.
Na Alimentação Natural crua com ossos, algumas vísceras são oferecidas como se fossem carnes. São elas: moela, língua, coração e bucho. Essas peças são musculosas, se assemelhando mais a carnes do que a miúdos como o fígado ou rim.
E ainda têm a vantagem de serem mais em conta que carnes como músculo, peito de frango etc.
Carnes desossadas representam 15% do total de alimentos da Alimentação Natural crua com ossos para cães.
Fontes de proteína animal adequadas
Qualquer carne que não seja muito gordurosa é aceitável.
⦁ Frango: peito, coxa desossada, moela, coraçãozinho sem a gordura e sobrecoxa desossada
⦁ Porco: lombo suíno, filé mignon suíno e coração sem gordura
⦁ Boi: músculo, lagarto, língua, patinho, coxão mole, bucho, coxão duro e coração sem gordura
⦁ Ovos: de galinha, pata, codorna, perua (gema e clara)
⦁ Cabrito: qualquer corte magro
⦁ Carne de rã (é magrinha)
⦁ Carne de codorna
⦁ Carne de coelho (é magrinho)
⦁ Filé de peixe (detalharei opções a seguir)
⦁ Outras espécies: avestruz, camarões, capivara etc (desde que você possa bancar rs)
Carnes muito gordurosas
Carne de cordeiro, de pato, salmão, pernil suíno, costela e cupim são bastante
gordurosas. Omita da dieta de cães que apresentam gastrite (vômitos), problemas no fígado, pâncreas ou que estão acima do peso.
Há outras carnes, como acém, coxa e sobrecoxa desossada, que também são um pouco gordurosas e devem ser oferecidas com moderação a cães com as sensibilidades descritas acima.
Como preparar?
Não é recomendável lavar as carnes, salvo em caso de sujeira aparente. Lavar a carne leva partículas da superfície para dentro dela.
Compre carnes sem excesso de gordura e já cortadas em cubos grandes ou cubos pequenos (“corte estrogonofe”), é só combinar com o fornecedor. Ou corte em casa.
Evidentemente, as carnes na AN crua com ossos são oferecidas cruas. Ou seja, dispensam totalmente cozimento.
Super importante: para serem oferecidas crus com segurança, carnes, ossos e vísceras cruas devem obrigatoriamente passar por um período de congelamento profilático em freezer que leva de 3 a 7 dias, dependendo do tipo de carne. Esse cuidado destrói parasitos que podem estar presentes nesses alimentos crus. Leia aqui TUDO sobre bactérias e vermes que carnes cruas podem veicular e como driblá-los com segurança e eficiência.
Coração, uma carne que não pode faltar na dieta
Se vivesse na natureza, seu cão beberia o sangue de suas presas. Soa macabro, eu sei, mas é verdade. Sangue é rico em aminoácidos e minerais, como ferro e sódio.
Nós não temos condições de oferecer sangue aos pets. Primeiro, porque seria nojento, mas, principalmente, porque o sangue é drenado no momento do abate dos animais de produção e destinado a outros propósitos. (Ao contrário do que muitos pensam, aquela aguinha avermelhada que a carne solta ao descongelar não é sangue. É apenas água e elementos como hemoglobina liberados de células rompidas pelo processo de congelar-descongelar a carne.)
É aí que entra o coração cru. Essa câmara musculosa onde o sangue é bombeado fornece proteína, ferro, enzimas, vitaminas e elementos valiosíssimos para a saúde dos olhos e do próprio coração do cão, como coenzima Q10, L-taurina e L-carnitina. Incluir coração na AN cozida algumas vezes por semana é uma forma de repor os nutrientes que o sangue ofertaria. Costuma ter ótimo preço e pode ser de qualquer espécie: frango, boi, porco, cordeiro, cabrito, peru, pato etc. Mas descarte a gordura, deixando só o “músculo” da peça.
Peixes
Pescados são super densos em nutrientes. Sua proteína costuma ter excelente aproveitamento pelo organismo, da ordem de 83%. A oferta semanal de peixes como a sardinha e a cavalinha é enfaticamente recomendada por experts em AN. Uma consulta ao teor de nutrientes desses peixes revela o porquê de tantos elogios.
Em apenas 30g de sardinha encontramos os seguintes nutrientes:
⦁ Quase 7g de proteína, mais que no peito de frango e carne vermelha.
⦁ 30UI de vitamina A, importante para a pele, imunidade e saúde dos olhos.
⦁ 110mg de cálcio, mais de 3x o teor encontrado no leite.
⦁ 80UI de vitamina D, fundamental para a saúde óssea, 15x mais que no fígado de boi.
⦁ 2.5mcg de vitamina B12, 4x mais que o acém.
⦁ 111mg de potássio, mineral amigo da saúde cardiovascular.
⦁ 414mg de ácidos graxos ômegas-3 EPA e DHA, que estão na moda por seus atributos anti- inflamatórios e antialérgicos.
⦁ 0.8mg de ferro, 6x mais que o peito de frango.
⦁ Quase 15mcg de selênio, um mineral que ajuda a desintoxicar o fígado, fortalece a imunidade e é fundamental para a glândula tiroide.
⦁ Quase 11mg de magnésio, o dobro do encontrado no fígado, mineral importante para a saúde do coração e para regular o humor.
Vamos combinar que não dá pra deixar os peixes de fora da dieta do seu peludo, né?
Quais peixes podem ser oferecidos?
Se estivermos falando de oferta do peixe inteiro, com escamas, vísceras e espinha, prefira sempre peixes pequenos, de até um palmo ou menores. Caso das sardinhas pequenas, cavalinhas menores, manjuba, lambari, trilha. Sendo menores, esses peixes têm espinhas molinhas e curtas, seguras para deglutição.
Costumo servir para meus cães peixes completos inteiros ou cortados em pedaços – eles adoram! Tenho cães de porte médio e grande, mas mesmo minha Teckel de apenas 4,5kg, a Maya, come peixes com espinha, escamas, cabeça e nadadeiras e nunca engasgou (clique aqui para assistir a um vídeo curtinho dela devorando uma refeição de sardinha.)
Sempre que o pet aceita, indico oferecer peixes completinhos (vísceras, cabeça etc), por serem raras as oportunidades de servirmos presas inteiras, em sua harmonia natural de tecidos e nutrientes. Conforme informado no parágrafo sobre ossos carnudos crus, peixes servidos com espinha podem substituir os ossos das refeições uma vez por semana, pois fornecem cálcio.
Se você tem receio do seu cachorro não curtir peixe com tudo ou se engasgar com as espinhas, compre somente o filé (ou posta), limpinho, sem as espinhas. Ao optar por servir somente o filé, qualquer espécie de peixe é adequada.
Algumas espécies mais populares incluem: anchovas (a natural, não a de lata), as nutricionalmente divinas sardinhas e cavalinhas, trilha, bacalhau (não aquele branco, salgado), pescada, merluza (também conhecida como polaca do Alasca), truta, salmão, saint peter (ou tilápia), peixe porquinho, manjuba, tambaqui, linguado, abadejo, namorado e corvina. “Algumas” porque você certamente encontrará dezenas de espécies de peixes em peixarias, feiras-livres e mercados.
Existe risco na oferta de peixe cru ao pet?
Sim, existem certos riscos que podem facilmente ser driblados. Algumas espécies de peixes podem transmitir a tênia Diphyllobothrium latum, e o salmão e truta selvagens podem veicular a bactéria Neorickettsia helminthoeca. Nos Estados Unidos, onde a intoxicação por consumo de salmão selvagem cru é frequente, recomenda-se evitar o consumo e oferta desse peixe cru aos pets.
Além disso, algumas espécies de peixes crus – caso do atum, arenque, cavalinha, sardinha e carpa – contêm um antinutriente em sua carne: a enzima tiaminase. Essa enzima degrada a vitamina B1, ou tiamina. Assim, o indivíduo que consome peixe cru
com muita regularidade pode acabar acumulando tiaminase e ficar deficiente em vitamina B1.
Há formas de contornar esses riscos:
⦁ Cozinhe moderadamente o peixe. O tratamento por calor mata parasitos e destrói a enzima tiaminase.
⦁ Congele o peixe cru em freezer por 7 dias antes de servi-lo. De acordo com a Anvisa, esse cuidado aniquila os parasitos. A tiaminase, entretanto, permanecerá ativa. O congelamento não a destrói. Como a deficiência de vitamina B1 ocorre somente com ingestão prolongada de tiaminase, restrinja a oferta de peixe cru a um dia por semana e seu peludo não correrá risco.
Como preparar?
Cozinhe os filés ou peixes inteiros moderadamente – já será o suficiente para destruir os vermes – em panela com pouca água, em assadeira, em grelha, em frigideira (não frite, apenas “grelhe” na própria água do peixe ou em um pouquinho de manteiga ou óleo de coco). Não use margarina (é fonte de gorduras trans) nem óleos como soja, milho, canola ou girassol – são gorduras inflamatórias, prejudiciais à saúde.
Se optar por cozinhar o peixe em panela a vapor, eis uma dica para reduzir o cheiro de peixe na sua cozinha: compre limão, corte uma unidade ao meio e deixe uma metade junto com o peixe (na cestinha destacável da panela) e a outra metade na água, no fundo da panela. Isso neutralizará o odor em 70 a 80%!
Não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de microondas nem panela de pressão.
Quais são os peixes que fornecem ômegas-3?
Ômegas-3 DHA e EPA são ácidos graxos (gorduras) super do bem, que modulam quadros inflamatórios, combatem alergias, protegem a pele, o cérebro e o coração, dentre uma
infinidade (mesmo!) de benefícios. Muitos alimentos fornecem outro ômega, o da série 6. Mas são relativamente poucos os alimentos que concentram os valiosos ômegas da série 3.
O camarãozinho microscópico krill e os peixes marinhos oriundos de águas geladas e profundas são boas fontes desse lipídeo – caso do arenque, da anchova, da sardinha, da cavalinha, do atum e do salmão.
Mas é importante ressaltar que somente o salmão selvagem, aquele pescado no oceano, tem ômegas-3. Infelizmente o “salmão” que encontramos à venda no Brasil é oriundo de cativeiro. No seu habitat natural, o salmão se alimenta de camarõezinhos que lhe rendem o pigmento rosado da sua carne e os preciosos ômegas-3.
Em contrapartida, o salmão de cativeiro come ração de milho e soja – que não se convertem em ômegas-3 e tampouco no tom róseo da carne. Nosso salmão é tratado com corantes pra ficar rosado.
É importante ressaltar que o ômega-3 de fontes vegetais, encontrado nas sementes de chia, linhaça e castanhas, não é tão bem assimilado pelo organismo canino.
Peixes a evitar
Nem todo peixe pode ser oferecido regularmente aos pets. Peixes predadores de grande porte, que vivem vidas longas e são pescados mais velhos apresentam carne mais contaminada por metais pesados, como chumbo, arsênico e mercúrio, além de outros poluentes. Essas toxinas se acumulam facilmente num corpo menor como o de nossos cães e podem causar sérios prejuízos à imunidade, sistema neurológico e endócrino, além de câncer.
Por isso evite peixões marinhos como cação, espada e atum. Se fizer muita questão de servir atum, procure restringir a oferta a uma vez no mês.
Frescos x congelados x enlatados
O bom senso já nos diz, né? Peixe fresco é melhor que congelado. Mas se você mora em uma região onde não é fácil encontrar peixe fresco, vá de congelado mesmo.
E peixe enlatado? Bem, provavelmente não vai fazer mal oferecer de vez em quando atum ou sardinha em lata. Na verdade, são bons quebra-galhos quando acaba a carne e não dá tempo de comprar mais. Se tiver que usar, prefira sardinha conservada em azeite de oliva, porque óleos de soja e milho são alergênicos. Em relação ao atum, prefira o tipo conservado em água. Mas descarte o líquido, é lotado de sal.
Ovos
Seu amigão pode comer ovos de galinha, codorna, pata, perua etc. A proteína do ovo é a mais bem aproveitada que existe. Ponto final. É em relação a ela que todas as outras proteínas são comparadas. Sua digestibilidade chega a 99%, gerando virtualmente zero resíduo para o rim eliminar.
O ovo ainda é repleto de vitaminas, dentre elas a colina, fundamental para o bom funcionamento do cérebro, coração e membranas celulares. A fosfatidilcolina presente na gema previne acúmulo de colesterol e gorduras no fígado, além de barrar elementos tóxicos.
Também é excelente para os olhos: contém luteína e zeaxantina, antioxidantes que previnem a degeneração macular. Ovo é fonte do mineral selênio (que protege o fígado, ativa a tiroide e fortalece a imunidade) e fornece vitaminas do complexo B. Contém ainda enxofre, que favorece unhas e pelos mais bonitos e fortes – e de crescimento mais rápido!
E o colesterol?
Ofereça o ovo completo: gema e clara. A gema é justamente a parte do ovo mais rica em nutrientes. Não se preocupe com colesterol. Níveis elevados de colesterol em pets são relativamente incomuns e quando aparecem, geralmente são consequência de disfunções endócrinas, não da dieta.
Cães e gatos são sortudos, eles não sofrem de acúmulo de placas de gordura nas artérias. Isso porque metabolizam gordura diferentemente de nós. Você nunca ouviu falar de um cão ou gato que tenha passado por uma cirurgia para colocação de ponte de safena, não é verdade?
Ovo cru ou cozido?
Ovos crus são mais nutritivos e a maioria dos cães adora e os tolera bem. Podem veicular a bactéria salmonela, é verdade. Mas o que pouca gente sabe é que a salmonela é um habitante normal do intestino da maioria dos cães.
Um estudo mostrou que até mesmo cães alimentados exclusivamente com ração eliminam essa bactéria nas fezes. Graças ao hábito natural canino de fuçar e lamber tudo, de patas a fezes, chão, lixo, grama etc, em algum momento de suas vidas nossos peludos acabam entrando em contato com essa bactéria difusamente presente no ambiente. Tanta exposição a bactérias como a salmonela acaba tornando nossos pets resistentes a ela.
Ovos crus também contêm um antinutriente, assim como a tiaminase presente em algumas espécies de peixes crus. Estou falando da avidina, uma proteína que pode bloquear a absorção da biotina (ou vitamina H), integrante do complexo B. O cozimento destrói completamente a avidina. Mas não é necessário ir tão longe – a não ser que seu cachorro prefira ovo cozido.
Deficiência de biotina por consumo de ovo cru é raro e está associada ao
consumo prolongado apenas da clara crua, sem a gema. A gema fornece doses generosas de biotina, compensando os efeitos da avidina da clara. Desde 2008 ofereço ovos crus aos meus pets e acompanho incontáveis pacientes adeptos de dietas com ovos crus.
Acredito ser seguro oferecer ovos crus – desde que o pet goste e não apresente nenhum sinal de intolerância, como vômitos ou diarreia – até 2 dias por semana. A quem deseja oferecer ovos com maior frequência recomendo cozinhar. Essa tem sido minha orientação desde 2008, com resultados seguros.
Convencionais ou orgânicos?
Se puder comprar ovos orgânicos ou de galinhas criadas soltas (ovos caipiras), melhor. Eles são mais nutritivos e contêm menos toxinas.
Se ovos orgânicos ou de galinhas criadas soltas estiverem fora do seu orçamento, compre ovos convencionais. O que não vale é deixá-los faltar na dieta.
Como incluir ovos na dieta?
O ovo de galinha pesa em média 50 gramas e o de codorna, 11 gramas. Uma a duas vezes por semana, simplesmente substitua 50g da porção de carnes do total diário seu peludo por 1 ovo de galinha cozido. Se a porção diária de carnes dele não chega a 50g, use ovo de codorna.
Exemplos:
Se seu cão recebe 80g de carne crua desossada por dia, simplesmente substitua 50g dessa carne por 1 ovo de galinha. O total diário vai ficar assim: 30g de carne + 1 ovo. Faça isso uma ou duas vezes por semana.
Se você tem um cãozinho que recebe um total de 30g de carne desossada por dia, simplesmente troque a porção de carne por 2 ou 3 ovinhos de codorna ou meio ovo de galinha, uma a duas vezes por semana. O ovo pode substituir parcialmente ou totalmente a porção de carnes da dieta.
Se você tem um cão de porte grande ou gigante, tudo bem usar até
dois ovos de galinha por dia. Em geral, não há problema incluir ovos com maior frequência na dieta, por exemplo, três vezes por semana.
Vísceras
Também conhecidas como miúdos ou órgãos, essas peças são uma indispensável reserva de vitaminas e minerais para carnívoros como o seu cão. A presença diária de um pouco de vísceras na dieta previne e corrige deficiências nutricionais e faz as vezes dos órgãos da presa que o seu predador de estimação abateria na natureza.
Eu sei que a maioria de nós considera vísceras nada apetitosas. Mas não deixe de oferecê- las só porque você não as comeria ou por achar que as carnes já fornecem esses nutrientes. Não é verdade; carnes são infinitamente mais pobres que as vísceras. Uma
pequena quantidade de vísceras diariamente na dieta é fundamental para garantir o sucesso da AN. Lembre-se: o corpo não produz minerais, eles precisam obrigatoriamente vir da alimentação.
Como vimos anteriormente no item “carnes”, peças como língua, moela, coração e bucho não são consideradas vísceras, mas carnes, por serem musculosas.
As vísceras representam 10% do total de alimentos na dieta de cães adultos e 5% na dieta dos filhotes. Mas acredite: esses 5 a 10% de miúdos na dieta costumam ser o bastante.
Abusar de vísceras pode acarretar diarreia e até problemas de saúde por excesso de vitaminas.
Consideramos como sendo vísceras os seguintes órgãos, de qualquer animal:
Fígado de qualquer animal (os mais fáceis de encontrar são o de frango e o de boi, mas há quem ache de porco)
⦁ Rim
⦁ Baço (conhecido vulgarmente como “passarinha”)
⦁ Pulmão (ou “bofe”)
⦁ Cérebro (o “miolo”)
⦁ Pâncreas (infelizmente é super difícil de encontrar)
Fígado
Costumo chamar o fígado de “rei das vísceras”, porque ele é de longe o item mais importante dessa categoria. Se você não comprar outras vísceras por falta de disponibilidade (ou por nojo) e tiver que escolher apenas uma víscera, escolha o fígado e pelo menos varie entre o bovino e o de frango.
Fígado é simplesmente a fonte mais concentrada que existe de vitamina A (a saúde dos olhos, pele e a imunidade agradece!), mas também fornece vitaminas C, D, E, K, os minerais selênio, manganês, zinco e ferro, além de conter todas as vitaminas do complexo B, em especial B2, B3, B5, biotina, ácido fólico, B12, colina e inositol. Quer mais? Fígado é uma proteína de excelente qualidade e ainda apresenta um pouco de ácidos graxos ômegas-3 e 6.
Não se deixe levar por alegações de que fígado é obrigatoriamente um alimento contaminado, cheio de toxinas. Sinceramente? Ao riscar o fígado do cardápio, quem sai perdendo é o seu peludo. Há muito mais excelentes razões para inclui-lo na dieta que para omiti-lo.
Não há bons motivos para desconfiar de fígado de boa procedência, comprado em um estabelecimento onde você compraria alimentos
para você e para a sua família. Antes do abate, os animais de produção são submetidos a um rigoroso jejum de sólidos e durante esse período é proibido administrar a eles qualquer
medicamento. Essa conduta favorece a desintoxicação de resíduos, purificando também o fígado do animal.
E veja que interessante: comer fígado ajuda no combate a toxinas. Isso porque fígado contêm doses generosas de vitaminas do complexo B e selênio, elementos que participam da desintoxicação do organismo.
Desde 2008 ofereço regularmente fígado de boa procedência aos meus pets. Monitoro a saúde deles com exames semestrais e até hoje nenhum deles exibiu nenhum sinal de intoxicação ou de dano hepático ou renal. Mas não fico só no fígado como víscera; na vasilha dos meus pets também entram baço, pulmão, cérebro e rim.
Se ainda assim você tem receio de oferecer esse miúdo, saiba que pode comprar fígado de frango criado em sistema livre de antibióticos ou orgânico (um exemplo seria o da marca Korin).
Outras vísceras
Nutricionalmente, o rim é similar ao fígado, com bons níveis de ácidos graxos, vitaminas como a A, D, E e K, além de zinco, ferro, todas as vitaminas do complexo B e, claro, proteína. Uma vantagem sobre o fígado é o preço, muito mais baixo. Isso faz do rim uma víscera interessante a quem tem muitos pets ou cães de porte grande.
Pulmão (ou bofe) é super baratinho, mas dentre as vísceras, é um pouco mais pobre em nutrientes. Mesmo assim, costumo inclui-lo na dieta dos meus pets porque contém bastante vitamina C e uma substância chamada surfactante, benéfica ao sistema respiratório.
Pouca gente sabe disso, mas o baço apresenta nove vezes mais ferro que o fígado! Isso porque ele na verdade é uma polpa de glóbulos vermelhos. Também costuma ter um preço ótimo. Conhecido vulgarmente como “passarinha”, esse órgão fornece ainda potássio, selênio e magnésio, além de proteína, em quantidades apreciáveis.
Cérebro, ou “miolo”, é uma excelente fonte de glicose, vitamina C, vitamina B12, niacina, selênio e é riquíssimo em ômegas-3 DHA e EPA, gorduras do bem que protegem justamente o cérebro.
Pâncreas e intestino (conhecido em inglês como green tripe) infelizmente são difíceis de encontrar.
O pâncreas reúne um universo de enzimas que ajudam a digerir melhor os alimentos, otimizando o aproveitamento dos nutrientes e prevenindo gastrite, diarreia e até alergias (sim, existe uma importante relação entre má digestão e reações alérgicas).
Intestino, a víscera mais nojenta de todas, é o segundo miúdo mais valioso depois do fígado. O duro é encontrá-lo. Fora do Brasil, o green tripe pode ser comprado até pela Internet. E é importante que esteja integral, “sujinho”, contendo um pouco de fezes da vaca.
Porque aí é certeza que contém fibras (pasto digerido), enzimas e trilhões de bactérias
saudáveis, tornando o intestino um valioso probiótico.
(Re)lembrando que peças como língua, bucho, coração e moela não contam como vísceras, mas como carnes (veja o parágrafo sobre carnes). Tenho uma regrinha que ajuda a memorizar e distinguir uma categoria da outra. É melequento, viscoso? Então é víscera. Rim, miolo, pulmão e fígado são assim. Parece carne? Conta como carne. Moela, língua e coração têm aparência de bife.
Como preparar?
Não é recomendável lavar carnes e vísceras, salvo em caso de sujeira aparente. Lavar esses alimentos leva partículas da superfície para dentro delas.
Compre vísceras limpas, sem excesso de gordura e já cortadas em tiras, cubos grandes ou cubos pequenos (“corte estrogonofe”), é só combinar com o fornecedor. Ou corte em casa.
Evidentemente, as vísceras na AN crua com ossos são oferecidas cruas. Ou seja, dispensam totalmente cozimento.
Super importante: para serem oferecidas crus com segurança, carnes, ossos e vísceras cruas devem obrigatoriamente passar por um período de congelamento profilático em freezer que leva de 3 a 7 dias, dependendo do tipo de carne. Esse cuidado destrói parasitos que podem estar presentes nesses alimentos crus. Leia aqui TUDO sobre bactérias e vermes que carnes cruas podem veicular e como driblá-los com segurança e eficiência.
Vegetais
Na natureza lobos complementam a dieta com frutas, raízes, uma parte dos vegetais em processo de digestão presentes no estômago e intestino das presas e mordiscam graminhas – hábito que nossos cães mantêm até hoje.
O consumo de matéria vegetal fornece fibras solúveis e insolúveis que auxiliam no trânsito intestinal, prevenindo constipação e favorecendo colônias de bactérias intestinais benéficas. Além disso, legumes, hortaliças, frutas e verduras contribuem com vitaminas, minerais e preciosíssimos fitonutrientes – é o caso de antioxidantes como os carotenóides e flavonóides que combatem doenças degenerativas como o câncer e retardam o envelhecimento. Vegetais na AN crua com ossos para cães representam 25% da dieta para cães adultos e 20% da dieta para cães filhotes.
Você pode incluir uma ampla variedade de vegetais na dieta do seu peludo. Contudo, há algumas regrinhas a seguir para algumas famílias de vegetais.
Vegetais sem restrição
Itens que podem ser oferecidos até diariamente:
⦁ Folhas: agrião, catalonia, salsão, alface, rúcula, acelga, folhas de beterraba, folhas de cenoura, salsinha, salsa e manjericão
⦁ Quiabo
⦁ Pimentões (prefira os vermelhos e amarelos; são mais nutritivos e fáceis de digerir que os verdes. Não precisa retirar a pele, mas remova as sementinhas)
⦁ Chuchu (não precisa descascar)
⦁ Alcachofra
⦁ Rabanete
⦁ Pepino
⦁ Aspargos
⦁ Palmito pupunha ou palmito açaí
⦁ Ervilha-torta (também conhecida como “orelha de padre”)
⦁ Vagem macarrão e holandesa
⦁ Tomate (não precisa retirar as sementinhas ou a pele)
⦁ Talos de salsão
⦁ Cenoura
⦁ Abóbora de qualquer tipo (também conhecida como jerimum)
⦁ Brócolis
⦁ Couve-flor
⦁ Repolho
⦁ Beterraba
⦁ Berinjela
⦁ Jiló
⦁ Brotos germinados de alfafa, trevo, feijão ou brócolis
⦁ Algas (nori, akame, kombu etc)
Quer uma dica? Não esqueça das folhas, principalmente as verde-escuras. Elas são incrivelmente densas em nutrientes. Associe regularmente folhas picadinhas (cruas ou cozidas, mas sempre bem picadinhas) aos legumes do seu amigão.
Se preferir, pode refogá-las em um pouquinho de manteiga sem sal ou óleo de coco e alho picadinho (não use cebola, é tóxica para os cães). Nossos cães são fãs de couve, salsão e rúcula e comem bem até mesmo agrião e espinafre.
Espinafre
Que esse verdinho é uma superpotência em termos de nutrientes, todo mundo que cresceu assistindo Popeye sabe. O que pouca gente sabe é que ele concentra quantidades enormes de um elemento chamado ácido oxálico, que pode favorecer a formação de cristais e cálculos (“pedras”) de ácido oxálico em indivíduos geneticamente predispostos a isso e que consomem espinafre com muita regularidade. Minha dica é oferecê-lo uma vez por semana, cortado fininho (picado ou triturado) e cozido em água com panela descoberta.
Depois descarte a água do cozimento do espinafre. Esses cuidados reduzem a concentração de ácido oxálico.
Vegetais a evitar
⦁ Cebola: é tóxica para cães, causando uma grave anemia.
⦁ Soja: não é uma fonte de proteína completo para carnívoros e está associada a desbalanços hormonais e alergias em cães e gatos.
⦁ Milho: está associado a alergias em cães e gatos e a maioria da produção no Brasil é transgênica.
Evite também combinar na mesma receita vegetais que fermentam, como brócolis, couve-flor e repolho. Ou seu pobre peludo poderá virar um saco-de-puns e sofrer com dor abdominal.
Cão com dor nas articulações? Maneire nas solanáceas!
Existe uma família de legumes conhecidos como solanáceas. Fazem parte dela o jiló, os pimentões, a berinjela, o nabo, o tomate, o pepino e a batata branca. Alguns estudiosos
têm contraindicado os vegetais dessa família a indivíduos (humanos e animais) que sofrem de doenças inflamatórias, principalmente ortopédicas, como artrite ou artrose. Eles alegam que esses legumes concentram alcaloides que podem agravar as dores do quadro. Mas tudo bem mantê-los no cardápio de caninos saudáveis.
Vegetais frescos x congelados x enlatados
O bom senso já diz, né? Frescos são sempre mais nutritivos. Mas é útil ter no freezer alguns pacotes de legumes cortadinhos congelados, tipo seleta, para imprevistos. Eles resistem por meses. Legumes enlatados, em contrapartida, não são uma boa
alternativa: costumam ser lotados de sódio e podem conter aditivos controversos, como conservantes e reguladores de acidez.
Vegetais crus ou cozidos?
Por causa de seu intestino curto e limitado, a especialidade dos cães não é digerir vegetais. Isso fica claro quando eles ganham cenoura crua para roer. No dia seguinte, o cocô está cheio de pedacinhos alaranjados mal digeridos. Mas calma, não é pra deixar de oferecer cenoura crua como “lanche” ao seu amigão. O objetivo do “lanche” não é tanto nutrir, mas distrair e premiar o pet, de modo que não tem problema ele não aproveitar bem a cenoura crua.
Com os vegetais oferecidos nas refeições, contudo, a coisa é diferente. Queremos que o peludo digira e assimile ao máximo os nutrientes desses alimentos. E para isso acontecer, precisamos modificar a estrutura da celulose dos legumes. Precisamos meio que pré-digerir os vegetais para eles.
Existem duas maneiras de servir os vegetais na AN crua com ossos para cães: triturando-os crus, ou cortando-os em pedaços e cozinhando-os. (Há até quem cozinha levemente os vegetais e em seguida os tritura, o que também é super vantajoso.) A trituração com liquidificador, processador ou mixer destrói a parede de celulose do vegetal, aumentando sua digestibilidade. O que não vale é servir nas refeições legumes e verduras cruas em pedaços – sem triturar ou cozinhar.
Mas cru ou cozido? Tanto faz, na verdade. Legumes cozidos são mais gostosos e certos fitoquímicos, como o licopeno do tomate, são ativados pelo cozimento. Crus concentram mais vitaminas e retêm enzimas que auxiliam na digestão dos alimentos.
Veja o que seu cão prefere. Se ele aceitar vegetais triturados crus e misturados a carnes e vísceras, ótimo. Assim é menos trabalhoso. Mas se ele só gosta de legumes cozidos, tudo bem, também. E se você preferir alternar a oferta de legumes crus e triturados com legumes cozidos e cortados, tudo bem também. Provavelmente assim seu peludo terá acesso ao melhor que cada tipo de preparo tem a oferecer.
Apenas tenha em mente que nem todo vegetal pode ser oferecido cru. Alguns legumes não são bem digeridos crus, mesmo que sejam triturados. Veja abaixo quem são eles e cozinhe-os sempre:
⦁ Batata-doce
Mandioquinha (também conhecida como batata salsa ou batata baroa)
⦁ Cará
⦁ Inhame
⦁ Vagem
⦁ Ervilha-torta (ou “orelha de padre”)
⦁ Ervilha
⦁ Abóbora (ou jerimum)
Os demais legumes podem ser oferecidos crus ou cozidos.
Como preparar?
Cascas em geral concentram fibras e nutrientes interessantes. Tudo bem mantê-las se seu cão não se importar e não apresentar sinais de indigestão (gases, fezes amolecidas).
Se optar por oferecer legumes crus, lave-os bem e triture-os usando um mixer, processador ou liquidificador comum com um pouquinho de água para bater melhor. Ralar não é o bastante, é preciso triturar. Combine vegetais adocicados com vegetais amargos. Cenoura ou beterraba (adocicados) com couve-manteiga ou brócolis, por exemplo. É um jeito de deixar a polpa mais gostosa. Adição de um pouco de alguma fruta também adoça o “purê”.
Se decidir cozinhar os vegetais, use assadeira, panela de vapor ou panela com água. Refogá- los com um fio de óleo de coco, manteiga sem sal ou azeite também é boa pedida.
Cozinhe até ficarem tenros; nem muito moles, nem duros. O cozimento excessivo acarreta perda de nutrientes. Não recomendo cozinhar os alimentos para pets usando forno de
microondas nem panela de pressão.
E quanto aos grãos, cereais e leguminosas?
Alimentos como arroz, feijão, lentilha, aveia, quinoa, amaranto, cevada, cevadinha, triguilho, soja, milho e centeio ficam de fora da Alimentação Natural crua com ossos. Essa AN se preza de imitar a composição da dieta natural do lobo. É daí que vêm as vantagens e benefícios únicos desse sistema. Canídeos não consomem grãos e cereais na natureza.
Enquanto carnes, vísceras e ossos são digeridos com facilidade no estômago dos cães, grãos, cereais e leguminosas requerem uma lenta digestão intestinal. A inclusão desses alimentos não tem a ver com a proposta da Alimentação Natural crua com ossos.
Ervas e especiarias
Temperinhos como alecrim e salsinha fazem muito mais que apenas saborizar e perfumar as refeições. Eles contribuem com antioxidantes importantes e com fitonutrientes capazes de desintoxicar o fígado, afinar a bile, estimular a imunidade, proteger contra fungos e estabilizar as taxas de açúcar no sangue. As opções seguem abaixo:
⦁ Salsinha
⦁ Alecrim
⦁ Estragão
⦁ Tomilho
⦁ Orégano
⦁ Dill / Endro
⦁ Manjericão
⦁ Sálvia
⦁ Hortelã
⦁ Canela
⦁ Açafrão-da-terra (a cúrcuma)
⦁ Gengibre fresco ralado
Frescos e picadinhos na hora são mais nutritivos, mas você pode usar a versão desidratada à venda em supermercados, principalmente se a intenção for adicionar aroma e sabor às refeições.
Acrescente uma pitada durante o cozimento dos vegetais ou no momento de triturá-los, ou ainda na hora de servir a refeição. Mas não use o mesmo temperinho diariamente por um período prolongado. Ervas e raízes têm propriedades medicinais e podem interagir com compostos da dieta e medicações. O ideal é variar os verdinhos!
Se seu peludo não curtir, esqueça. São completamente opcionais.
Frutas
Elas são deliciosas e nutritivas! São inúmeras as opções de frutas para complementar a porção de vegetais da dieta ou serem oferecidas à parte, como lanche ou petisco: blueberries (mirtilo), maçã ou pêra sem sementes (as sementes delas contêm ácido cianídrico, uma substância tóxica), pêssego (sem caroço), abacate (a polpa não é tóxica, mas a casca é), ameixa, banana, melancia, melão, goiaba, morango, mamão, kiwi, laranja, mexerica, abacaxi, romã, acerola, pitanga, caqui, jabuticaba, romã, figo, damasco, framboesa, manga (sem caroço) etc.
Somente duas frutas devem ser riscadas do cardápio do pet: as uvas (incluindo passas) e a carambola. Ambas podem prejudicar os rins dos cães e gatos.
Mesmo as cítricas podem ser oferecidas, desde que com moderação. O pH do suco gástrico do cão é extremamente ácido, por volta de 1.0. O que é acidez para um estômago já mega ácido? De qualquer maneira, use o bom senso. Se seu peludo passou mal logo após ingerir um pedaço de fruta cítrica, não ofereça mais.
Você pode até incluir um pouco de frutas na porção de legumes e verduras da dieta. Só não substitua totalmente os legumes por frutas. Elas contêm açúcar, que, combinado com a proteína das carnes e um pH estomacal super ácido, pode emperrar a digestão.
Frutas podem ser oferecidas com casca ou não – como seu amigão preferir. Minha Golden Retriever, a Corah, adora até casca de banana. As cascas que restrinjo são a do maracujá, do abacate (contém uma toxina), do melão e da melancia.
Ao servir frutas como lanche, não ultrapasse a quantidade máxima recomendada de petiscos, que é de 10 a 15% a mais do total de alimentos oferecidos no dia. Por exemplo, se seu cão recebe 500g de AN por dia, você pode oferecer a ele 50g a 75g à parte de frutas como petisco. Mais que isso interfere no balanceamento da dieta e fornece açúcar (frutose) em excesso. Mesmo que o seu canino seja louquinho por frutas, não abuse da quantidade.
Atenção
Complementos
Toda e qualquer dieta caseira requer adição de alguns complementos. Até mesmo as mais bem preparadas, com ingredientes selecionadosde excelente qualidade. Complementos são indispensáveis por vários motivos:
⦁ Eles devolvem à dieta nutrientes perdidos durante o congelamento, o descongelamento, a trituração e o cozimento dos alimentos.
⦁ Por melhor que seja uma dieta caseira, ela é sempre inferior à alimentação que seu cão teria na natureza. No ambiente natural, presas e predadores vivem em condições ideais e o cão selvagem consome todos os tecidos da presa, incluindo partes nutritivas que não servimos como ossos, sangue, intestino e pâncreas, além de complementos como insetos, cogumelos, sementes etc.
⦁ Assim como você, seu cachorro está exposto aos danos oxidativos do estresse e dos insultos ambientais – poluição, ácaros, pesticidas, agrotóxicos, contaminantes na água, resíduos de medicamentos, de pipetas anti-pulgas, de vacinas etc. Se ingeridos regularmente, certos alimentos funcionais são capazes de atuar na neutralização de toxinas, na modulação de quadros inflamatórios e no reforço das defesas naturais do organismo.
⦁ Por todos esses motivos, não deixe de incluir os complementos na dieta do seu cão. Eles são uma categoria indispensável da AN e garantem que seu peludo receba o que precisa para viver com saúde.
Na AN crua com ossos para cães há complementos obrigatórios e opcionais. Veja-os abaixo:
Complementos obrigatórios
⦁ Óleo vegetal de boa qualidade (azeite de oliva extravirgem, óleo de linhaça e/ou óleo de côco)
Complementos opcionais (recomendados)
⦁ Óleo de peixe (ômegas-3) em cápsulas de 500mg ou de 1g
⦁ Iogurte natural integral, coalhada natural integral ou kefir
⦁ Levedo de cerveja em pó
⦁ Sal integral
⦁ Alho fresco picadinho
A quantidade de cada complemento a servir diariamente será informada nos próximos parágrafos. Agora vamos entender em detalhes por que cada um desses complementos merece espaço na dieta do seu peludo.
Sal integral
Por incrível que pareça, o sódio é fundamental para o equilíbrio da pressão arterial, dos sais minerais no organismo e para a saúde dos rins. Está presente no sangue das presas, que não temos condições de oferecer aos pets.
Os melhores sais são o Sal Rosa do Himalaia, o Sal Cinza de Guérande, o Sal Marinho e a Flor do Sal. São sais não refinados que naturalmente contêm dezenas de minerais difíceis de achar em outros alimentos, além de sódio. Você encontra esses sais especiais em supermercados, lojas de produtos naturais e em lojas na Internet.
Valem o investimento, porque duram muuuuuuito tempo. Se não quiser/puder usar esses sais, vá de sal iodado normal, mesmo. Só não deixe de usar.
A dosagem é uma leve pitadinha em uma das refeições diárias ou uma pitada “normal” no preparo dos legumes.
Óleo vegetal
As opções dentro desta categoria são o azeite de oliva extra virgem, o óleo de côco e o óleo de linhaça. Tudo bem escolher somente um, embora variar três óleos seja bastante vantajoso.
O azeite de oliva é um clássico da gastronomia mediterrânea, notória por promover a longevidade, e contribui com ômegas 9, vitaminas E e K, polifenóis (que combatem os temidos radicais livres), além de ser
intensamente anti-inflamatório e prevenir constipação. Prefira sempre a versão extra virgem em garrafa de vidro escurecida.
Óleo de coco também mantém o intestino funcionando bem, além de combater fungos e turbinar a imunidade, graças ao seu ácido láurico, e conferir brilho e maciez incríveis à pelagem.
Por fim, o óleo de linhaça em garrafa escura de vidro fornece um pouco de ômegas 3 e 6 vegetais, contribui para pelos e unhas mais fortes e mantém os olhos bem lubrificados.
Se possível, alterne os três óleos – um por dia, por exemplo.
A dosagem de óleo vegetal de boa qualidade na dieta é a seguinte para cães de:
⦁ até 5kg de peso: 1 colherinha de café sobre 1 das refeições diárias.
⦁ 5 a 15kg de peso: 1 colher de chá sobre 1 das refeições diárias
⦁ 15 a 25kg: 1 colher de sobremesa sobre 1 das refeições diárias
⦁ 25 a 35kg: 1 colher de sopa sobre 1 das refeições diárias
⦁ 35kg ou mais: 1 ½ colher de sopa sobre 1 das refeições ou 2 colheres de sopa
Óleo de peixe em cápsulas – opcional
É uma das principais fontes de ômegas-3 DHA e EPA, gorduras que combatem alergias e inflamações, reduzem as taxas de colesterol e triglicérides e protegem a pele, coração e os vasos sanguíneos. É especialmente benéfica a filhotes e idosos por turbinar o sistema imunológico e o desempenho cognitivo. Além de ajudar na prevenção de doenças, incluir cápsulas de óleo de peixe na alimentação equilibra os ácidos graxos (ômegas-3 e ômegas-6) da dieta.
(Atenção: óleo de peixe não é a mesma coisa que óleo de fígado de bacalhau. Este outro óleo fornece doses elevadas de vitaminas A e D e é indicado para prevenção ou combate ao raquitismo.)
A dosagem de manutenção que sugiro para cães saudáveis de até 15kg de peso é uma cápsula de 500mg três vezes por semana, juntamente com uma das refeições diárias. E para cães com mais de 15kg, sugiro uma cápsula de 1g três vezes por semana. Compre ômegas-3 de óleo de krill (um camarãozinho microscópico) ou de peixe (mais fácil de encontrar) em farmácias humanas, pet shops (há cápsulas específicas para cães) ou em lojas de produtos naturais. Para melhores resultados, mantenha o frasco na geladeira.
A maioria dos cães topa comer a cápsula gelatinosa se você enterrá-la na refeição antes de servir. Mas, se seu peludo for esperto e desprezar a cápsula, corte a pontinha dela com
uma tesoura, despeje o conteúdo na refeição, misture e sirva imediatamente pra não dar tempo do óleo oxidar.
Omita o óleo de peixe da dieta caso seu pet seja alérgico a peixe. Suspenda também em caso de anemia, antes e logo depois de cirurgias e se o pet estiver fazendo uso de medicações que afetam a coagulação (como ciclosporinas e aspirinas), porque o óleo de peixe também afina o sangue.
Obs: peixes como sardinhas e cavalinhas in natura ou mesmo enlatadas são fontes fantásticas de ômegas-3 em seu estado natural. Se puder oferecê-las duas vezes por semana, regularmente, você pode até desconsiderar minha sugestão para suplementação com óleo de peixe em cápsulas.
Iogurte natural integral, coalhada ou kefir – opcional
Alimentos lactofermentados fornecem boas bactérias, como as do gênero bifidobacterium, os famosos lactobacilos. Essas bactérias saudáveis colonizam o intestino e lá melhoram a digestão, sintetizam vitaminas, modulam quadros inflamatórios e defendem o hospedeiro de infecção por bactérias patogênicas, as “do mal”. Essas bactérias boazinhas recebem o nome de probiótico e o imenso bem que elas fazem à saúde é um dos tópicos de pesquisa mais quentes da atualidade.
Kefir são grânulos compostos por bactérias e leveduras usados na produção de uma versão mais “power” do iogurte comum. Leia mais sobre esse super complemento probiótico nesse ótimo blog.
Teoricamente, kefir não se vende (embora possa ser adquirido em sites como o Mercado Livre), se doa. Há fóruns específicos na internet para localização de doadores de grânulos.
Coalhada natural ou iogurte integral são mais opções interessantes de alimentos com efeitos probióticos. Podem ser preparados em casa ou comprados em supermercados.
Escolha produtos com a composição mais simples possível, esses são os melhores. Idealmente, iogurte e coalhada são compostos somente por leite e cultura láctea (as bactérias que transformam leite em iogurte ou coalhada). Fuja de produtos coloridos ou com adição de amido, açúcar, geleias, conservantes etc.
Prefira integrais a desnatados; por incrível que pareça, esses últimos contêm mais sódio e açúcares. Você sabia que é possível preparar iogurte em casa? Confira essa receita, ou ainda, compre sachês de cultura láctea, como o Bio Rich e prepare um super iogurte. Uma vez abertos, iogurte e coalhada podem ser mantidos em geladeira por até uma semana, desde que acondicionados em recipiente tampado.
A dosagem diária de iogurte, kefir ou coalhada na dieta é a seguinte para cães de:
⦁ até 5kg: 1 colher de chá
⦁ 5kg -10kg:1 colher de sobremesa
⦁ 10-20kg: 1 ½ colher de sobremesa
⦁ 20-35kg: 1 colher de sopa a 1 ½ colher de sopa
⦁ 35kg+: 2 colheres de sopa
Ofereça em uma das refeições ou à parte, como lanche, diariamente. Não é necessário (e na verdade nem indicado) adoçar.
Levedo de cerveja em pó – opcional
Esse complemento baratinho, encontrado em gôndolas de farinhas integrais nos supermercados e em lojas de produtos naturais, é fonte de vitaminas do complexo B e minerais difíceis de encontrar em alimentos, como cromo (que estabiliza as taxas de açúcar no sangue), manganês e zinco.
Também é excelente para o intestino, por prevenir infecção pela bactéria salmonela, e por agir como prebiótico. Ele atua como um “adubo” para os probióticos (as boas bactérias intestinais que vimos no tópico anterior), favorecendo suas colônias em detrimento das colônias de bactérias causadoras de doenças.
A dosagem diária de levedo de cerveja na dieta é a seguinte para cães de:
⦁ Até 10kg: 1 colherinha de café
⦁ Acima de 10kg: 1 colher de chá
Ofereça em uma das refeições diárias, diariamente.
Não aconselho incluir levedo de cerveja na dieta de cães predispostos a gases, por ser um pouco fermentativo. Também recomendo deixá-lo de fora da dieta se seu cão estiver em crise alérgica, com coceiras, lambedura de patas, otite ou infecção por fungos no corpo. A levedura pode ser reconhecida pelo organismo como um alérgeno e agravar esses quadros.
Alho
Sim, é verdade que o alho consumido em excesso pode causar anemia nos cães. Mas é só cuidar da dose que essa planta bulbosa traz um mundo de benefícios com muita segurança: combate e previne o câncer e vermes intestinais, regula as taxas de açúcar, triglicérides e colesterol no sangue, aumenta a resistência natural a pulgas e carrapatos, reduz o risco de derrames, desintoxica o fígado e alivia quadros inflamatórios.
Muitos veterinários holísticos, como os norte-americanos autores de livros Dr. Richard Pitcairn Ph.D e a Dra. Karen Becker recomendam há muitos anos a inclusão de um pouquinho de alho na dieta dos cães. A longa tradição de oferta segura também é reconhecida pelo formal órgão norte-americano de pesquisa National Research Council (NRC), que também estabelece diretrizes para formulação de alimentos para pets.
De acordo com esse trabalho científico a dose tóxica de alho para um cão de 32kg seria algo como 75 dentes ou 5 cabeças inteiras de alho, e para um cão de
5kg, meia cabeça de alho ou 5 a 8 dentes. Ou seja, um cão precisaria ingerir uma quantidade ridícula de alho para haver prejuízos à suas hemácias.
Em nossas dietas para pets saudáveis sugerimos a inclusão de algumas lâminas de alho fresco picadinho a uma das refeições diariamente ou a cada 2 ou 3 dias, dose até mais baixa que a recomendada pelos veterinários citados acima.
Desde 2008 monitoramos os hemogramas de nossos cães e de
pacientes que recebem um tiquinho de alho fresco na dieta e até hoje não verificamos nenhum caso de anemia causada por intoxicação por alho – um tipo de anemia facilmente reconhecível por alterações nas hemácias conhecidas como Corpúsculos de Heinz.
Quantidade de alho que indico para cães de:
⦁ até 5kg: 1 lâmina de 0,5cm picadinha
⦁ 5-10kg: 1 lâmina de 1cm picadinha
⦁ 10-25kg: ¼ de um dente médio picadinho
⦁ 25kg ou +: ½ dente picadinho
Adicione diariamente ou algumas vezes por semana a uma das refeições diárias.
Como oferecer alho
Para conferir todos os seus benefícios, o alho precisa estar cru e fresco. Alho até pode ser usado no cozimento dos legumes, mas perde parte de suas propriedades. Ele também precisa ser picadinho ou triturado. Um pedaço inteiro não será digerido no intestino e sairá nas fezes. Por mais tentador que seja, não compre potes de alho já triturado; a maior parte dos compostos benéficos já foi perdida há tempos, pois reage com o oxigênio assim que o alho é triturado (como a vitamina C do suco de laranja).
Para melhores resultados, pique bem fininho e, se possível, aguarde 5 minutos antes de adicioná-lo à refeição do pet. É o tempo que leva para formar um composto chamado alicina, que tem ação contra câncer. Guarde o restante do dente na geladeira, envolto em plástico filme ou papel alumínio ou ainda mergulhado em azeite dentro de um potinho.
Seu pet não curtiu o alho cru na refeição? Acontece. Use alho picadinho no cozimento dos legumes e veja se ele prefere assim. Se não rolar, tudo bem. É um opcional na dieta.
Nas doses indicadas acima, o alho costuma ser muito bem tolerado, mas em caso de reações indesejáveis – gases, arrotos, alergia – interrompa a oferta. Também é importante suspender a inclusão de alho em caso de anemia, antes e logo depois de cirurgias e quando o pet fizer uso de medicações que afetam a coagulação (como ciclosporina), porque o alho afina o sangue.
Como usar os complementos
Os complementos obrigatórios (óleo vegetal e sal) devem estar presentes diariamente. Já os opcionais (óleo de peixe, iogurte, levedo de cerveja e alho) podem entrar algumas vezes por semana ou diariamente. Como preferir. Para meus cães, costumo usar kefir (ou iogurte) e alho diariamente e óleo de peixe e levedo de cerveja três vezes por semana.
Com exceção do óleo de coco e do sal, os complementos não resistem ao congelamento. Por esse motivo é melhor deixar para adicioná-los na hora de servir. Você pode distribui-los nas duas refeições do dia ou concentrá-los todos em uma única refeição, se preferir. Nossa turma canina costuma receber todos os complementos na primeira refeição do dia.
Outros complementos
Folheie livros e visite outros sites sobre Alimentação Natural caseira para pets e você certamente encontrará recomendação de outros alimentos funcionais e nutracêuticos, como a alga fucus (também conhecida como kelp), alfafa em pó, spirulina, clorella, óleo de cânhamo, vinagre de maçã, farinha de linhaça e outros. Muitos desses nutracêuticos são bastante interessantes – gosto bastante da alga fucus e da alfafa em pó – mas infelizmente são difíceis de encontrar no Brasil.
Embora os itens acima contribuam com a saúde, é preciso saber usá-los para não
gerar problemas por sobrecarga de vitaminas e minerais. Afinal, os alimentos já concentram uma infinidade de nutrientes.
Cuidado para não se empolgar e acabar transformando a dieta do peludo em uma iniciativa desnecessariamente cara em que os alimentos são meros coadjuvantes de suplementos. Complemento nenhum supera uma dieta preparada com alimentos frescos e variados!
Quais complementos não usar
Fuja de óleos como o de girassol, milho e soja. Esses óleos são extraídos com aplicação de calor e solventes petroquímicos que deixam resíduos.
Depois são acondicionados em embalagens plásticas transparentes – o que oxida os ácidos graxos, tornando-os inflamatórios. Também tome cuidado com modismos.
Nutracêuticos que nos fazem bem podem ser prejudiciais aos nossos peludos. Um exemplo é o chá verde, notório por seus efeitos anticâncer. Ele concentra doses generosas de ácido oxálico, elemento que fomenta cálculos urinários em indivíduos predispostos. Na dúvida, prefira sempre
usar elementos sabidamente seguros para pets.
Sugestões de combinação
As “receitas” que seguem abaixo ilustram algumas sugestões de combinações. As opções de combinações são infinitas. Sinta-se à vontade para variar os ingredientes de acordo com as opções listadas acima de ossos carnudos crus, carnes, vísceras e vegetais e montar suas próprias receitas de acordo com as preferências do seu peludo e com os alimentos que você tem disponível em casa. Mas siga a proporção de cada categoria de alimentos proposta para a AN crua com ossos. Relembrando:
Para cães adultos: 50% de ossos carnudos crus + 15% de carnes cruas + 10% de vísceras + 25% de vegetais + os complementos.
Para cães filhotes: 60% de ossos carnudos crus + 15% de carnes + 10% de vísceras+ 20% de vegetais + os complementos.
Rotacionar periodicamente os ingredientes da dieta amplia tremendamente a gama de diferentes nutrientes ingeridos e evita que o pet enjoe da comida. Veja a seguir um modelo de cardápio para cães adultos baseado no exemplo de um cão da raça Cocker Spaniel Inglês, de 4 anos, de atividade física moderada e que pesa 15kg, estando no seu peso ideal.
Quantidade de AN a servir diariamente: 4% do peso ideal dele. Logo, 4% de 15kg = 600 gramas, que serão divididas em duas refeições de 300g cada.
Opção 1
⦁ (50%) 300g de pescoço de frango sem pele com cabeça (sem bico)
⦁ (15%) 90g de língua bovina
⦁ (10%) 60g de fígado bovino
⦁ (25%) 50g de vagem macarrão + 50g de cenoura + 50g de batata-doce cozida (150g de vegetais no total)
Total: 600g de AN crua com ossos + os complementos obrigatórios:
⦁ 1 colher de chá de azeite de oliva extravirgem
⦁ 1 pitadinha de sal (adicionada no cozimento ou trituração dos vegetais)
+ os complementos opcionais:
⦁ 1 ½ colher de sobremesa de iogurte natural ou kefir ou coalhada
⦁ 1 colher de chá de levedo de cerveja em pó
⦁ ¼ de um dente de alho fresco picadinho
⦁ 1 cápsula de 1g de óleo de peixe (ômegas-3) (sugestão: 3x por semana)
Opção 2
⦁ (50%) 300g de dorso de frango cortado em 4 partes, sem gordura e sem o rabinho da ave
⦁ (15%) 90g de moela de frango
⦁ (10%) 30g de cérebro + 30g de baço bovino
⦁ (25%) 75g de beterraba + 75g de couve manteiga picadinha (150g de vegetais no total) Total: 600g de AN crua com ossos
+ os complementos obrigatórios:
⦁ 1 colher de chá de óleo de linhaça
⦁ 1 pitadinha de sal (adicionada no cozimento ou trituração dos vegetais)
+ os complementos opcionais:
⦁ 1 ½ colher de sobremesa de iogurte natural ou kefir ou coalhada
⦁ 1 colher de chá de levedo de cerveja em pó
⦁ ¼ de um dente de alho fresco picadinho
⦁ 1 cápsula de 1g de óleo de peixe (ômegas-3) (sugestão: 3x por semana)
Opção 3
⦁ (50%) 300g de sardinha completa cortada ou servida inteira
⦁ (15%) 90g de coração de boi
⦁ (10%) 60g de rim bovino
⦁ (25%) 60g de brócolis + 60g de abobrinha + 30g de maçã (150g de vegetais no total) Total: 600g de AN crua com ossos
+ os complementos obrigatórios:
⦁ 1 colher de chá de azeite de oliva extravirgem
⦁ 1 pitadinha de sal (adicionada no cozimento ou trituração dos vegetais)
+ os complementos opcionais:
⦁ 1 ½ colher de sobremesa de iogurte natural ou kefir ou coalhada
⦁ 1 colher de chá de levedo de cerveja em pó
⦁ ¼ de um dente de alho fresco picadinho
⦁ Ao servir peixes ricos em ômegas-3, como a sardinha, a cavalinha e o atum, não adicione cápsulas de ômegas-3 à parte. Não precisa.
Opção 4
⦁ (50%) 300g de carcaça de codorna ou ossos carnudos crus de pato
⦁ (15%) 1 ovo de galinha cozido (50g) + 40g de lombo suíno
⦁ (10%) 60g de fígado bovino
⦁ (25%) 50g de quiabo + 50g de abóbora + 50g de chuchú (150g de vegetais no total) Total: 600g de AN crua com ossos
+ os complementos obrigatórios:
⦁ 1 colher de chá de óleo de coco
⦁ 1 pitadinha de sal (adicionada no cozimento ou trituração dos vegetais)
+ os complementos opcionais:
⦁ 1 ½ colher de sobremesa de iogurte natural ou kefir ou coalhada
⦁ 1 colher de chá de levedo de cerveja em pó
⦁ ¼ de um dente de alho fresco picadinho
⦁ 1 cápsula de 1g de óleo de peixe (ômegas-3) (sugestão: 3x por semana)
A fórmula básica seria: 1 tipo de osso carnudo + 1 tipo de carne + 1 tipo de víscera + 2 vegetais + os complementos. Mas se preferir, combine um número maior de vegetais, carnes, ossos e vísceras diferentes por receita.
O importante é respeitar o peso determinado para cada categoria de alimentos. Por exemplo: nos 150g da porção de vegetais do modelo acima, você pode incluir 30g de cinco vegetais diferentes. Nos 90g de carnes desossadas cruas, poderia associar três carnes de 30g cada. E poderia fazer o mesmo com a porção de ossos e de vísceras.
Sirva uma combinação diferente por semana, ou a cada três dias ou mesmo diariamente. Alguns tutores preparam e congelam três receitas distintas e todo dia descongelam e servem uma diferente. Veja o que funciona melhor para você.
O importante é não passar muito tempo (mais de uma semana) servindo uma única “receita”. O balanceamento e o sucesso da AN dependem de variação periódica da composição.
O que você vai precisar para dar início à AN?
Anote aí o que você precisa providenciar antes de começar:
⦁ Facas grandes e afiadas (pelo menos uma para carnes e ossos e uma para cortar legumes).
⦁ Panela de vapor, também conhecida como cuscuzeira ou vaporeira, de preferência de inox. Você pode cozinhar de outras formas, que abordarei no parágrafo sobre preparo, mas o vapor é um tratamento gentil que acarreta menor perda de nutrientes. Ou liquidificador, processador ou mixer, se optar por servir os vegetais crus e triturados.
⦁ Tábuas de cortar (uma para carnes e uma para vegetais).
⦁ Saquinhos para freezer, de preferência com fecho ziploc, ou potinhos reutilizáveis tipo tupperware
⦁ Balança de cozinha, preferencialmente digital para pesar com precisão os ingredientes das receitas. Dica: no site Mercado Livre você encontra balanças digitais pelos melhores preços.
⦁ Espaço no freezer ou congelador.
Check-up geral de saúde
Seu peludo pode parecer estar perfeitamente saudável e na verdade estar apresentando algum problema de saúde que ainda não manifestou sintomas. A verdade é que sem um check-up geral periódico não há como saber a quantas anda a saúde do nosso pet. Daí a importância de solicitar alguns exames antes de trocar a dieta do seu cão.
Para filhotes que aparentam estar saudáveis (vermifugados e vacinados, sem diarreia ou vômitos, bem nutridos, fortinhos, com pelagem bonita) é possível pular essa etapa. Para cães adultos recomendo uma visita ao veterinário clínico-geral para um exame físico – peça inclusive para ele abrir a boca do peludo e examinar dentes e gengivas – e análises complementares:
⦁ Hemograma: verifica sinais de anemia e infecção
⦁ Dosagem de ureia e creatinina: avalia a função renal
⦁ Enzimas hepáticas: avaliam a função do fígado
⦁ Urinálise (Urina tipo I): verifica pH, densidade da urina e presença de cristais.e infecção
⦁ Coproparasitológico: é o exame de fezes que investiga a presença de vermes. Para obter resultados mais confiáveis leve três amostras, cada uma colhida em um dia (por exemplo: um cocô de segunda-feira, um cocô da quarta-feira e um da segunda-feira seguinte.)
Para cães de meia idade e idosos, sugiro solicitar os exames acima e mais alguns:
⦁ Ultrassonografia abdominal: mostra o aspecto de órgãos como rins, fígado, pâncreas, bexiga, glândulas adrenais, estômago e intestino, além de verificar a presença de nódulos e cálculos.
⦁ Glicemia em jejum: para detectar diabetes
⦁ Aferição de pressão arterial: há muitos hipertensos assintomáticos por aí
⦁ Triglicérides: alterações aqui podem indicar doenças endócrinas
⦁ Colesterol total e frações: idem acima
⦁ Ecodopplercardiograma: para detecção precoce de alterações no coração Periodicamente, a cada seis meses ou pelo menos uma vez por ano, leve seu amigão ao veterinário para uma avaliação completa.